Ela, uma aspirante à fotógrafa, ele, um ator incrível e uma pessoa maravilhosa, eles tem tudo para darem certo, mas os números não estão ao lado do casal.
Henry tem o dobro da idade de Kat, o tempo dele não é o tempo dela, cada um tem seu momento, q...
Enquanto estou arrumando minha mala fico divagando. Como será a reação das pessoas ao saberem que é oficial? O meu namoro, quero dizer. Não importa, eu amo o Henry e nada vai me fazer mudar de idéia mas espero que isso valha para ele também. Fecho o zíper. A conversa com o advogado foi boa segunda-feira, ele me deu muitas dicas e foi bem atencioso, a faculdade me deixou terminar o ano online.
Assim que está tudo pronto para amanhã, eu desço alguns degraus da escada mas acabo ficando no meio, me sento e observo a sala grande e quieta. Minha casa é praticamente toda em cinza e branco, minha mãe gostava de cores que dava um ar clínico, literalmente. Ela não deixava ninguém pisar com calçado no tapete branco, sempre verificava se não tinha nenhum nó ou algum alimento perdido entro os pelos do tapete, meu pai ficava sempre lendo algum livro na poltrona cinza e eu ficava com ela no sofá. Por mais que tudo tenha sido conturbado no fim, fui muito feliz ao lado deles e sempre irei amá-los mais que tudo.
Eu planejei tudo para manter a casa do jeito que sempre foi, mas agora sentada aqui, com apenas o barulho na minha respiração, me sinto completamente sozinha e vazia. Desde que voltei, parece que foi ontem que estávamos na sala fazendo algo e que foi hoje que os perdi. Em Chicago, eu senti a dor cada dia que se passava, eu senti cada momento em que eu chorei o dia todo. Pego meu celular.
Oi tia Elisa, como a senhora está? Estou com saudades, me liga quando puder. Beijo! -K.L.
Me levanto, limpo algumas lágrimas teimosas e vou para a cozinha, tento me segurar e não ser fraca. Abro a geladeira e pego um ovo e alguns frios, fecho a mesma com o pé e ando até a pia mas acabo batendo a coxa na quina do balcão e o ovo se quebra no chão.
- Droga... -resmungo e começo a chorar-
Meu celular começa tocar, será a tia Elisa?
Alô?
Oi amor!
Henry?
Sim, bobinha.
Desculpa, não vi que era você. -digo com a voz embargada-
Está chorando? O que houve?
Eu... eu quebrei o ovo e... -começo a chorar-
Eu te compro mais ovos amor, não chora!
Eu choro e rio ao mesmo tempo.
Obrigada. Eu te amo, Henry.
Eu também te amo, querida!
Acordo com o som despertador perfurando minha alma. A gente não podia viajar de tarde? Bom, em Miami vai estar calor, mas aqui em Nova York está um pouco frio. Coloco uma blusa preta e calça preta de couro, ela é colada e fica ótima com coturno. Faço uma maquiagem leve e suspiro, olho no espelho e sorrio.
- Bom dia, Kat. -digo para mim mesma-
Decido tirar uma foto minha, raro, eu sei. Mas parece que o Henry gosta que as pessoas me vejam e não que eu seja um garota das cavernas. Tiro e posto, na verdade, só quero saber se o Henry vai comentar, já que não temos nada a esconder agora.
@katford 6:34 am
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