Vínculos Quebrados

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Vicenzo despertou com o coração acelerado, o eco de um grito ressoando em sua mente. Levou um momento para perceber onde estava. Deitado na cama de Francesca, suas memórias voltaram, um turbilhão de risos e conversas, os dois adormecendo juntos. O simples ato de compartilhar aquele espaço agora parecia perigoso.

Francesca estava sentada ao seu lado, os olhos arregalados, preocupados.

— Você ouviu um grito?

Ele tentou afastar a confusão que o cercava.

— Acho que sim. Parece o Federico.

Levantou-se, sentindo a necessidade de verificar o que estava acontecendo, mas a imagem do amigo o deteve. Se ele saísse daquele quarto, estaria colocando tudo a perder. Mesmo assim, a inquietação o impulsionou a se mover em direção à porta.

— Vicenzo, o que está acontecendo? — Francesca perguntou, a voz baixa, mas firme.

— Silêncio, — ele fez um gesto, concentrando-se na escuridão do corredor. Era necessário ouvir, entender.

Quando finalmente o silêncio reinou, uma conversa começou a tomar forma. Ele ouviu a voz de Federico, carregada de uma tensão alarmante, instruindo Bonassera a levar Amy ao porão. A revelação o fez arregalar os olhos.

— Francesca, — ele murmurou, — Federico mandou Bonassera levar Amy ao porão.

A incredulidade tomou conta do rosto dela.

— Isso é impossível! O porão é para traidores, para tortura!

Vicenzo permaneceu em silêncio, encarando-a, absorvendo a gravidade da situação. Eles estavam tão concentrados na segurança de Amy que uma eletricidade quase palpável preenchia o espaço entre eles. A tensão era intensa, e o desejo, inegável.

— Por que ela está indo para o porão? — Francesca tentou manter a naturalidade, mas sua voz traía a preocupação.

— Talvez Federico tenha descoberto algo, — Vicenzo disse, tentando se recompor.

— Descoberto o quê? — A insistência dela aumentou.

— Não sei, — ele respondeu, — porque em vez de estar com Bonassera, eu estava aqui, dormindo ao seu lado.

— Isso não é culpa minha, — ela retrucou. — Eu não te obriguei.

— Obviamente não, eu estava aqui porque quis. Mas isso não quer dizer que deveria estar.

— Então saia, vá atrás do Bonassera. É o certo a se fazer.

— Por que você está tão irritada? — Vicenzo perguntou, confundido.

— Porque toda vez que estamos perto, você encontra um jeito de fugir, — ela disse, o olhar penetrante.

— Isso não seria o certo a se fazer?

— Amy pode estar no porão. Se você não vai me beijar, a porta está destrancada, — Francesca disparou, desafiadora.

Vicenzo sorriu, sentindo a adrenalina correr.

— Um beijo está acima da segurança de Amy?

— Até Federico acordar, ela está em segurança. E eu vou garantir que continue assim.

A determinação dela o deixou sem palavras. Ele sabia que momentos assim eram raros e preciosos. Ele estava no quarto dela, e isso era um milagre em si. Afinal, era o quarto mais vigiado da mansão, não teria outra oportunidade de estar na silenciosa madrugada no mesmo cômodo que Francesca.

— Dane-se, — murmurou, e segurou o rosto de Francesca com firmeza, inclinando-se para ela, capturando seus lábios com uma paixão urgente. O beijo era como uma oração, uma súplica silenciosa. Francesca retribuiu, a pressão contra a parede trazendo uma intensidade indescritível.

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