Moeda de troca

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- Ah, Sr. Macini, o que seria de mim sem o senhor? - Bianchi segura a mão do Federico com as duas mãos em um gesto de agradecimento.

- Provavelmente fracassaria. - Respondeu naturalmente. 

Federico aprendeu com o passar dos anos que não poderia mais ser aquele. Aquele que sorria e tinha compaixão, que abaixava a guarda deixando as pessoas acessarem pontos do seu interior que depois pudessem usar contra ele. Aprendeu a se blindar de qualquer sentimento, e não acreditar em nenhum homem. Afinal, foram homens que mataram os seus pais. Ele não confiava em ninguém a não ser em Francesca e Vicenzo. 

Por isso sempre fez muita questão de se mostrar superior a todos que fossem fazer negócio, demonstrava confiança e sabedoria, acima de tudo, intimidava a todos. 

- Sim, com certeza. - Concordou prontamente. 

- Agora se me da licença, Bianchi, tenho horário para outra pessoa. Fico feliz em ajuda-lo, e por poder contar com você. Em breve nós entramos em contato.

- É uma honra, Sr. Mancini. A hora que precisar a minha família estará a disposição.

A família Bianchi também era poderosa, contudo, ninguém era tão poderoso quanto os Mancini. Eles estavam acima do bem e do mal.

Bianchi se retira com dois seguranças que o acompanham. 

Vicenzo levanta do sofá  e caminha na direção do amigo, que acaba de puxar o seu cigarro do bolso.

- Dia cheio, hum? - Aperta o isqueiro para que Federico acenda. 

- Hum. - Resmunga dando o primeiro trago. - Preciso deixar a família segura. 

- Não se preocupe tanto. - Guarda o isqueiro e cruza os braços - Estamos bem. Você precisa descansar um pouco.

- Descansar? - Solta a fumaça e sorri irônico - Quem descansa, Vicenzo? Meu pai me deu esse fardo que é carregar os malditos negócios dele, aqueles dos quais eu nunca fiz questão de viver ou cuidar. É como uma maldição, ele deve estar rindo no túmulo.

- Não acho que ele gostaria que você tivesse essa vida. - Da os ombros.

- Ah, gostaria sim. - Garantiu. - Francesca já retornou?

- Sim. Chegou há poucos minutos. O reitor reclamou dos seguranças na faculdade, falou que não tem necessidade, já que todos da universidade são ricos.

- Amanhã farei uma visita a ele.

- Não se exceda.

- Eu nunca faço isso.

- Realmente não. Mas quando se trata da Francesca... - Levanta a sobrancelha, coberto de razão.

- Você a ama, certo? - Pergunta de repente, pegando Vicenzo desprevenido.

- Federico...

- Diga. - Ordena e em seguida da um trago longo.

Vicenzo poderia mentir. Poderia facilmente esconder os seus sentimentos para Federico também, contudo, mentira é uma traição. E se há uma coisa que Vicenzo jamais faria com seu melhor amigo era traí-lo. 

- Eu a amo. - Responde com segurança e descruzou os braços.

- Ela sabe? - Apaga o cigarro no cinzeiro.

- Não.

- Eu não permito. - Avisa sério - Não permito que ela saiba, muito menos que vocês se relacionem. Não permito qualquer coisa além da amizade e compromisso que você tem com ela. Você é o guarda-costas da Francesca porque eu confio em você a minha vida. 

Família ManciniOnde histórias criam vida. Descubra agora