- Tire essa porcaria de mim. - Amy se desfaz do meu paletó antes que descêssemos o primeiro degrau.
- Qual é a porra do seu problema, garota? - Questiono irritado e quase consigo imaginar porque Bellini queria avançar nela.
- O meu problema? Qual é o seu problema. - Apontou aquele pequeno dedo no meu tórax.
- Tico? - Ouço Francesca. - O que está acontecendo?
As duas se olham e posso ver na troca de olhares o quanto elas parecem se entender, o quanto os olhos ameaçadores daquela diaba histérica se acalmam. Talvez seja isso, ela não confia em homens. Já nem sei mais porque estou ajudando-a, presumo que Francesca conseguiu me persuadir.
- Ele está tentando ajuda-la. - Vicenzo adivinha e Amy volta a me olhar.
- Mas ela não quer ajuda, já está bem sozinha. - Puxo meu paletó da sua mão com força e Francesca coloca a mão no tecido. Subo os olhos até os da minha irmã, aqueles brilhantes olhos que herdamos da nossa mãe.
- Ela quer, sim. - Retira o paletó da minha mão com delicadeza e estende o braço até a garota. - Não quer, Amy?
- É bom ela querer, Bellini está voltando. - Vicenzo avisa e ela pega o paletó rapidamente cobrindo o seu corpo com pressa.
Indico a escada e começamos a andar rápido para a saída daquele lugar. Bonassera abre a porta para que pudéssemos passar e deixo com que ela e Francesca passem primeiro.
- O que está fazendo? - Vicenzo pergunta baixo ao meu lado enquanto as duas caminham na nossa frente.
- Não me faça perguntas difíceis agora, irmão, se não vou precisar fazer perguntas difíceis pra você também.
*
O caminho até a mansão foi silencioso. Francesca e Amy sentavam perto uma da outra, contudo não trocavam uma palavra.
Eu não sei porque fiz isso..
Me questionei o caminho inteiro o motivo de estar levando uma completa desconhecida para a minha casa. De ter parado naquela escada e me intrometido nos negócios de outra família, depois de que Vicenzo acertou um magnifico soco na cara do Izzo. Em uma noite eu fiz mais besteiras do que todos esses anos no ramo.
O pior de tudo é que não somos como os americanos, somos a porra da máfia italiana e se tem uma coisa que preservamos é a ordem. Bom, nitidamente essa noite não teve nada de ordem.
- Vicenzo. - Francesca chama assim que descemos do carro. - Podemos conversar?
Me impressiona ela chama-lo de Vicenzo, é como se ela me chamasse de Federico, isso só acontece quando as coisas não estão boas.
Meu amigo nega com a cabeça e anda na nossa frente. Os ombros dela caem e profunda frustação. Sinto o frio na espinha por imaginar que talvez Vicenzo não consiga ficar conosco, que o seu sentimento seja forte o suficiente para que ele não consiga mais trabalhar com a cabeça no lugar, isso de certo me deixa um pouco irritado.
*
Observo o teto do meu quarto em uma insônia absurda, confiro o horário no meu celular e vejo que já são quatro horas da manhã e eu mal consegui pregar os olhos. Meus pensamentos estão rápidos e o fato de ter uma nova inquilina nessa casa me trás preocupação.
Deixe-a no quarto de hóspedes e que Francesca lidasse com ela, Bonassera me avisou que a garota se banhou e usou roupas da minha irmã para adormecer, isso tudo sem dizer uma palavra. Precisaria falar com o Bellini pela manhã, e decidir o que vou fazer em relação a ela.
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Família Mancini
RomanceFederico Mancini, chefe de uma respeitada família da máfia italiana, vive em constante vigilância para proteger sua irmã, Francesca. Quando Amy Miller é oferecida como moeda de troca, ele recusa, mas o destino os reencontra, obrigando-o a levá-la pa...