Federico caminhava com passos largos e apressados, os sapatos sociais batendo com intensidade contra o pavimento quente de concreto. Sua camisa branca estava levemente amassada, um reflexo de sua pressa. O blazer, que costumava ser seu distintivo de poder e elegância, estava em algum lugar, abandonado, como se não fosse mais necessário para o que estava por vir. A calça azul-marinho se ajustava perfeitamente à sua silhueta, mas era o som do impacto de seus passos que realmente dominava o ambiente.
O celular em seu bolso vibrou, interrompendo a quietude. Federico revira os olhos, sabendo que não seria nada agradável. Quando finalmente o tirou do bolso, olhou rapidamente o visor e resmungou um "Vicenzo", antes de deslizar o dedo sobre a tela e atender.
— Alô, Vicenzo. — Sua voz era calma, mas com uma pontada de impaciência.
Do outro lado da linha, Vicenzo estava completamente exasperado. A voz dele estava tremendo de raiva, mas também de preocupação.
— O que você pensa que está fazendo, Federico? Onde você está?
Federico respirou fundo, continuando seu ritmo impassível.
— O óbvio, Vicenzo. Já se passaram cinco dias. Abruzzo não disse nada, e estava claro, muito claro, que ele estava esperando por mim. Eu não podia simplesmente esperar mais.
Vicenzo sentiu seu rosto esquentar, seu sangue ferver. As palavras de Federico o fizeram perder a linha.
— Você está se arriscando demais, Federico! Você está entrando na boca do lobo. Volte agora, pare de ser tão... imprudente!
Federico interrompeu, seu tom agora mais duro, mais decidido.
— Assim que o carro se aproximou, o portão já se abriu. Abruzzo estava me esperando, e o pior que poderá acontecer é eu estourar os miolos dele dentro da própria casa. E que seja.
Ele desligou abruptamente.
Vicenzo ficou parado, segurando o celular na mão, sem conseguir processar o que acabara de ouvir. Sua mente girava em torno da imprudência de Federico, e a raiva só aumentava. Ele mal acreditava que o amigo estava colocando tudo em risco dessa forma.
Francesca entrou na sala de estar, a expressão tranquila e o olhar descontraído de quem não tinha a menor ideia do que estava acontecendo. Ela estava de biquíni, como se o calor da tarde estivesse em seu único pensamento. O contraste entre a calma dela e a fúria visível em Vicenzo foi quase assustador.
— O que aconteceu? — ela perguntou, vendo o rosto de Vicenzo vermelho de raiva.
Vicenzo não se deu ao trabalho de responder. Ele se virou de imediato, sua raiva transbordando. Olhou para Francesca de biquíni e sua raiva aumentou por seguranças estarem no mesmo cômodo.
— Saiam todos da sala. E chamem uma equipe para ficar a quatro minutos da casa do Abruzzo. Qualquer movimento, qualquer coisa que respire por lá, deve ser neutralizada imediatamente. Não me importo com o que seja. Se mexer, cai.
Francesca, surpresa pela atitude dele, não pôde deixar de arquejar uma sobrancelha, sentindo o peso do comando e a tensão que emanava dele.
— Você está fora de controle, Vicenzo. — Sua voz era calma, mas havia um toque de ironia.
Vicenzo não a olhou. Estava demasiadamente furioso, suas mãos tremendo enquanto ele mandava novas ordens.
— E você! — ele se virou de repente, lançando um olhar cortante para ela. — Vá vestir uma roupa e pare de andar pela casa cheia de seguranças de biquíni.
Francesca franziu o cenho, confusa. Nunca havia visto Vicenzo tão descontrolado, tão fora de si. Normalmente, ele era mais calmo do que Federico, sempre a voz da razão, o que tornava aquele surto ainda mais perturbador.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Família Mancini
RomanceFederico Mancini, chefe de uma respeitada família da máfia italiana, vive em constante vigilância para proteger sua irmã, Francesca. Quando Amy Miller é oferecida como moeda de troca, ele recusa, mas o destino os reencontra, obrigando-o a levá-la pa...