A madrugada já havia se instalado, e o silêncio da casa era cortado apenas pelo suave tilintar do gelo no copo de Federico. Ele se encontrava em seu escritório, um refúgio que havia se tornado um abrigo temporário para sua inquietação. O paleto estava jogado na cadeira, enquanto a camisa branca, agora com alguns botões abertos, revelava uma falta de formalidade que contrastava com sua imagem habitual. O cabelo, desarrumado, indicava o estado alterado em que se encontrava, um reflexo do turbilhão que o consumia.
Federico havia reforçado a segurança da casa. Dois homens estavam de prontidão na porta do quarto de Francesca, e outros patrulhavam a propriedade. Era um esforço para garantir que nada de ruim acontecesse, mas, na verdade, sua ansiedade parecia maior que qualquer ameaça externa.
O barulho de uma batida na porta o fez levantar a cabeça. Ele olhou para o chão e viu a sombra de alguém. Imaginou que fosse um dos seguranças e, sem pensar muito, mandou a pessoa entrar.
Mas, ao abrir a porta, não era um segurança. Era Amy, vestindo uma camisola que dançava suavemente em seu corpo. O roxo de uma marca em seu rosto já começava a desaparecer, mas ele não pôde deixar de notar como ela estava bonita e sensual. Era uma visão que despertava algo intenso dentro dele.
— O que precisa? — perguntou Federico, tentando manter a voz controlada.
Amy entrou com uma confiança surpreendente. Não parecia assustada nem acanhada; sabia exatamente por que estava ali.
— Se você tiver alguma dúvida sobre a minha lealdade à família, prefiro que me diga agora. Nunca fui uma traidora e não serei agora.
Ele tomou o último gole do uísque, os olhos fixos na jovem à sua frente. O que ela dissera o fez hesitar.
— Eu desconfio de todos — ele respondeu, tentando soar a verdade que o consumia. — Não é nada pessoal com você.
— Discordo. — Amy cruzou os braços, desafiadora. — Percebo a forma como você me olha, como se eu fosse uma ameaça.
Federico, levemente alterado pela bebida, levantou-se. Internamente, achou engraçado o comentário dela. Aproximou-se, colocando as mãos nos bolsos da calça social, uma postura que, embora casual, carregava tensão.
Amy sentiu o hálito de uísque e menta quando ele começou a falar novamente.
— Não é esse tipo de ameaça que você está pensando.
Confusa, ela pôde sentir a eletricidade entre eles, um desejo ardente que não conseguia ignorar. Não estava ali para discutir sua lealdade, mas para vê-lo.
— A única ameaça que você representa para mim é despertar sentimentos que eu desconhecia — disse Federico, a voz mais baixa agora, quase um sussurro.
Amy engoliu em seco, um frio na barriga ao ouvir aquelas palavras. Ele retirou uma das mãos do bolso e acariciou uma mecha de cabelo dela, seus olhos seguindo cada movimento, até que finalmente se encontraram.
— Você está bêbado? — ela perguntou, com um misto de curiosidade e cautela.
Federico sorriu e acenou que sim.
— Não estou sóbrio, mas sempre estou consciente do que faço.
— E o que você está fazendo? — a pergunta dela saiu quase como um sussurro, cheia de expectativa.
Ele se aproximou mais, a intensidade entre eles crescendo. Com um gesto suave, segurou o rosto de Amy e beijou o canto dos lábios dela, um toque que fez seu coração disparar.
— Você tem certeza? — ela questionou, a voz tremendo.
Federico hesitou por um instante, o peso da situação ameaçando quebrar a magia do momento. Mas, ao olhar nos olhos dela, percebeu que não havia mais volta.
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Família Mancini
RomanceFederico Mancini, chefe de uma respeitada família da máfia italiana, vive em constante vigilância para proteger sua irmã, Francesca. Quando Amy Miller é oferecida como moeda de troca, ele recusa, mas o destino os reencontra, obrigando-o a levá-la pa...