Federico estava imerso no silêncio da madrugada quando um som estranho o acordou. Em segundos, o descanso se dissipou e, com um impulso irritado, ele se ergueu da cama. O cômodo estava envolto na penumbra, e a luz fraca que vinha da rua esgueirava-se pelas cortinas, lançando sombras inquietantes. Com um olhar feroz, Federico observou o homem que estava à sua frente: Bonassera, o segurança, que parecia mais encolhido do que o habitual.
— Federico — Bonassera começou, sua voz tremendo ligeiramente. — Sinto muito por acordá-lo assim, mas... temos uma situação.
Federico franziu a testa. A expressão de Bonassera indicava que algo sério estava acontecendo, e ele não era conhecido por exagerar. O relógio na mesinha de cabeceira marcava pouco antes das quatro da manhã, e Federico não conseguia entender a razão de uma visita a essa hora.
— Que porcaria está acontecendo? — resmungou Federico, sua voz carregada de irritação. Ele tinha a certeza de que qualquer coisa que o fizesse sair do conforto da cama em plena madrugada não era algo trivial.
Bonassera engoliu em seco, hesitando antes de responder.
— É aquela garota, a Amy. Ela parece estar machucada, e a Francesca ligou avisando que ela estava a caminho, e bom, ela chegou.
Federico imediatamente se levantou da cama. Mesmo com a calça de pijama, seu corpo musculoso e tatuado contrastava com o que geralmente exibia sob os ternos impecáveis. O instinto de proteção e a raiva misturaram-se dentro dele, tornando cada movimento mais rápido e decidido.
Ao descer para o andar de baixo, a visão de Amy o atingiu como um soco no estômago. Ela estava encolhida no sofá, com o rosto completamente marcado pelos hematomas. Olhos inchados, lábios roxos, e um maxilar claramente machucado. Federico sentiu a raiva fervendo dentro dele, quase sufocante.
Amy, envergonhada e com o olhar baixo, não conseguiu levantar a cabeça para encarar Federico. A única pessoa que ela tinha para recorrer em uma emergência era Francesca, e a amiga, solidária como sempre, havia acionado Bonassera. Agora, sentia-se completamente vulnerável e exposta.
Federico se aproximou, a fúria e a compaixão se misturando em seus olhos. Ele não conseguia entender como tinha deixado Amy ir embora em sua última visita. O pensamento de que alguém pudesse ter feito isso a ela era insuportável.
— Quem fez isso? — sua voz soou mais fria do que ele pretendia, mas o ódio estava claro em cada palavra.
Amy mal conseguiu responder, sua voz era quase um sussurro entrecortado por soluços.
— Um dos seguranças do Bellini... Ele avançou em mim. Quando eu recusei, ele... me bateu.
Federico sentiu um desespero crescente. A sensação de impotência ao ver Amy naquela condição era esmagadora. Ele pediu a Bonassera e aos outros seguranças que saíssem da sala e, então, abaixou-se na frente de Amy, tomando suas pernas delicadamente entre suas mãos. Seus olhos estavam fixos nos dela, tentando transmitir alguma forma de conforto.
— O Bellini sabe que você fugiu? — perguntou, embora soubesse a resposta. Amy estremeceu e balançou a cabeça.
— Não. — Amy quase chorava. — Não aguento mais apanhar. Aceito a proposta que você fez. Por favor, me ajude.
Federico sentiu uma dor ao ver o orgulho de Amy se despedaçar diante dele. Ela estava implorando, algo que ele nunca havia imaginado ver nela. Ele tentou suavizar sua expressão, oferecendo um olhar que era ao mesmo tempo carinhoso e cheio de preocupação.
— Está tudo bem. Eu vou resolver isso. Apenas tente se acalmar.
Amy desabafou, sua voz tremendo enquanto contava sobre o ciclo interminável de desastres em sua vida, o ódio que sentia pela mãe que a trouxe ao mundo, e o quanto se sentia solitária. Ela se desculpou por aparecer de repente, mas confessou que não tinha mais ninguém.
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Família Mancini
RomanceFederico Mancini, chefe de uma respeitada família da máfia italiana, vive em constante vigilância para proteger sua irmã, Francesca. Quando Amy Miller é oferecida como moeda de troca, ele recusa, mas o destino os reencontra, obrigando-o a levá-la pa...