Família Mancini

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- Sr. Mancini, posso manda-lo entrar? - Bonassera pergunta cautelosamente. Não por temer ao Federico, mas por respeito. Todos dentro daquela gigantesca mansão o respeitava como um senhor, pai, padrinho.

Não era por pouco, ele também devolvia o respeito e os tratavam como parte da família. Obviamente não dava a vida a eles, como fazia com Francesca, sua irmã mais nova, contudo não os jogavam aos cachorros e nesse ramo já era uma grande coisa.

Ele termina de abotoar a manga do seu paletó, mesmo beirando os seus trinta anos a sua autoridade o deixava mais velho. Sentou-se com uma postura invejável e com um movimento permitiu que Bonassera permitisse a entrada do convidado.

Enquanto seu segurança o chamava, observou o anel em seu dedinho, o ouro reluzia junto com o brasão da família Mancini. Olha-lo era como voltar há treze anos atrás e se lembrar do dia em que seu pai e sua mãe foram mortos em um atentado, e o garoto de quinze, queria viajar pelo mundo e sonhava com a liberdade, foi obrigado a lidar com os problemas da família e cuidar do legado, e de uma menina de sete anos. Foi tudo tão rápido que nem se deu o direito se sentir o luto pelos pais, e isso fez com que nesses anos se tornasse alguém que jamais reconheceriam. A vida lhe ensinou uma lição muito dura, da forma mais difícil possível.

- Sr. Mancini, obrigado por me receber. Fico muito grato. - Um senhor agradece genuinamente enquanto se aproxima. Atrás dele, dois homens entram e param próximo a porta.

- Bem-vindo, Pablo. O que posso fazer por você? - Cruza os dedos na altura do tórax enquanto observa o senhor se acomodar na cadeira.

- Posso? - Pergunta educadamente e Federico indica a cadeira com as mãos ainda cruzadas.

- Ora, quanto tempo não visito vocês... Fiquei surpreso quando permitiram.

- Você era um grande amigo do meu pai, não haveria motivos para não recebê-lo.

- E Francesca, onde está? - Questiona sentindo-se mais a vontade.

Seria uma pergunta comum, mas não para Federico que priorizava a segurança da irmã mais do que a sua.

- No que posso ajuda-lo, Pablo? - Coçou a garganta e descruzou as mãos, inclinando-se suavemente na mesa.

- Bom, sabe... as coisas não andam tão boas, digo... Perdi um dinheiro, bom, foi um dinheiro que não soube investir e sabe, as notícias correm, me disseram que você poderia me ajudar com um empréstimo.

Federico o analisa, observa as rugas e a forma como os seus olhos tem a pupila dilatada, os dentes rangendo e a inquietude nas pernas. Mancini não costumava perguntar e muito menos saber o destino que o seu empréstimo teria, não era da sua conta, a única coisa que obrigava era que seu dinheiro fosse devolvido com juros altíssimos.

- Qual seria a minha garantia? - Encostou-se ainda analisando o outro.

- Garan-Garantia? Bom, eu lhe pagaria corretamente e...

- Garantia, Pablo. - Repetiu. - Você me compreende, certo? Preciso de uma garantia do seu pagamento.

- Bom, é que... como é um valor baixo. - Federico levantou-se calmamente. - Imaginei que por conhecer o seu pai, ora, temos um histórico e...

Parou de falar quando o mais novo parou na sua frente, ofereceu a mão para que ele se levantasse. Assim que estavam frente a frente, Federico o encarou no fundo dos olhos.

- Pablo, meu amigo, realmente não me interessa como esse dinheiro será gasto, se é com a sua cocaína ou com os jogos que fez você perder toda a sua fortuna, contudo, também não é do meu interesse os negócios que você tinha com o meu pai. Você sabe das regras, eu sou um homem de favores, não um homem burro. Então diga-me, qual será a minha garantia e deixe-me ajuda-lo logo.

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