Capítulo 26

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Katarina Langford on

- Está na hora do show!

Meu coração acelera, ele começa me desamarrar.

- Quem vai ser primeiro? Pode escolher, bonequinha. -ele me diz-

- O quê?

- ESCOLHE! -ele grita-

- Não! Não, Izuku! Esse não é você! Para.

- Escolhe ou eu escolho! Já sei, vai ser o superman ali.

Eu fico gelada mas com o coração batendo loucamente. Ele se aproxima do Henry e desfere alguns socos em seu rosto até começar sangrar, e então coloca a arma em sua testa, destrava.

- Porfavor! Não! Não! Me mate, me mate! Não ele. -eu digo desesperada e chorando-

Ele para e me olha, o Henry me olha com um olhar estranho de arrependimento.

- Você o ama? -Izuku pergunta-

- Amo... -digo chorando-

- Mas... mas eu não entendo. E eu? -ele diz começando chorar-

Ele começa andar de um lado para o outro e acaba enrolando o pé em uma corda. Ele escorrega e bate a cabeça com tudo no chão, eu corro até ele e coloco sua cabeça em meu colo, ele parece estar dormindo. Fazíamos isso sempre quando éramos crianças, eu sempre fazia cafuné em seu cabelo e sorria ao ver suas covinhas. Eu acaricio seu cabelo e o tiro de sua testa, vejo uma cicatriz grande, provavelmente é do acidente, fico triste por saber que ele enfrentou tudo isso sozinho, mesmo sendo criança optou por desaparecer apenas para me proteger, eu não o odeio e nunca conseguirei odiar.

Ele abre os olhos e vejo que está diferente, ele parece agitado e com medo.

- Katarina! Katarina, você tem que fugir. Me esquece e me deixa aqui, foge. Você tem alguém que você ama agora, não precisa mais de mim.

- Izuku? É você? -ele acena a cabeça- eu senti tanto sua falta, por todos esses anos, eu sempre comemorei seu aniversário.

Vejo seu olhar começar a mudar, vejo que suas personalidades brigam pelo lugar de quem vai assumir.

- Mentirosa! Você nunca me amou, você ama esse cara que não te dá valor e esqueceu de mim. -ele fecha os olhos e abre- lixo. Eu sou lixo.

- Izuku! Pare. -eu digo chorando- Eu amo você, sempre vou amar!

Ele fica quieto e começa chorar, ele acaricia meu rosto, sorri com os olhos exatamente como antigamente e beija meu rosto, eu desmorono em lágrimas.

- Me mata. -ele diz me entregando a arma-

Eu nego balançando a cabeça.

- Me mata agora! -ele grita- antes que ele volte. Porfavor!

Eu choro sem saber o que fazer, eu não consigo matar ele, não consigo! Eu o amo, como matar alguém que você ama?

- Kat, me escuta. É o melhor para todos e o melhor pra mim, me mata. Eu te imploro, olha pra mim! -ele coloca a arma na minha mão- Eu te amo, minha pequena bonequinha inocente, um dia a gente se encontra novamente.

Eu fico chorando e ele coloca a arma na testa, vejo que está se esforçando para se manter normal. Minhas lágrimas pingam em seu rosto e nossos olhares se encontram, é agora.

- Eu te amo. Izuku, você é tão bobo! -digo chorando e ele sorri pra mim e pisca-

Ele fecha os olhos e aperta o gatilho junto comigo, abro os olhos e vejo o rostinho que eu tanto amo sem vida, seu sangue está por todo meu rosto e meu coração está quebrado, eu choro alto com o peito ardendo. Eu matei meu melhor amigo. Eu fecho seus olhos com minha mão e beijo sua testa.

Deus, porfavor receba e cuide do meu pequeno Izuku, não é culpa dele o que aconteceu de ruim, e... Izuku, se estiver se sentindo culpado, saiba que eu te perdoo, de tudo e que eu sempre irei te amar.

Termino minha oração com as lágrimas ardendo. Me levanto e dasamarro os dois e abro a corrente do Henry, eles vêm para me abraçar e eu choro mais. Meu celular começa tocar, já são 8:23 da manhã. Eu atendo com a voz abafada.

Alô?

Quem fala?

É do Hospital Saint. Mary. Você é parente dos Langford?

Sou filha deles, por quê? Me fala!

Eu... Eu sinto informar mas, seus pais vieram a falecer por conta de um acidente de carro.

Eu caio no chão e olho para o nada, Henry pega meu celular e fala com o médico. Meus... meus pais morreram? Meus pais?
Não, não pode ser. Não, não! Eu me recuso a acreditar! Não pode ser! Porfavor, Deus! Por quê comigo?

Eu começo à chorar sem me segurar, os soluços machucam minha garganta e meu peito está ardendo, eu não consigo respirar, meu corpo todo está tremendo.

James Rodríguez on

- Ela tá tendo um ataque de pânico! -eu grito-

A Kat está tremendo e sem respirar, seus olhos estão focados em suas mãos, eu a sento encostada na parede e estímulo seu corpo a respirar, ela sai do transe e começa chorar novamente. Eu nem imagino e nunca vou conseguir ter idéia do que é ter que matar o melhor amigo de infância e perder os pais no mesmo dia. Pobre Katarina. Eu a abraço mas ela se solta de mim e sai correndo, entra em um táxi e nós vamos atrás dela. Eu falo com a polícia sobre o corpo do Nishimya, poupo a Kat de ter que falar com eles.

Nora Becksen on

1 dia se passou e eu nunca vi uma pessoa tão triste como está a Kat. Ela está sem rumo, não deixava os examinadores prepararem o corpo de seus pais e nem do Izuku, a única coisa que ela disse desde ontem foi que queria enterrar os três juntos.

Eu ajudo ela a vestir uma roupa e a levo até a funerária, o Henry cuidou de toda a parte da escolha do caixão e todo o resto. Ele está bem abalado também, todos estamos, essa foi uma reviravolta inacreditável em nossas vidas.

Katarina Langford on

Me visto e vou até o quarto dos meus pais. Abro o guarda roupa e começo chorar novamente, procuro o vestido preferido da mamãe, pego e abraço forte contra meu peito, eu nunca senti algo tão esmagador. Pego o terno e a gravata do papai e me sento no chão abraçada com suas roupas. Eles não podem me deixar.
O que eu vou fazer sem vocês? É tudo culpa minha, se eu tivesse esquecido a fotografia e obedecido vocês, nada disso teria acontecido. Eu sinto muito papai, o senhor estava certo. Me perdoa, me perdoa!

Eu me levanto e levo as roupas até o necrotério, James me deu uma roupa para o corpo do Izuku. Eu entro e vejo os três, um em cada maca de ferro. Sem vida, sem carinho, sem bronca e sem sorriso.

Eu não estou preparada pra isso, eu não estou preparada para deixar minha vida assim, mamãe. Eu preciso de vocês. Vou para a funerária e os corpos já chegaram, eu não consegui ficar um minuto sem chorar, não falei com ninguém e nem quero. Eu só quero me afundar na minha tristeza e ficar aqui.
Chego no cemitério e minhas pernas bambeam. Me aproximo do túmulo e coloco as flores. Vejo que na lápide está escrito "Dos que partes ficam as saudades e as lembranças do que passou, por isso eles nunca desaparecem completamente". Eu choro mais e me seguro para fazer um discurso decente para meus pais e meu amigo.

- Papai, mamãe... -eu soluço- eu queria que esse dia nunca chegasse, eu sempre preferi a idéia de morrer antes, assim não viveria em um mundo sem vocês. Talvez eu não tenha sido a filha perfeita, mas de uma coisa vocês podem ter certeza, eu sempre os amei e sempre irei amar. Sempre vou lembrar do senhor me falando pra estudar e da senhora me trazendo panquecas com formato de estrela sempre que eu reclamava que estava com fome. Mas saibam que irei cumprir o último desejo de vocês. E Izuku, você sempre foi um amigo incrível, uma criança pura e inocente, amável e protetora, será assim que sempre irei me lembrar de você. Eu amo todos vocês e não sei como enfrentar o mundo agora.

Eu termino e começo chorar, meus tios vem até mim para me impedir de cair, mas Henry me segura antes. Eu lembro de algo que meu pai sempre falava e digo colocando a rosa em seu túmulo.

- O trem que chega
É o mesmo trem da partida
A hora do encontro é também despedida
A plataforma dessa estação
É a vida desse meu lugar.

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