Amy estava deitada na cama, o corpo ainda tremendo de dor e a mente pesando com as memórias da noite anterior. O quarto estava silencioso, exceto pelo som ocasional dos carros passando lá fora e o ocasional rangido do piso de madeira. A luz da manhã filtrava-se pelas cortinas, criando um padrão suave e quase etéreo no chão. Ela havia acordado cedo, mas não conseguia sentir fome; a dor nos lugares onde fora atacada estava ofuscando qualquer outro sentimento.
Na sua mente, o eco das palavras e ações da noite anterior ainda ressoava, como um disco quebrado. Lembrou-se da boate, dos insultos, das ameaças e das agressões que sofrera. Bellini, o proprietário da boate, não aceitava seu desejo de não subir aos palcos e o fato de que ela não atraía os clientes. Ela sabia que outras garotas estavam dispostas a fazer exatamente o que ele queria, e a rejeição de Amy apenas a colocava na linha de frente das críticas e hostilidades.
O pensamento das outras garotas, suas reações e a forma como Shay se destacava entre elas, como uma figura venenosa em meio a um grupo já carregado de amargura, fazia seu peito apertar. Shay, com seu olhar de desprezo e superioridade, havia sido a mais cruel. A lembrança do modo como a tratou a fez sentir uma nova onda de frustração.
Amy ainda podia visualizar o momento em que entrou no quarto das garotas. A porta se abriu com um ranger, e um dos seguranças de Bellini a empurrou para dentro do ambiente, que era amplo e mal iluminado. O quarto estava cheio de camas simples e guarda-roupas improvisados, o refúgio de todas as meninas que trabalhavam para o Bellini.
Shay estava lá, cercada por algumas das outras garotas, o cigarro queimando entre seus dedos com um ar de superioridade. Ela se aproximou de Amy, seus olhos brilhando com um misto de inveja e malícia.
— Soube que você foi para a casa do Mancini. Como conseguiu que aquele gostoso a levasse para casa? — Shay disse, a voz carregada de sarcasmo.
Amy tentou passar por ela, mas as outras garotas formaram um bloqueio, impedindo sua saída. Blue, uma das garotas mais indiferentes do grupo, virou os olhos e comentou com desdém:
— Deixe a garota em paz, Shay.
Mas Shay não se deixou abalar e, com um sorriso de desdém, continuou a falar sobre Federico Mancini. Ela descreveu os músculos dele, as tatuagens, e o modo como ele se movia. Cada palavra parecia uma facada no orgulho de Amy, uma constante lembrança de que Federico era um objeto de desejo para todas as garotas ao seu redor.
— E aqueles tapas... hum.. — ela revira os olhos com a lembrança.
— Se você está com tanta saudade dele, talvez devesse falar diretamente para ele — Amy disse, tentando manter a calma.
Shay deu uma risada irônica.
— Quem dera se ele ainda aparecesse por aqui, deixou apenas o rastro do sabor delicioso que fica na boca quando ele se satisfaz.
As risadinhas e os murmúrios de aprovação das outras garotas foram o suficiente para fazer Amy perceber que Federico provavelmente já tinha passado por todas ali. A sensação de traição e indignação cresceu dentro dela, misturada com uma ponta de vergonha.
Amy voltou a olhar para Shay com um olhar de indiferença e questionou:
— O que está realmente incomodando você, já que não me deixa passar?
— Como conseguiu, hum? Como conseguiu ir para a mansão Mancini?
— A irmã dele me levou.
Nesse instante, a porta do quarto se abriu abruptamente e Bellini entrou, sua presença imponente preenchendo o espaço. Ele começou a empurrar as garotas de volta para suas camas com brutalidade, como se fosse uma cena de um pesadelo.
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Família Mancini
RomanceFederico Mancini, chefe de uma respeitada família da máfia italiana, vive em constante vigilância para proteger sua irmã, Francesca. Quando Amy Miller é oferecida como moeda de troca, ele recusa, mas o destino os reencontra, obrigando-o a levá-la pa...