O sequestro

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Federico não conseguia se mover. Seu corpo estava preso em uma paralisia de terror e raiva, os músculos tensos, os olhos fixos em Bonassera, que sangrava violentamente. Vicenzo estava com ele, tentando estancar o sangue com as mãos trêmulas, gritando pela ambulância a cada segundo.

— O que aconteceu, Bonassera? Cadê ela? — Vicenzo perguntava, sua voz afogada em pânico. Ele mantinha uma pressão firme sobre o ferimento, mas o sangue ainda fluía, descontrolado.

Bonassera, com os olhos vidrados, mal conseguia responder, mas o sofrimento em seu rosto dizia mais do que palavras. Ele estava chorando. Federico nunca o tinha visto chorar. Isso era um golpe direto em seu peito.

A respiração de Federico estava pesada, um nó no estômago o impedia de pensar claramente. Ele precisava saber de Francesca. A angústia o dominava, e finalmente, ele conseguiu pronunciar as palavras que ecoavam em sua mente.

— Francesca está viva? — Sua voz saiu rouca, quebrada, como se uma lâmina afiada tivesse cortado sua garganta.

Vicenzo o encarou, os olhos arregalados, e uma sombra de pavor se instalou em seu olhar. Ele mal ousou pensar na possibilidade de Francesca morta. A ideia era insuportável. A visão de Federico o fez perceber que ele também estava à beira do abismo, mas não podia demonstrar fraqueza.

Federico, sem esperar mais, gritou novamente, sua voz tomando um tom desesperado, quase animal.

— Ela está viva?!

Vicenzo, sem conseguir esconder o medo, quase implorou, suas mãos trêmulas tentando conter o sangue que não parava de jorrar.

— Por favor, Bonassera, diga que sim! — ele suplicou, olhando para o segurança.

Federico, enfurecido e fora de si, se levantou com uma rigidez incomum. Seu ombro estava tenso, o corpo em uma postura ameaçadora. Ele se aproximou de Bonassera, que ainda tentava manter os olhos abertos, mas a dor estava quase o levando à inconsciência.

Bonassera, em um esforço tremendo, abriu os olhos e olhou diretamente para Federico, que abaixou para ficar mais próximo dele.

— Francesca... ela está viva? — Federico sussurrou, a voz embargada pela dor.

Bonassera, com uma força mínima, assentiu com a cabeça. Mesmo assim, o movimento parecia um grande esforço. Ele tentou falar, mas as palavras saíram em um murmurinho quase inaudível.

— Americanos... — A palavra foi arrastada, mas clara.

Federico estremeceu com a menção, mas antes que pudesse questionar mais, algo chamou sua atenção. Do outro lado da porta, estava Amy, sua expressão uma mistura de pavor e angústia. Ela tinha as mãos sobre a boca, como se tentasse abafar um grito, seus olhos cheios de lágrimas enquanto observava a cena. Federico a viu, e um gelo percorreu sua espinha.

Vicenzo, percebendo o movimento, gritou para um dos seguranças.

— Chama a ambulância de novo! Rapido! — A voz de Vicenzo estava carregada de urgência.

Em um movimento rápido, ele puxou o braço de um outro segurança, para controlar a hemorragia em seu lugar, mas parecia que não havia tempo.

Federico sentiu uma onda de raiva tomar conta dele, uma sensação gelada de que o tempo estava se esvaindo entre seus dedos.

Vicenzo se levantou, o olhar firme.

— Vamos encontrá-la, Federico. Eu juro, por Deus! — Ele falou, o juramento fervoroso, mas Federico não estava certo de que até mesmo Deus poderia deter o que estava por vir.

Família ManciniOnde histórias criam vida. Descubra agora