Amy tentava encontrar uma posição confortável para dormir, mas a dor no estômago e a ânsia tornavam tudo insuportável. Respirar parecia um desafio, como se cada inspiração trouxesse consigo o desejo de expulsar tudo que estava dentro dela. Os enjoos, que começaram há alguns dias, pareciam ter se intensificado agora que entrara no segundo mês de gestação.
Sentada na cama, ela olhou para o teto, puxando a respiração em busca de um ritmo que não a fizesse sentir que ia vomitar a qualquer momento. Com a mão, acariciou a barriga ainda discreta, mas a dureza do seu abdômen a lembrava constantemente de sua nova realidade.
O pensamento de estar grávida a fez recordar de Ravi. Há poucos dias, Federico e seus homens haviam encontrado a moto dele, mas Ravi permanecia desaparecido. Uma sensação estranha de que ele poderia estar perto a fazia hesitar, e a presença dos Mancini parecia ser a única coisa que a protegia.
Francesca compartilhava desse alívio desde que Vicenzo voltara, mergulhando em uma rotina mágica que a afastava dos pesadelos. Mas Amy suspeitava que algo não estava certo com Federico; havia momentos em que o olhar dele a fazia sentir que ele guardava segredos.
Com a salivação aumentando, ela virou os olhos, sabendo que não havia como escapar da situação. Decidiu se levantar. A médica lhe havia dito que água gelada poderia ajudar e tinha receitado um remédio para os enjoos. Apesar da insistência de Federico para que ela levasse tudo ao quarto, Amy se sentia capaz de cuidar de si mesma.
— Estou grávida, não doente — ela dissera com raiva, embora naquele momento se sentisse exatamente assim.
Ao abrir a porta, Amy tomou cuidado para que ninguém a escutasse. Ao descer as escadas, notou um dos seguranças da casa. Ele a cumprimentou, perguntando se precisava de algo.
— Só vou tomar água — ela respondeu, passando por ele. Cada passo em direção à cozinha parecia um esforço monumental, e, quando o enjoo apertou, precisou parar e respirar fundo.
— Deixa eu adivinhar, está enjoada — disse uma voz familiar. Reconhecer a voz de Federico poderia ser um alívio, mas suas palavras sempre soavam como um desafio.
Ele apareceu ao seu lado, com uma calça de moletom preta e sem camisa. Amy prendeu a respiração. Mesmo com o enjoo, era impossível não notar o quanto ele era bonito.
— Posso te ajudar? — perguntou ele, observando-a com uma expressão de preocupação genuína.
— Estou debruçada em um balcão de bar e não é por causa de bebida, então seria claro que aceitaria ajuda — ela respondeu, sua voz um misto de ironia e necessidade.
Federico deu de ombros.
— Vindo de você, não duvidaria que pegaria uma garrafa e arremessaria em mim se quisesse ajudá-la.
— Isso é tentador — Amy comentou, deixando escapar um sorriso involuntário.
Federico riu, um som de uma leveza inesperada.
— Vem, vamos à cozinha.
Ela se sentou na banqueta da ilha enquanto ele abria o armário para pegar um copo e o remédio.
Amy observou enquanto ele enchia o copo com água, concentrado em pingar o remédio da forma correta. Era um gesto simples, mas ele parecia tão bonito prestando atenção, e o fato de ele ser o pai do seu filho a fazia sentir um carinho crescente por ele. Certamente, seus hormônios estavam em colapso.
Ele entregou o copo, observando-a enquanto tomava.
— Queria fazer mais por você — disse, mas sabia que a médica já havia deixado claro que não havia muito a fazer a não ser esperar que tudo passasse.
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Família Mancini
RomanceFederico Mancini, chefe de uma respeitada família da máfia italiana, vive em constante vigilância para proteger sua irmã, Francesca. Quando Amy Miller é oferecida como moeda de troca, ele recusa, mas o destino os reencontra, obrigando-o a levá-la pa...