Federico
Há alguns anos que eu não pisava em uma universidade. Lembro-me da última vez, estava em Londres, decidi que faria direito, o que é irônico, já que hoje quase vinte e quatro horas do meu dia eu ando com um advogado ao meu lado. Quase como se fosse um segurança, e não deixa de ser, há certas coisas nesse meu mundo que o simples ato de apertar a mão de um homem pode me levar a ruína.
Algumas pessoas que ainda não estão na sala abrem caminho para que eu e meus dois guarda costas pudéssemos caminhar sem sermos interrompidos. Não é algo anormal, pelo que aprendi, um homem de terno com seguranças causa certa intimidação. Devo dizer que o sobrenome Mancini também faz parte desses cochichos.
- Senhor Mancini! - O reitor chega como se tivesse vindo correndo. Seus olhos estão arregalados e observo sua jugular saltando. É um homem beirando os sessenta anos, não deveria estar correndo assim.
Eu sei que ele é o reitor porque conheço o rosto de todos que estão perto da Francesa, dos alunos aos professores, todos nessa faculdade são conhecidos por mim.
- Reitor, podemos conversar?
- Cla-claro. Vamos até a minha sala. - Estendeu a mão indicando o caminho.
Nunca gostei de me envolver nas coisas da Francesca, ela surtava e brigava como uma guaxinim. Tão pequena e ao mesmo tempo tão brava. Bonassera fica do lado de fora enquanto entro com Vicenzo na sala do reitor.
- Sentem-se. - Pediu e praticamente correu para a sua cadeira do outro lado da mesa.
- Obrigado. - Desabotoei e o paletó e me sentei. Eu sou um homem educado, não costumo recusar gentilezas.
Vicenzo da uma volta pela sala, observa as janelas, e em seguida volta parando ao meu lado.
- E então, Reitor, presumo que saiba o motivo da minha visita - Cruzo as pernas, sentindo-me confortável na poltrona.
- Na verdade é uma surpresa para mim, senhor.
- Hum. - Coço o queixo. Aceito gentileza, contudo, não aceito que tentem me deixar com cara de idiota. - É sobre a minha irmã, Francesca. Ela reclamou de algumas regras que a sua universidade está pedindo.
- Regras? - Ele afrouxa a gravata com seus dedos trêmulos.
- Meus seguranças, parecem estar sendo proibidos de estar aqui.
- Oh, sim, claro. - Tentou sorrir, falhou. - É apenas para a segurança dos alunos, inclusive a sua irmã, de que não seja permitida a entrada de estranhos na universidade.
- Eu pareço estranho para o senhor?
- Não, obviamente não. - Apressou-se em responder.
- Vicenzo parece estranho?
Ele subiu os olhos até o do meu amigo e logo voltou a me encarar.
- Não, senhor.
- E o Bonassera, que está lá fora, parece estranho?
- Nã-não.
- O senhor acha que eu não sei cuidar da segurança da minha irmã?
- Claro que não, senhor Mancini. Jamais diria isso...
- É o que pareceu. É o que parece toda vez que alguém a importuna por estar com guarda-costas. Pela sua expressão de desespero acredito que saiba a influência da nossa família, então é compreensível o motivo da Francesca estar com alguns amigos.
- É que... bom, é uma universidade. O que mais poderia acontecer?
- Hum. Não sei, posso pensar em dezenas de coisas... quer que eu as enumere?
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Família Mancini
RomanceFederico Mancini, chefe de uma respeitada família da máfia italiana, vive em constante vigilância para proteger sua irmã, Francesca. Quando Amy Miller é oferecida como moeda de troca, ele recusa, mas o destino os reencontra, obrigando-o a levá-la pa...