Capítulo 28

655 45 0
                                    

Nora Becksen on

Desde que a Katarina foi embora minha vida tem sido meio deprimente, já se passaram dois anos desde sua partida, o meu pai só vive para a Angelina, ela é bacana até, mas eu não consigo criar um laço com ela. Ultimamente eu só discuto com o pessoal da agência, saio e bebo, fico com o Mckay ou brigo com ele, o James agora tem uma nova namorada e toda vez que eu a vejo sinto vontade de esfregar sua cara no asfalto. O Henry se enfiou no trabalho, ele só estuda falas, dá conferências, viaja e etc.

Parece que a Katarina era o elo mais forte do grupo e sem ela, tudo desmoronou. Ela demorou meses para conseguir ter uma conversa tranquila comigo, ela realmente estava comendo o pão que o diabo amassou. Ela diz não saber quando volta.

Katarina Langford on

Dois anos e algumas semanas se passaram desde o fatídico dia que mudou minha vida. Muitas vezes eu quis voltar correndo para os meus amigos e para ele, mas a maioria das vezes eu só queria ficar na minha cama e chorar. Agora que comecei meu terceiro ano na Universidade que estou começando a me acostumar. Eu falo com a Nora e o James às vezes, mas muito pouco com o Henry, eu assisto algumas entrevistas que ele dá, sempre sorrio vendo seu sorriso que eu tanto amo.

Estou cursando direito, mais dois anos e eu me formo. Eu nunca mais toquei em uma máquina, ou postei alguma foto, basicamente, ninguém sabe como eu estou fisicamente. Não que eu tenha mudado em alguma coisa, talvez tenha ganhado um pouco mais de corpo, afinal já estou com 20 anos. Minha única amiga aqui é a tia Elisa, eu sei que ela tem se esforçado muito para me ajudar como mãe, pai e amiga. Normalmente a maior parte do dia eu estou estudando, trabalhando meio período como assistente em uma empresa de advocacia, correndo e dormindo. Eu tento não desacelerar meu ritmo nunca, pois assim não tenho tempo para pensar nas pessoas que perdi e nas pessoas que deixei para trás. Às vezes me sinto egoísta por tê-los deixado, mas eu sei que eles me entendem, doía demais e se eu tivesse ficado, ia acabar afastando eles mais do que já estamos afastados.

Ouço uma batida na porta do meu quarto, eu acabei não indo para o alojamento, minha tia insistiu que eu morasse com ela, já que somos só nós duas.

- Licença?

- Pode entrar, tia.

Ela se senta ao lado da minha cama.

- Eu estava arrumando o sótão hoje e encontrei algo. Era do seu pai.

Ela me mostra uma máquina fotográfica Polaroid bem antiga. É perfeita. Eu quase sorrio, mas meu coração aperta.

- Do meu pai? Ele odiava fotografia... -eu digo olhando para outro lado-

- Ah minha Kat... O seu pai odiava o fato de você ser tão parecida com ele, quando éramos criança, ele vivia pelos cantos tirando foto de tudo, ele tinha uns 200 filmes de fotos. Claro que ele nunca conseguiu revelar nem metade, mas ele amava a sensação de capturar o momento e guardá-los.

Mordo meu lábio.

- Por quê ele parou?

- Infelizmente naquela época era muito difícil ganhar dinheiro com fotografia, ele brigou com nosso pai e saiu de casa para viver das fotos, mas quando ele viu que não ia conseguir nada, teve que voltar e desistir.

Ela coloca a máquina na minha mão e sai. Eu tremo de excitação, agora está explicado o porque da minha paixão. Eu observo cada pedacinho do objeto em minhas mãos, sorrio entre lágrimas. Acontece que isso muda os fatos.

James Rodríguez on

Reviro os olhos ao sentir a Olívia me abraçando. Tiro seus braços da minha cintura e ela continua sorrindo, como se nada a afetasse. Bufo e entro no carro, ela entra e eu vou para casa, digo para ela ir pro meu quarto e eu vou para a lavanderia pegar o meu tênis que vou usar de noite.

- Ei! -ouço a voz que me faz arrepiar-

A observo demoradamente, ela está com uma lingerie verde água que realça seus peitos e a deixa muito sexy. Que corpo...

- Perdeu alguma coisa aqui? -ela diz-

- Me poupe, Nora. Não tem nada aí que eu já não tenha visto antes.

Ela faz beicinho de brava e dá um soco no meu estômago, dou risada, eu amo essa garota.

Ela veste uma camiseta grande e sai. Suspiro e sento no puff, eu deveria ter insistido e ter ficado com ela? Não, né? Até porque ela gosta é do Mckay e nós somos meio irmãos, a gente parou de ficar faz um ano, eu arranjei uma namorada, mas foi para o bem da Nora, ela não conseguia escolher entre mim e ele. E também, o que poderíamos fazer se ela me escolhesse?

Sinto falta dos poucos meses que éramos todos amigos. Foi pouco pra mim, mas para os outros dois estressadinhos eu sei que foi mais marcante. Faz tempo que não tenho uma conversa de verdade com a Nora, e eu sinto falta disso, ela é uma das únicas pessoas que me entende de verdade, a gente sempre diz que somos muito diferentes, mas a Kat sempre dizia que a verdade é que somos muito parecidos.

Henry Cavill on

- Eu já disse que entendi! -eu falo pela quinta vez-

Entro no meu carro e saio cantando pneus. Chego no meu apartamento e bato a porta. Desde que ela me pediu para esperar, eu venho me sobrecarregando de trabalho para tentar suprir a falta de sinto dela, eu decidi evitar falar com a mesma, porque eu sei que se falasse com ela todos os dias, não ia conseguir dar o tempo que ela precisa. O problema é que tá demorando demais, já se passaram praticamente dois anos e meio e eu já não aguento mais a falta que sinto dela. Do toque, do sorriso, a voz e todo o resto.

Às vezes parece que a Katarina foi como um sonho bom e que todos nós acordamos juntos. Eu sinceramente não sei como estou aguentando, não que antes dela eu fosse um pegador, porque não gosto de ficar trocando, mas nunca fiquei dois anos sem ninguém. E eu não a vejo desde que ela foi embora, nenhuma foto, nenhum áudio, só mensagens e pronto.

É um verdadeiro inferno acordar, levantar, enfrentar outro dia e ao final dele, perceber que não é hoje que ela volta, e então no outro dia começa tudo de novo, e sempre acaba com a espera contínua.

Love and photographyOnde histórias criam vida. Descubra agora