Federico colocou as duas mãos na cabeça, sem acreditar no que escutara de Vicenzo. As palavras ecoavam em sua mente, um turbilhão de confusão. Ele se lembrava de Francesca, a familiaridade em seu olhar, o jeito dela que evocava Beatrice. Não era possível que não fosse ela.
— Se Francesca se parece com Beatrice, como não pode ser filha dela? — disse Federico, sua voz um misto de incredulidade e desespero.
Vicenzo respirou fundo, deixando o amigo desabafar sem interrupções. Federico precisava desse espaço para expor suas emoções. Ele se virou para Vicenzo, a frustração estampada no rosto, e continuou:
— Eu me lembro da Beatrice grávida.
Vicenzo balançou a cabeça, as mãos enfiadas nos bolsos da calça jeans, mantendo um olhar calmo. Ele já sabia disso há anos.
— Mas você tem certeza de que Beatrice estava grávida? Ou é algo que colocaram na sua cabeça? Tem alguma foto?
Federico sentiu sua cabeça girar, como se fosse explodir a qualquer momento. Aproximou-se de Vicenzo, ainda em choque.
— Como isso aconteceu?
Vicenzo começou a explicar, com a serenidade de quem já havia enfrentado essa verdade dolorosa.
— A mãe da Francesca era um antigo amor de Enrico. Não era da máfia; era uma garçonete num bar frequentado por eles. Ela conheceu muitos mafiosos, e Enrico foi um deles. O caso deles foi breve, mas intenso. Quando Beatrice descobriu, afastou os dois. Foi quando ela começou a beber e a tomar remédios. Um dia, a mãe da Francesca precisou testemunhar contra a máfia. A polícia a pressionou, e, prestes a dar à luz, procurou Enrico. Ele aceitou cuidar da criança, mesmo sabendo que não era sua. Ele a amava, e sabia que Francesca estaria mais segura com ele, afinal, quem mais poderia proteger a bebê além de um Mancini? O legado de vocês transcende gerações.
Federico escutou atentamente, a mente ainda tentando organizar as informações. Quando Francesca chegou, ele já tinha sete ou oito anos, deveria se lembrar do que acontecia na mansão.
— Será que meus pais me convenceram tão profundamente de que elas se pareciam, que eu realmente acreditei nisso? Eu pensei em você...— murmurou.
— Você achou que eu fosse o filho? — Vicenzo questionou incrédulo.
— Eu pensei que poderia ser — respondeu Federico, a frustração se misturando com a dor. Vicenzo negou com a cabeça.
— Beatrice nunca gostou de mim, porque eu não sou um Mancini. Ela não gostava de ninguém sem sangue azul.
Federico concordou, mesmo que não visse o mundo da mesma forma que a mãe. Beatrice era obcecada por essa ideia de pureza sanguínea. Olhou para o lado, lembrando-se de Francesca com Amy, conversando com o bebê na barriga. Um bebê que não tinha vestígios do sangue dela, e que Francesca nem imaginava.
Vicenzo colocou a mão no ombro de Federico, uma tentativa de conforto.
— Vai ficar tudo bem — ele disse.
— Não importa o que aconteça — Federico respondeu, firme. — Francesca é minha irmã. O sangue não muda isso. E eu vou contar a ela quando encontrar o momento certo.
Vicenzo acenou, apoiando a decisão do amigo.
— Mas para a segurança do bebê, nunca poderíamos deixar que soubessem que Francesca não é uma Mancini geneticamente.
— Por que o bebê estaria envolvido? — Vicenzo perguntou, perplexo.
— Porque se eles querem aniquilar os Mancini, começariam pelo meu filho — Federico explicou, a gravidade de suas palavras pesando no ar. — Além de mim, ele é o único Mancini legítimo.
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Família Mancini
रोमांसFederico Mancini, chefe de uma respeitada família da máfia italiana, vive em constante vigilância para proteger sua irmã, Francesca. Quando Amy Miller é oferecida como moeda de troca, ele recusa, mas o destino os reencontra, obrigando-o a levá-la pa...