Sangue Mancini

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Federico havia estacionado o carro em um morro que proporcionava uma vista deslumbrante da cidade naquele entardecer. Prédios e casas pareciam pequenos de onde ele estava. A fumaça saía de sua boca após tragar o cigarro, e ele conferiu o relógio: faltavam três minutos para Vicenzo chegar.

Seu celular vibrou com uma mensagem de Amy. Ele abriu rapidamente e leu: Por que o Bonassera chegou com caixas de sorvete? Está tentando me sabotar?

Federico sorriu, imaginando a ironia de Amy. Ele havia pedido a Bonassera que comprasse sorvetes de todos os sabores, já que Amy estava com uma vontade imensa de comer.

Antes que pudesse responder, ouviu o barulho do motor de outro carro se aproximando. Ele guardou o celular e deu uma última tragada no cigarro.

Vicenzo se aproximou e comentou:

— Você não jogaria meu carro daqui, não é?

Federico deu de ombros e observou o amigo encostar ao seu lado no capô.

— Pensei algumas vezes em realmente arremessar o carro — respondeu Federico, com um leve sorriso.

Vicenzo estava cabisbaixo, sua expressão cansada, refletindo os três dias aparentemente difíceis que enfrentou. Ele começou, sem rodeios, explicando que não voltou antes para poupar Federico do desconforto de mandá-lo embora.

Federico sorriu, guardando as mãos nos bolsos enquanto olhava para o horizonte.

— O que te faz acreditar que isso seria um desconforto?

Vicenzo sorriu, aliviado por ouvir a descontração do amigo. Para ele, Federico era mais que um amigo; a família Mancini era a sua família. Durante dias, ele havia imaginado ter perdido isso, e agora estava ali, ao lado de Federico, o que trazia um grande alívio.

Os dois permaneceram em silêncio por alguns segundos.

Federico quebrou o silêncio:

— Ela sente a sua falta.

Vicenzo sentiu seu peito apertar. Seu coração batia tão forte que parecia prestes a errar a batida. Ele também sentia falta dela, mas não diria isso a Federico. Permaneceu em silêncio, esperando o que o amigo diria a seguir.

— Você é o meu melhor amigo; ela é uma das pessoas mais importantes da minha vida — continuou Federico.

Vicenzo sorriu e perguntou

— Uma das?

Federico suspirou, satisfeito. Afinal, seu filho já era uma pessoa importante para ele, mesmo que ainda não conseguisse se aproximar. Amy também era importante. Ele percebeu que não apenas pertencia a uma família; aquela família também pertencia a ele. Dependia dele.

Vicenzo declarou que queria voltar, mas não sem estar com Francesca. Por mais que isso irritasse Federico, ele não poderia prometer que se afastaria.

— Não vou viver sob o mesmo teto e não desistirei dela — disse Vicenzo, decidido.

Federico acenou com a cabeça, concordando

— Me surpreenderia se você não lutasse por ela.

Ele se virou para o amigo, que o encarou.

— Mesmo se vocês ficarem juntos, nunca deixe de lutar por ela.

Vicenzo negou com a cabeça, apressado

— Nunca, irmão.

Federico concordou com um gesto e suspirou mais uma vez. Vicenzo franziu o cenho e perguntou o que Federico estava pensando.

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