Segredos Revelados

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A porta do elevador se abriu com um suave rangido, e Federico saiu, atravessando o corredor do renomado hospital. Desabotoou o botão do blazer enquanto caminhava com passos largos e firmes, adotando uma postura que exalava confiança. No entanto, por dentro, a preocupação o consumia, uma ansiedade pulsante pelo estado de Amy.

Ao chegar mais perto, avistou Vicenzo e Bonassera à porta de um dos quartos. Vicenzo, o primeiro a perceber Federico, cruzou os braços, fazendo com que as mangas da camisa estivessem tensas contra seus músculos tatuados. O semblante de Vicenzo era sério, mas havia um traço de alívio em sua voz quando disse:

— Ela está melhor. Está sendo medicada.

Federico franziu a testa, sua voz saindo em um tom urgente:

— O que houve?

Vicenzo coçou a testa, como se a simples lembrança da situação lhe causasse desconforto.

— Desidratação, provavelmente. Ela está lá há pouco mais de uma semana. Me surpreende ter aguentado tanto.

Nesse instante, uma voz cortou o ar pesado do corredor. Era Francesca. Ela se aproximou, seu olhar fixo em Federico, como se não notasse a presença de Vicenzo, ou simplesmente ignorasse.

— O que me surpreende é você ter deixado chegar nesse ponto, Federico.

A frieza na voz de Francesca ignorava totalmente Vicenzo, que sentiu uma pontada de dor ao perceber que a mulher que amava não o via. Ele descruzou os braços, o desejo de se fazer notar e explicar sua escolha apertando seu coração.

— Princesa, por favor, odeio brigar com você — Federico implorou, sua voz baixa, quase desesperada.

Francesca não deu trégua. Seus olhos estavam acesos de indignação.

— E eu odeio não reconhecer meu próprio irmão!

Federico respirou fundo, tentando se manter calmo.

— Você sabe o que ela fez.

Francesca rebateu, sua determinação inabalável.

— Mas nós não sabemos a vida que ela teve, tampouco o que foi obrigada a fazer para manter-se viva. Ela nos deixou em poucos dias. Estava óbvio que não estava mais envolvida com Abruzzo.

Vicenzo observava Francesca, absorvendo cada detalhe de sua expressão. Os lábios rosados pareciam rosnar de tanta raiva. Ele notou seu pescoço, as mãos que gesticulavam, cada movimento dela era uma dança de emoções intensas. Se Francesca o olhasse por apenas alguns milésimos de segundo, perceberia o quanto aquele homem estava entregue a ela, mesmo diante da tempestade que se formava entre os irmãos.

Federico observou a irmã, ponderando sobre suas palavras. E se Antonio estivesse certo? O medo de perder Amy ou, talvez, a dor de estar apaixonado por ela o havia levado a puni-la por machucar seus sentimentos. Um sorriso orgulhoso surgiu em seu rosto ao olhar para a irmã; ela havia crescido e, muitas vezes, parecia mais inteligente do que ele.

Francesca franziu o cenho, prendendo o sorriso.

— O que foi? — perguntou, curiosa.

Ele inclinou-se e beijou delicadamente sua testa antes de se encaminhar para a porta do quarto onde Amy estava. Quando Federico entrou, Francesca virou-se e caminhou em direção ao elevador.

Vicenzo, em um tom baixo, mas firme, disse para que apenas ela pudesse ouvir:

— Você só está dificultando as coisas.

Ainda de costas, Francesca levantou o dedo do meio e continuou seu caminho, desdenhando da preocupação dele.

Dentro do quarto, Federico encontrou Amy adormecida na cama. O ambiente era acolhedor, e sua expressão serena contrastava com a agitação que ele sentia. Ele guardou as mãos nos bolsos e a observou do pé da cama, repetindo para si mesmo que era apenas uma garota.

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