Capítulo 2

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As primeiras horas da manhã seguinte trouxeram uma sensação de que tudo havia sido apenas um pesadelo, mas ao estender a mão para sentir a presença de Cintia ao seu lado, ele percebeu que ela não estava mais lá. A triste realidade se fez presente: Cintia havia falecido.

Ele virou-se para o lado da cama onde ela costumava dormir e imaginou seu olhar, seus belos olhos castanhos claros pelos quais se apaixonou. Segurando seu travesseiro, abraçou-o fortemente, sentindo o perfume dela. As primeiras lágrimas caíram de seus olhos, e a saudade e a falta que ela faziam se tornaram evidentes. Levantar-se da cama naquele dia parecia uma tarefa impossível, suas pernas não encontravam forças para sustentar seu corpo. O café da manhã sem ela não tinha sentido, o lindo sorriso do rosto dela havia se apagado para sempre, seus olhos nunca mais se abririam, e sua voz nunca mais seria ouvida.

No trajeto até o cemitério, a chuva caía suavemente e o vento soprava fortemente. Ele não conseguiu dizer uma palavra ao motorista nem à pessoa ao seu lado, pois todos estavam mergulhados em profunda tristeza, incapazes de acreditar no que havia acontecido. Uma lágrima escorreu de seus olhos, e ele pegou um lenço do bolso para enxugá-la.

Em busca de algum conforto espiritual, Marion ligou o rádio do carro e sintonizou em uma estação de rádio que transmitia orações. Enquanto ouvia, um fiel proferia uma prece emocionada:

"Deus, alivia os corações quebrantados e estende Tua mão para aqueles que necessitam de Ti. Cura todas as tristezas, sofrimentos e mágoas que estão em nossos corações. Segura em nossas mãos e não nos abandone."

Essa oração ressoava profundamente em Marion, que buscava uma força maior para enfrentar sua dor. Através das palavras do fiel, ele encontrava um vislumbre de esperança e consolo, uma súplica por alívio em seu coração dilacerado. Nesse momento de fragilidade, Marion se permitiu conectar-se com a fé e encontrar algum conforto nas preces que ecoavam no rádio do carro. Essa busca por apoio espiritual poderia ser uma fonte de consolo e fortaleza para ele enfrentar os desafios que ainda estavam por vir.

Eu me encontrava em um estado de profunda dor e tristeza, incapaz de expressar plenamente meus sentimentos e o imenso carinho que nutria por Cintia. O peso da culpa e do arrependimento me assombrava, enquanto imaginava como tudo poderia ter sido diferente. Se eu não tivesse sido tão idiota, ela estaria aqui ao meu lado, compartilhando nosso amor e desfrutando da presença um do outro.

A imagem dela, sentindo seu cheiro delicado, sua pele macia contra a minha, seus cabelos lisos deslizando entre meus dedos, era um lembrete doloroso do que havia perdido. Ela era minha princesa, radiante e encantadora, prestes a ser enterrada. Meu coração sangrava uma dor aguda que parecia dilacerar minha alma só de pensar nisso.

Em meio a essa dor avassaladora, sentia-me sufocado pela tristeza e pelo vazio que Cintia deixara em minha vida. Era como se parte de mim tivesse sido arrancada, deixando apenas uma imensa solidão. A realidade da perda era angustiante, e eu lutava para encontrar uma forma de seguir adiante, mesmo sabendo que nada poderia preencher o vazio deixado por sua ausência.

Cintya era única, uma presença que iluminava cada momento ao meu lado. Agora, tudo o que restava eram lembranças e a dor aguda de sua partida. A jornada de cura parecia um longo caminho a percorrer, uma jornada em busca de paz e aceitação. Mas, mesmo diante de tanta tristeza, prometi a mim mesmo que sua memória permaneceria viva, e que encontraria forças para honrar o amor que compartilhamos, mantendo-a para sempre em meu coração.

Ao chegarmos ao cemitério, uma multidão já se reunia para prestar suas últimas homenagens a Cintya. Sua natureza cativante e bondosa havia conquistado inúmeras amizades ao longo de sua vida, e agora todos queriam se despedir dela, inclusive eu. O estacionamento estava repleto de carros, indicando a presença de tantas pessoas que compartilhavam do amor por ela.

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