A Vila dos Smurfs

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Federico caminhava até o carro com uma certa urgência, seu coração acelerado e a mente cheia de pensamentos tumultuados. Atrás dele, Vicenzo seguia atencioso, preparado para qualquer movimento inesperado. Ao chegar ao veículo, ele encontrou Amy já aguardando no banco de trás. Bonassera estava no volante, e Vicenzo se acomodou no assento do passageiro, observando o ambiente com cautela.

Assim que o carro começou a se movimentar, Federico sentiu uma tensão no ar. Ele percebeu que Amy estava estranha, perdida em seus pensamentos, como se estivesse longe dali. A imagem da morte de Abruzzo ainda ecoava em sua mente, e ele podia ver que isso a afetava profundamente.

— Amy, você está bem? — perguntou Federico, tentando penetrar o silêncio que a envolvia.

— Sim, estou, — ela respondeu rapidamente, mas a hesitação em sua voz era clara. Poucos segundos depois, como se tivesse tomado coragem, ela acrescentou: — Por que você não deixou Abruzzo se entregar?

Federico sentiu um frio na espinha. Era como se ela estivesse questionando não apenas a ação, mas a moralidade de tudo que havia acontecido. Ele percebeu que, a partir daquele momento, o foco do "errado" poderia recair sobre ele.

— Eu fiz o que precisava ser feito pela família, — disse ele, ponderando as palavras cuidadosamente. — Abruzzo é vingativo. Se ele tivesse vivido, teria buscado vingança.

Amy inclinou a cabeça, seu olhar penetrante fixo em Federico.

 — Mas você realmente acha que essa era a única opção? Você não poderia ter evitado isso?

A inquietação cresceu dentro dele. Por mais que se importasse com ela, Federico não aceitava que Amy interferisse em suas escolhas. Era um peso que ele havia carregado, uma decisão que tomou para protegê-la.

— A realidade da vida sempre leva a um final brutal, Amy, — disse ele, com a voz fria, cortante. — Eu não estou disposto a colocar Abruzzo em uma gaiola e ficar observando seus movimentos. Eu sei muito bem o que estou fazendo em relação à minha família.

Amy entendeu que Federico estava se incomodando com suas perguntas. Ela sentiu a frieza em sua voz e decidiu tentar se conectar. Colocou a mão sobre a dele, buscando alguma forma de quebrar a barreira.

— Estou feliz que você tenha ido até lá, — ela disse, sua voz mais suave. — Mesmo que não parecesse estar em perigo. Abruzzo me tratou bem, e por isso eu questionei.

Federico soltou uma risada irônica, uma mistura de cinismo e desdém. Retirou a mão dele com brutalidade.

— O que você é, Amy? Um cão de rua que recebe carinho e água de uma pessoa e acha que já são melhores amigos?

Ela recuou, magoada, enquanto Vicenzo virou um pouco o rosto, percebendo que a tensão entre eles estava aumentando. Amy movia a cabeça em um sinal negativo, ainda processando o que acabara de ouvir.

— Você realmente acredita que qualquer ato de afeto será suficiente para que você confie nas pessoas? — Federico perguntou, seus olhos fixos na estrada à frente.

— Não, — ela respondeu com firmeza, embora seu coração estivesse confuso.

Federico discordou, seu tom mais incisivo. 

— Não sei, Amy. Quando os Mancini ofereceram abrigo, você ficou. Agora Abruzzo também ofereceu, e você permaneceu. Qual será a próxima família da qual você irá?

Amy escutou atentamente, controlando seus sentimentos, inclusive a raiva que estava crescendo dentro dela. Vira um pouco o corpo na direção de Federico, encarando-o com intensidade.

Família ManciniOnde histórias criam vida. Descubra agora