Capítulo 47

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A via estendia-se sombria e traiçoeira. A tragédia já havia atingido aquele trecho, ceifando vidas daqueles que a percorreram. Era uma estrada sinuosa e incerta, carente de qualquer sinalização ou margem de segurança, e nela se deslocavam caminhões carregados com provisões destinadas a uma cidade distante. No assento do carona, Cintya estava mergulhada em lágrimas, lutando para secá-las enquanto suas palavras se formavam.

- Eu não consigo me controlar as vezes, não queria tomar essa medida drástica, mas preciso ir embora.

Antônio:

- Se acalme, vá para essa pousada esfrie a cabeça, amanhã de manhã você toma uma decisão.

Derrepente o carro desconhecido surgiu jogando farol alto atrás deles, Antônio estranhou:

- O que esse idiota quer?

Cintia perguntou:

- O que foi? o que está acontecendo?

Antônio:

- Tem um idiota jogando farol alto na gente, estou dando passagem mas ele não ultrapassa.

Cíntia e Antônio estavam encurralados, o motor do carro rugindo enquanto rasgavam a escuridão da estrada deserta. A lua escondida por nuvens pesadas tornava a visibilidade escassa, mas o medo era palpável no ar. Eles haviam entrado em uma perseguição angustiante e não havia como escapar.

As luzes de farol que os perseguiram durante os últimos minutos permaneceram implacavelmente em seus calcanhares, projetando sombras ameaçadoras na estrada à frente. O coração de Cíntia estava uma batida frenética, ecoando o som das rodas queimando o asfalto molhado. Ela sabia que não podiam continuar fugindo para sempre, mas rendição não era uma opção.

Antônio olhou para ela com determinação, as mãos firmes no volante.

- Segure-se!, ele gritou acima do rugido do motor.

Sem aviso, ele virou o volante bruscamente e o carro fez uma curva aguda em uma estrada lateral. O carro perseguidor, desacelerando por um momento antes de retomar a caçada, deu-lhes um breve momento de alívio. Eles não desperdiçaram tempo, Cíntia puxou a arma que estava escondida no compartimento do banco e a entregou a Antônio.

- Que diabos o Marion tem uma arma? Perguntou ele.

- Proteção? Já ouviu falar? Ele tem essa arma escondida ai dentro, pra prevenir alguma briga de trânsito, sabe como é, no país todo mundo em uma arma, é para proteção.

- guarde essa arma, ainda não é o momento, espere. Disse Antônio.

A estrada secundária era ainda mais estreita e sinuosa, cercada por árvores densas que pareciam se fechar sobre eles. A perseguição se transformou em uma dança mortal de reflexos rápidos e manobras audaciosas. O carro deles deslizava pelo asfalto molhado, esquivando-se por centímetros de árvores e rochas.

Os tiros ecoaram no ar, e Cíntia e Antônio abaixaram-se instintivamente quando as balas perfuraram a lataria do carro. Cíntia olhou pela janela e viu a silhueta escura de um homem no carro perseguidor, uma arma fumegante em suas mãos.

- Ele vai nos matar droga!

Disse Cintia.

O carro de Cíntia e Antônio rasgava a estrada escura, suas luzes cortando o véu noturno enquanto eles se esforçavam para manter a dianteira na perseguição implacável. O som do motor fundindo-se com o eco do vento criava uma trilha sonora frenética, uma harmonia de adrenalina e medo. Mas a sombra do perigo ainda os seguia.

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