A ira de Federico

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O rugido do motor ecoava pela noite, um grito de desespero e velocidade. Vicenzo dirigia com precisão quase sobre-humana, seus olhos fixos na estrada diante dele. A luz dos faróis cortava a escuridão a cada curva, ele ajustava o volante com maestria, um piloto experiente em um momento de crise.

Com um movimento ágil, Vicenzo se inclinou até o porta-luvas sem desviar o olhar da estrada. A ação era automática, um reflexo de anos de prática. Ele puxou uma arma e a posicionou entre suas pernas, sentindo o peso familiar da metalurgia fria contra seu corpo. O acelerador foi pressionado com mais força, o carro disparando para frente com uma velocidade aterradora.

Pegou o telefone e discou rapidamente para os seguranças que estavam nos dois veículos de apoio. A voz do segurança estava carregada de tensão.

— Vicenzo, estamos ainda em posição, um pouco atrás e à frente. A visibilidade é boa, mas a estrada se estreita adiante.

— Entendido. — A resposta de Vicenzo foi breve e decisiva. — Ouviu falar da estrada abandonada?

— Sim, é uma possibilidade. — O segurança continuou, a preocupação evidente em sua voz. — Pode ser uma armadilha, mas também pode nos ajudar a despistar os perseguidores.

Vicenzo não hesitou. Desligou a chamada e virou-se para Francesca, seu rosto uma máscara de concentração.

— Federico deve conseguir abrir um acesso se a estrada estiver bloqueada. Confio que ele estará lá quando precisarmos.

Francesca, ainda sentada ao lado dele, não podia esconder a apreensão. Sua voz tremia, a insegurança clara em suas palavras.

— Não acha que isso é um risco? Federico está indo de encontro a nós. E se a estrada estiver realmente inacessível?

Vicenzo não desviou o olhar da estrada, sua confiança inabalável.

— Federico abriria uma cratera se fosse necessário. E eu confio que ele estará pronto quando chegarmos.

A estrada adiante se estreitou abruptamente, obrigando Vicenzo a reduzir a velocidade. A tensão era palpável no carro enquanto ele manobrava com habilidade para evitar um desastre. O som de estampidos de armas começou a cortar o ar, e com a calma, engatilhou a arma com um movimento fluído e preciso.

Francesca olhou para trás, o medo estampado em seu rosto. O carro de trás estava sob ataque, os seguranças disparando de volta em uma troca de tiros frenética. O barulho dos tiros e o impacto das balas no veículo blindado faziam com que ela saltasse a cada disparo. O medo era intenso, mas sua confiança em Vicenzo era o que a mantinha em pé. O carro do segurança que estavam atrás dele foi empurrado para fora da estrada, e agora apenas os perseguidores o seguiam.

— Vicenzo, isso realmente é uma boa ideia? Já perdemos um dos seguranças e estamos no meio do nada!

Vicenzo estendeu uma mão tranquilizadora para Francesca, o gesto silencioso de segurança. Seu olhar permanecia fixo, determinado, enquanto a estrada começava a se abrir novamente. Mas então, um vulto de um carro parado no meio da estrada surgiu, como uma sombra na escuridão.

Francesca virou-se com urgência.

— Aquele é o...

— Sim, é o Federico. — Vicenzo completou, sua voz carregada de firmeza. Ele freou bruscamente ao ver os três carros dos seguranças da família Mancini se aproximando.

Federico estava posicionado no meio da estrada, um espetáculo de controle e autoridade. Ele observava de longe enquanto os carros se aproximavam, sua presença quase majestosa na escuridão. Sem hesitar, desceu do carro e fechou o botão do seu paletó, um gesto de preparação e confiança.

Família ManciniOnde histórias criam vida. Descubra agora