Capítulo 92

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Nora Becksen on

Sam me encara e nem precisa abrir a boca para que eu entenda o que ele quer saber. Não sei se consigo explicar, eu mesma não entendi porque fui até lá. Talvez eu quisesse ver pelo menos um pouco de arrependimento nos olhos do Jason, ou um pedido de desculpas. A verdade é que eu aceitaria que ele dissesse qualquer merda relacionada à perdão só para convencer a mim mesma que não gastei anos da minha vida com um filho da puta covarde.

- Eu fui ver o Jason. No presídio. -digo encarando todos os lugares de seu rosto menos os olhos-

Ele pega minha mão e beija meus dedos machucados.

- Você bateu nele? -indaga-

- Sim.

- E como foi? -ele diz-

- Devia ter visto o outro cara. -digo sorrindo e lembrando de vários filmes-

Ele não resiste e dá risada.

- Ele estava com raiva?

Solto um suspiro fraco.

- Nós dois estávamos. Eu... -não consigo falar, sinto um nó em minha garganta-

- Pode chorar, Nora. -Sam diz enquanto beija minha testa-

- Odeio lembrar o que ele fez comigo. -digo com dificuldade- Isso, isso me esmaga. E eu o odeio. -falo com convicção- Mas eu odeio a mim mesma muito mais por ter deixado um homem fazer isso comigo.

Choro em seu peito.

- A culpa não é sua e nunca será.

- Eu sei disso mas sinto como se eu tivesse deixado as coisas tão fáceis pra ele. Eu já amei ele em algum momento da minha vida sim, mas eu não o amava dessa vez. Eu estava livre dele e voltei porque fiz merda com outra pessoa. E eu não suportei a ideia de ficar sozinha. Deus! Eu basicamente me mudei para casa dele e deixei com que me controlasse feito a droga de uma boneca. Ele brincou e brincou, até me quebrar. Fui tão idiota. Fui tão idiota, Samuel...

- Você é humana. Tem o direito de errar. A magia é quando você pode errar e aprender com o erro. Você ainda vai fazer muita burrada na vida, Nora. Mas é aprendizado. Você errou uma vez, aprenda para não acontecer em uma próxima.

Ergo a cabeça e o encaro, tiro seu cabelo da testa e acaricio seu rosto. Limpando o resquício de suor que sobrou do... bem, não sei como definir sem parecer a droga de um clichê ambulante. Nossa noite de amor, manhã de amor na verdade.

- Droga, tem como você ser menos perfeito?

- Pode acreditar, eu não sou perfeito. -ele responde rindo e beija a ponta do meu nariz-

Fico em seus braços até adormecer.

Sinto uma mão afagar meu cabelo com extrema delicadeza. Um beijo no meu ombro, depois atrás da orelha, nuca, começo da coluna. Sorrio.

- Bom dia, Samuel. -digo sorrindo e me viro de frente para ele-

- Boa tarde, morena. -ele diz sorrindo e me dá um selinho-

O puxo para um abraço e me espreguiço junto a ele.

- Que horas são?

- 14:45h. -ele diz e dá risada-

- Uau, faz tempo que não durmo tão bem. -digo enquanto acaricio seu antebraço-

- Que bom que conseguiu. -ele fala enquanto beija minha testa- Com fome?

- Na verdade sim. -respondo rindo-

- Legal, que tal um bom restaurante?

- Parece ótimo, George.

- Um banho antes? -ele me pergunta enquanto acaricia minhas costas-

Dou risada e paro assim que o vejo em pé completamente nu. Parece um monumento, uma estátua perfeitamente esculpida com todos os detalhes. Como se fosse desenhado da cabeça aos pés.

- Você é incrível. -digo levemente embasbacada-

- Não. Você é incrível. -responde e me pega no colo novamente-

Brincamos com a espuma e fizemos moicanos no cabelo um do outro. Faziam meses que eu não ria de coisas bobas e isso é melhor do que qualquer antidepressivo que estou tendo que tomar.

Encaro minha roupa e lembro de mim por cima de Jason, sua voz vem em minha mente e desvio o olhar.

- Posso invadir seu closet? -pergunto quando Sam sai de lá pronto e incrivelmente mais lindo-

- Claro, morena.

Sam Claflin on

Coloco as roupas de Nora em uma sacola e deixo dentro de um armário, tirando-as da vista dela para que não pense naquele covarde.

A espero na sala e alguns minutos depois ela desce, me deixando de boca aberta. Dou risada.

- Uau, minhas roupas claramente ficam melhores em você, Becksen.

- Sabe que eu também acho?

Ela diz rindo e dá uma voltinha. Está vestindo um blaser branco com um cinto de couro preto, que combinou com sua bota preta. Os seios estão basicamente me chamando até eles através do decote que o blazer deixou.

- Você está linda, morena. Vamos?

Ela pega minha mão e a beija. Não consigo esconder o sorriso idiota que surge em meus lábios.

- Carro legal. -ela comenta depois de colocar o cinto de segurança-

- Obrigado. Então, próxima parada, The Palm.

- Eu adoro aquele lugar!! -Nora diz empolgada-

James Rodriguez on

Encaro os fios ruivos espalhados em um dos meus travesseiros. É como se estivesse fora do lugar, como se aquele travesseiro pertencesse à ondas marrons. Tento tirar o pensamento mas só funciona quando ouço Maxie na cozinha. Saio em silêncio do quarto e fecho a porta. Encaro minha sala e me lembro do dia em que pedi Nora em casamento, era na brincadeira e depois acabou virando uma promessa nossa, de que um dia aconteceria.

Chego perto da cozinha e vejo Maxie em um momento que não é nada comum para ele. O mesmo sempre acorda em um ritmo animado que é levemente irritante, a janela sempre está aberta iluminando a cabeleira loira em sua cabeça enquanto queima os ovos. Mas hoje ele está sentado ao balcão com a mão no queixo, bebericando o café de ontem enquanto encara a pia do outro lado da cozinha.

- O que aconteceu? -indago-

Ele assusta e derruba o café no mármore.

- Droga, James. -ele diz irritado-

- O que aconteceu, Max?

- Não sei se eu deveria te contar.

- Fala logo, porra. -digo estressado-

- Eu menti pra você. -ele fala e encara a caneca- eu não fui em um amigo meu essa madrugada. Eu fui acompanhar a Nora ao presídio.

O encaro.

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