Amor e Ódio

Capítulo 54

Tony estava sentado em sua sala na delegacia, a luz fraca das lâmpadas criando uma atmosfera sombria ao seu redor. Seu olhar estava fixo em uma fotografia desbotada que descansava sobre a mesa. Era uma foto de sua família, tirada há anos, quando as coisas ainda pareciam simples e felizes. Enquanto seus dedos tamborilavam nervosamente na mesa, ele mergulhou em um mar de pensamentos tumultuados. A imagem de sua esposa sorridente e sua filha brincando preenchia sua mente, contrastando agudamente com a escuridão dos casos de crimes que havia investigado ao longo dos anos. Ele havia visto o pior lado da humanidade, e isso começou a corroer sua alma.

Tony nunca tinha se dado conta de quanto tinha se afastado de sua família. Os longos dias e noites dedicados ao trabalho o haviam transformado em alguém distante e ausente. Ele se perguntava como as coisas haviam chegado a esse ponto. Sentia o peso da culpa pressionando seus ombros, pesando como uma âncora em sua consciência. Olhando para a fotografia, um desejo ardente de retomar o que havia perdido cresceu dentro dele. Ele sabia que era hora de agir, de corrigir seus erros passados. Respirando fundo, Tony tomou uma decisão que há muito tempo estava adiando. Ele sabia o que precisava fazer. Com dedicação renovada, ele começou a orquestrar um plano para proteger sua família. Com uma determinação firme, ele fez arranjos para que sua esposa e filha deixassem a cidade, pelo menos temporariamente, queria que elas estivessem protegidas de Caio, quando ele estivesse pronto para incrimina-lo, nem que isso custasse sua liberdade e destruição da sua carreira militar.

- Alô! A voz ansiosa de Tony ecoou através do telefone.

- Tony, já conseguiu as passagens? Perguntou Tony do outro lado da linha, a urgência em suas palavras era palpável.

Ele enxugou as lágrimas com as palmas das mãos, sua respiração ainda estava ofegante devido ao tumulto de emoções. Com uma firmeza que tentava esconder a fragilidade em sua voz, ele respondeu:

- Não!

Enquanto Caio permanecia escondido, tinha deixado para trás a casa da árvore e estava agora caminhando com passos lentos, sua expressão contorcida pela dor do golpe que ainda pulsava em sua mente. Cada passo parecia uma batalha contra o desconforto que sentia. Ele seguia um trajeto incerto, procurando uma rota de fuga que o levasse para longe dessa confusão.

Com o riacho ainda ecoando em sua memória, Caio retornou pelo mesmo caminho, suas pernas hesitantes como se protestassem contra o esforço físico adicional. Ele finalmente alcançou uma estrada que se estendia em direção ao centro da cidade, uma visão que oferecia uma mistura de alívio e incerteza.

Caio:

- E o que você está esperando? Ande logo! A voz impaciente de Tony ecoou no telefone, empurrando Caio a continuar apesar da dor que o percorria.

Parando por um momento, Caio colocou a mão trêmula sobre o peito, pressionando levemente na tentativa de acalmar as palpitações causadas pela adrenalina e pela dor. Ele sentiu o coração pesado com a magnitude do que estava acontecendo. Então, após reunir suas forças, continuou a falar:

- Eu acabei com outra prova que podia nos colocar na cadeia!

A resposta de Caio ressoou nos ouvidos de Tony, suas palavras carregadas de um misto de medo e desespero. Do outro lado da linha, Tony abaixou o telefone, uma onda de emoções o dominando novamente. Lágrimas começaram a cair, seus soluços eram um reflexo da tormenta interna que ele estava enfrentando.

Enquanto Tony chorava, Caio permanecia na linha, ouvindo a dor que transbordava do outro lado. A distância entre eles, embora física, não parecia tão grande no momento. Suas histórias entrelaçadas, seus erros e escolhas compartilhados, criaram um vínculo complexo e frágil que estava sendo testado até o limite.