Capítulo 50

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Caio dirigiu com atenção pela estrada, as luzes do carro cortando a escuridão da noite. A estrada de terra que levava à floresta era estreita e sinuosa, e o som dos pneus se movendo sobre a superfície irregular ecoava no ar sereno. A escuridão da noite era intensa, com apenas a luz fraca da lua e das estrelas filtrando-se através das copas das árvores altas.

O aroma úmido e terroso da floresta invadiu o interior do carro conforme ele avançava, criando uma atmosfera de mistério e tranquilidade. Rute, apreensiva, estava no porta-malas, sentindo cada solavanco e sacudida do veículo conforme percorriam a estrada de terra. Ela conseguia ouvir o farfalhar das folhas e os sons distantes da vida noturna da floresta.

Finalmente, a casa deles surgiu à vista, quase como um refúgio isolado no coração da floresta. Era uma construção modesta, feita de madeira rústica que se mesclava harmoniosamente com a natureza ao redor. As luzes quentes das janelas brilhavam suavemente, lançando um brilho acolhedor na escuridão circundante. Próximo à casa, uma cachoeira murmurava em um canto, sua melodia suave misturando-se ao ambiente sereno.

Um pouco mais distante da cachoeira, chamava a atenção uma casa na árvore, um testemunho da imaginação e esforço de Caio. Era um pequeno refúgio suspenso entre os galhos, com uma escada que serpenteava ao redor do tronco até a entrada. A casinha nas alturas parecia ter saído de um conto de fadas, um lugar onde memórias de infância haviam sido entrelaçadas com a realidade.

Após estacionar o carro, Caio abriu a porta e entrou na casa principal. O interior exalava aconchego e familiaridade. Móveis de madeira bem trabalhada, tapetes espalhados pelo chão e detalhes cuidadosamente escolhidos criavam uma sensação de lar. As paredes eram adornadas com fotografias, cada uma contando uma história de momentos compartilhados.

Enquanto Caio estava ocupado na garagem, Rute, silenciosa como uma sombra, saiu do esconderijo atrás da árvore. Seus passos eram quase inaudíveis sobre a terra úmida enquanto ela se aproximava da casa. A emoção e a urgência pulsavam em seu peito enquanto ela se preparava para reencontrar Caio. A porta estava entreaberta, e Rute, com uma mistura de apreensão e expectativa, deu o passo final e entrou na casa para se juntar a ele.

Ela cruzou o limiar da entrada e, imediatamente na sala, seu olhar foi atraído para o notebook ligado sobre a mesa, em meio a um processo de formatação. Com um misto de inquietação e curiosidade, ela subiu as escadas com passos leves e cautelosos, como se estivesse trilhando um caminho incerto em busca de respostas. No fundo de sua mente, pairava a suspeita dolorosa de uma possível traição, uma sombra que ela não conseguia evitar.

Cada degrau vencido parecia aumentar o ritmo de seu coração, e ela vasculhava os cantos com os olhos em busca de qualquer indício. Os quartos, silenciosos e vazios, apenas ampliavam a incerteza que a consumia. Seus passos a levaram até a porta do quarto de sua filha, um nome carinhosamente inscrito na madeira: "Cintia". Ela empurrou a porta devagar, abrindo um mundo de memórias.

O interior do quarto, um santuário intocado, parecia congelado no tempo, repleto das recordações da adolescência de Cintia. Cartazes coloridos adornavam as paredes, e o aroma suave de perfumes antigos pairava no ar. Seu olhar vagou pelo espaço, absorvendo cada detalhe que, por um momento, trouxe conforto em meio à sua apreensão.

No entanto, algo atraindo sua atenção rapidamente desviou seus pensamentos. Era o guarda-roupa de Cintia, uma peça familiar que agora possuía um aspecto intrigante. Sua mão trêmula alcançou a maçaneta, e a porta se abriu em um rangido suave. A tensão no ar era quase palpável quando ela inspecionou o interior.

Entre roupas bem dobradas e objetos do cotidiano, algo singular chamou sua atenção: um jornal antigo, cuidadosamente fixado na parede do guarda-roupa. O papel amarelado contava uma história terrível, uma notícia sobre o acidente de uma noite passada que ecoava com um significado perturbador. A colagem era meticulosa, com recortes precisos como se alguém tivesse dedicado tempo e esforço a esse arranjo sinistro.

A visão arrepiante foi intensificada pelas fotografias, capturadas de Cintia em momentos íntimos e públicos, cada uma como uma janela invasiva para a vida da filha. Mas uma foto em particular ultrapassava os limites da privacidade: uma imagem dela tomando banho, um ato tão pessoal agora escancarado de maneira cruel. E, para completar o enigma sombrio, palavras escritas à mão na parede ao lado: "eu te amo, meu amor".

O ar ficou pesado, e a sensação de violação e desconforto se espalhou como tinta derramada. Um mistério angustiante estava diante dela, como um enigma cujas peças não se encaixavam. Cada elemento parecia uma peça de um quebra-cabeça bizarro, deixando-a em um estado de choque e confusão enquanto tentava compreender o significado por trás desse vislumbre sombrio da vida de sua filha.

Caio pareceu como um vulto que aparece de surpresa numa fotografia dizendo:

- Que diabos você está fazendo aqui Rute. Gritou ele.

Rute:

- O que isso significa? O que são essas coisas no guarda roupa da minha filha Caio ? Fotos dela nua? Tomando banho, aonde você arrumou isso?

Caio:

- Eu que faço as perguntas aqui, e não você. Como você chegou aqui?

Rute:

- não importa, eu quero que você me explique isso daqui, todas essas fotos da minha filha, ainda mais nua.

Caio:

- Eu disse para você não vim aqui, como é teimosa. e agora? Resolveu você vim aqui?

Rute:

- Você está me fazendo pergunta demais.

Caio:

- Calma, vamos tomar um chá, acalmar os nervos, que eu vou te explicar direitinho o que acontecendo, você saberá da verdade, mas preciso que você fique calma.

Rute:

- Que verdade?

Caio:

- eu descobrir mais coisas relacionado a morte de nossa filha, mas venha se acalme, vamos tomar um acalmante, e tudo será resolvido.

Ele a envolveu com um abraço terno, guiando-a com gentileza em direção à acolhedora atmosfera da cozinha. No entanto, por detrás da fachada tranquila, um plano já se delineava meticulosamente em sua mente. Ele estava ciente de que não havia escapatória desta vez, a verdade necessitava ser revelada, por mais difícil que fosse.

Sentaram-se à mesa da cozinha, a madeira gastada pelo tempo fornecendo um cenário para a inevitável conversa. Ele assumiu a tarefa de preparar um chá, seus movimentos calculados ocultando um segredo ardiloso. Enquanto a água aquecia e as folhas de chá dançavam em suas xícaras, ele sorrateiramente adicionou um toque de "boa noite Cinderela" à bebida, um passo decisivo em seu enredo.

Enquanto ela tomava o chá, ele a observava com uma expressão que misturava apreensão e determinação. Os efeitos do sedativo não demoraram a se manifestar; seus olhos começaram a pesar e sua mente lentamente se rendeu ao sono. Uma exaustão repentina tomou conta dela, e antes que ela pudesse compreender completamente o que estava acontecendo, o sono profundo a envolveu, fazendo com que seu corpo deslizasse para frente, repousando sobre a mesa da cozinha em um sono profundo.

Caio agiu com eficiência e cuidado, erguendo-a em seus braços com uma força mascarada de ternura. Ele a transportou até o quarto, onde a colocou delicadamente em uma cadeira. Um turbilhão de emoções devia estar girando dentro dele enquanto tomava medidas que pareciam tiradas de um pesadelo distorcido.

Comgestos cuidadosos, ele amarrou suas mãos e pés com uma precisão que sugeriaexperiência nesse território sombrio. O contraste entre sua postura carinhosa eessas ações perturbadoras era desconcertante, uma dualidade de intenções que sedesdobrava silenciosamente naquele quarto

Amor e ÓdioOnde histórias criam vida. Descubra agora