Ecos do passado

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O dia amanheceu com um brilho suave, e Federico já estava na sala, imerso em seus pensamentos. Ele se sentava no sofá, o tornozelo apoiado na coxa, o dedo indicador contornando os lábios, refletindo sobre a noite anterior. O toque de Amy, a troca de carícias que parecia ter durado uma eternidade, e o beijo que havia mudado tudo. Era confuso. Ela tinha apenas vinte anos, tão jovem, tão diferente dele. Sua irmã, Francesca, também tinha a mesma idade, e isso o deixava inquieto. Era como se, ao se aproximar de Amy, estivesse ultrapassando uma linha que nunca deveria ser cruzada.

Ele se recordava da tensão que o levara a declarar a Amy como sua noiva. A decisão fora impulsiva, resultado de um momento de raiva e desejo. Agora, observando a luz filtrando-se pela janela, não conseguia se arrepender, mas a preocupação persistia. Ele precisava entender o que realmente significava essa relação, porque aquele beijo ao se despedir no corredor do quarto, não ficaria apenas no corredor.

O segurança Bonassera interrompeu seus devaneios, chamando-o. Federico não ouviu, ele quase desiste já que tem o dom de irritar Federico, de uma forma engraçada, quase sempre suas noticias não o agradam ou ele faz algo que ultrapassa limites. Contudo, Federico adorava Bonassera, e sabia que ele era leal, por isso, também era leal a ele e a sua família. Na terceira chamada, Federico se vira.

— Bellini está na casa — disse Bonassera.

Federico lançou um olhar para o relógio. Ainda não passava das nove. A curiosidade o invadiu. Ele se levantou e caminhou até o escritório.

Ao entrar, encontrou Matteo Bellini parado, com dois de seus próprios seguranças ao fundo. Bellini estendeu a mão, um gesto que Federico interpretou como um sinal de paz.

— Sou fiel aos meus amigos — disse Bellini. — Não haverá mais problemas entre nós.

Federico apertou a mão de Bellini, embora por dentro uma voz sussurrasse que a lealdade dele não era tão simples assim. Havia dúvidas que nunca deixara de lado.

— Sente-se — disse Federico, indicando a cadeira à sua frente. — O que posso fazer por você?

— Nicolo irá sair do País esse noite, fretou um jato particular.

— Tem certeza?

— Absoluta. Fabrizzio o alertou sobre você, certamente... ele seria um tolo se ficasse. Também descobri algo sobre Dom Abruzzo.

Federico franziu o cenho. A menção de Abruzzo, uma figura que pairava sobre a família Mancini como uma sombra, sempre o deixava em alerta.

— Continue — disse ele.

— Abruzzo está procurando uma filha ilegítima — Bellini informou, com a voz grave. — A esposa dele não é fértil, e isso o deixou vulnerável.

— Por que ele buscaria uma filha mulher e ainda por cima ilegítima? — questionou Federico, sentindo a confusão crescer.

— Para assegurar a sucessão da família — Bellini respondeu. — Se Nicolo se aliar a ele, pode ser uma forma de mostrar poder e garantir território. Aquele garoto sempre foi burro e ambicioso, a família Izzo está uma fera, contudo, ninguém desconfia que Abruzzo está envolvido.

Federico coçou o nariz, irritado. A ideia de Dom Abruzzo como um rival não era novidade, mas a implicação de uma aliança com Nicolo o deixou inquieto.

— Abruzzo era amigo do meu pai. Não entendo essa revolta repentina — disse Federico, lembrando-se da fragilidade da amizade.

— Eram amigos? — Bellini questionou. — Acredito que a amizade se quebrou quando seu pai se opôs ao tráfico de drogas que Abruzzo queria trazer. A palavra final sempre foi dos Mancini, e quando começou o conflito de interesse, as coisas pioraram. Dom Abruzzo nunca foi uma pessoa confiável, principalmente se alguém o impedia de ganhar dinheiro. Seu pai tinha princípios, Abruzzo ganância.

Família ManciniOnde histórias criam vida. Descubra agora