A reunião

16 3 0
                                    

Vicenzo olhou pelo retrovisor, capturando a imagem de Federico, com o semblante apreensivo e preocupado. O amigo, normalmente tão seguro, estava inquieto, a necessidade de resolver os conflitos antes do nascimento do bebê pesando em seus ombros. Com um suspiro, puxou o celular e viu a mensagem de Antonio Bellini: "Estamos a caminho."

A aliança com os Bellini era benéfica; eram uma família respeitável, com um legado limpo, embora Matteo, o herdeiro, tivesse uma fraqueza por prostitutas. A dinâmica familiar deles era, no entanto, um alívio em meio ao caos que cercava as outras famílias mafiosas.

Vicenzo diminuiu a velocidade ao se aproximar do porto, entrando em um estacionamento aberto. O galpão alto e cinza parecia ainda mais vazio sob o céu nublado e chuvoso, com guindastes se erguendo como sentinelas solitárias ao redor. O ambiente pesava, e Vicenzo sentia a tensão no ar.

Federico alinhou o sobretudo e puxou um cigarro, acendendo-o enquanto observava o cenário. Vicenzo comentou, em tom de preocupação, que estava silencioso demais.

— Você está tenso, — disse ele.

Federico soltou a fumaça, olhando em volta. Alguns carros estavam escondidos, outros cobertos por lonas, enquanto outros estavam estacionados a uma boa distância. Vicenzo deixara o carro próximo à saída, à vista. Isso não passou despercebido por Federico, que pensou que talvez Vicenzo estivesse desconfiado de algo e quisesse estar pronto para partir rapidamente.

— Mantenha a calma, — pediu Federico, tentando tranquilizar o amigo.

Vicenzo balançou a cabeça, a expressão de desgosto estampada em seu rosto.

— Odeio reuniões. Agradeço que isso raramente acontece.

Federico deu de ombros. Afinal, aquela reunião era sobre ele.

— Vou acabar logo com isso, — garantiu.

Quando abriram a porta do galpão, foram recebidos por uma luz filtrada das janelas altas, que iluminava o espaço. A mesa cumprida no centro era cercada pelos poderosos chefes da máfia, o ar impregnado com o cheiro de uísque, charuto e pólvora.

Federico jogou a bituca do cigarro no chão e pisou sobre ela, notando que todos se viraram na sua direção. Seus olhos rapidamente localizaram Izzo, a quem Antonio havia mencionado com cautela. A presença do homem era um lembrete de que cada movimento contava.

Vicenzo se manteve posturado, escaneando o local. A poucos minutos dali, Bonassera aguardava com dois carros de seguranças, prontos para agir a qualquer sinal de problemas. Vicenzo direcionou seu olhar para a mesa, e à medida que ele e Federico se aproximavam, a tensão se tornava palpável.

Federico virou-se para Vicenzo e sussurrou:

— Você precisa sair.

Vicenzo o encarou, reconhecendo que aquela era uma ordem, mas também desejando garantir que tudo ficaria bem.

— Eu vou, — respondeu Vicenzo relutantemente, mas a preocupação em seus olhos era clara.

Federico acenou com a cabeça, incentivando-o a ir embora. Assim que Vicenzo saiu, ele puxou a cadeira da cabeceira, seu lugar habitual. Tirou o sobretudo, revelando o terno preto perfeitamente alinhado, e pendurou-o na cadeira antes de se sentar com elegância.

Ele cruzou os dedos, apoiando os cotovelos na mesa, mostrando confiança e determinação. A tensão no ar era quase palpável, mas ele não demonstraria fraqueza. Com um último olhar para os silenciosos chefes da máfia italiana, que observavam com interesse, Federico passou os olhos por Antonio e, em seguida, perguntou com uma voz grave e tranquila:

Família ManciniOnde histórias criam vida. Descubra agora