A Crença e a Dúvida

20 3 0
                                    


Amy despertou aos poucos, o cheiro do travesseiro fazendo seu coração aquecer. Ao abrir os olhos lentamente, reconheceu o quarto de Federico. Pela primeira vez, haviam dormido abraçados, após o que houve na cozinha.

Ela moveu os olhos e notou que Federico estava deitado mais para baixo, próximo à sua barriga. Tentou manter a respiração compassada, para que ele não percebesse que estava acordada.

Ele levantou a mão, chegando perto da barriga, mas logo recuou, fazendo isso mais duas vezes antes de soltar um suspiro frustrado.

Amy se perguntava por que ele hesitava. Na noite anterior, todas as partes do seu corpo haviam sido tocadas por ele. Por que agora ele não conseguia dar aquele passo?

Federico se levantou abruptamente, e Amy fechou os olhos, só abrindo-os novamente ao ouvir o barulho do chuveiro. Acariciou a barriga, dizendo:

— Seu papai é complicado.

Teve um estalo de surpresa ao perceber que era a primeira vez que falava com a barriga. A primeira vez que se referia a Federico como — papai — ao bebê. A primeira vez que amanhecia ao lado do pai, como se tudo fosse normal.

Um sorriso se formou em seu rosto, e seus olhos se encheram de lágrimas. Uma onda de felicidade e gratidão inundou seu coração; havia um bebê ali, e isso significava o mundo para ela.

Federico saiu do banho com uma toalha na cintura, notando que Amy estava mexendo na barriga enquanto conversava com o bebê. Ela virou-se para ele e sorriu.

Federico retribuiu o sorriso e entrou no closet, saindo em seguida com uma calça social enquanto começava a vestir a camisa.

— Você está bem? O enjoo passou? — ele perguntou.

— Sim, está tudo bem — Amy respondeu.

Federico então indagou se ela precisava de algo, que iria até o Bellini e voltaria tarde.

— Você vai à boate? — Amy perguntou.

Ele acenou que sim e ela voltou a olhar para a barriga, ignorando-o. Federico terminou de abotoar a camisa e continuou olhando para Amy, confuso.

— O que foi? — ele questionou.

— Nada — Amy disse, tentando desviar o olhar.

Federico agarrou sua cintura, inconformado com a mentira.

— Desembucha, Miller.

Amy revirou os olhos com o tom autoritário dele e se levantou.

— Não sou uma das suas seguranças para receber ordens.

Ele levantou as sobrancelhas, lembrando-a de que, na noite anterior, ela não se importou em obedecer.

— Engraçado, ontem não se importou em obedecer, e você obedeceu a todas.

Amy se virou rapidamente, encarando-o com raiva. Federico deu um meio sorriso provocativo e se aproximou.

— O que houve? — ele perguntou novamente.

— Não houve nada, só não gosto da boate — Amy disse, uma mentira que a incomodava. Lembrou-se das outras garotas, todas aquelas que tinham feito com Federico o que ela fizera. Todas sabiam do gosto dele, do corpo de cor e salteado, especialmente a víbora da Shay.

Federico puxou Amy pela cintura e beijou-a na bochecha, descendo até os lábios. O toque quente e o cheiro pós-banho dele a deixaram tonta, um misto de desejo e confusão.

— Hoje vamos a um jantar na casa do Bianchi — ele informou.

Amy franziu o cenho. Ninguém nunca acompanhava a esses lugares com Federico. Ele percebeu a dúvida no olhar dela e explicou que as famílias iriam, como se fosse um baile, e que Francesca ajudaria a comprar as coisas.

Família ManciniOnde histórias criam vida. Descubra agora