Capítulo 27

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Elain despertou de um sono pesado e ao mesmo tempo estranho. Sonhara que estava na Corte Primaveril com Lucien, e em seguida que estava na Outonal, mas dessa vez sozinha. Era estranho sonhar com um lugar que nunca esteve mais ao mesmo tempo sentia que o conhecia. Um esquisito deja-vu.

Ao abrir os olhos e se situar, percebeu que não estava nem na Noturna e nem nas terras humanas, e sim na Primaveril.

A noite anterior tinha realmente acontecido. Estavam na Primaveril com Tamlin e Sirena.

Elain olhou para o seu lado do colchão, apenas para encontra-lo vazio e frio. Lucien já havia se levantado, provavelmente para falar com Tamlin sobre o motivo de terem vindo até ali. Sobre o trabalho que Rhys tinha o encarregado. Ela tinha que admitir que Lucien era um ótimo comissário. O melhor que ela conhecia. Sabia fazer seu trabalho direito, era leal e destemido. Até mesmo quando tinha que vir para a Primaveril, a mando de Rhysand, o inimigo número um de Tamlin e conseguir o que o Grão senhor da Noturna queria.

Elain sabia que por mais que seu cunhado e sua irmã quisessem ver Tamlin perecer, também sabiam das consequências daquilo caso ele realmente jogasse tudo pro ar como estava fazendo há anos. Esse vácuo de poder, ainda mais tão próxima do muro, agora destruído, entre as terras feéricas e humanas podiam causar um golpe, assassinatos e tomada de poder de outra corte sobre a Primaveril. Ela podia não fazer parte diretamente da Corte Noturna, mas havia muitas vezes escutado as conversas do Círculo Íntimo sobre a geopolítica de Prythian. A Primaveril definitivamente não podia cair em mãos erradas. Principalmente de uma outra muito próxima a ela, a temida Outonal.

Elain ficara feliz em pensar o quanto Rhysand confiava em Lucien para realizar essa tarefa de conversar com Tamlin, ainda mais quando isso implicava bastante em relação ao próprio pai de Lucien, Beron na Outonal.

Elain sentou-se na cama do ex quarto de Lucien na mansão. As paredes todas revestidas em tons de vermelho e amarelo pasteis. As cores da Outonal. O quarto podia estar caído, se não fosse pela cama ainda ali. Ela foi tomada por um rápido sentimento de raiva ao imaginar Tamlin destruindo aquele cômodo, mas em seguida voltou ao seu pensamento anterior: Lucien faria o que fosse necessário para manter o continente de pé. Mesmo não sendo um grão senhor, e mesmo trabalhando contra seu próprio pai ao fazer isso, Lucien era leal à causa. Era leal ao que acreditava. Sobretudo, era leal e amava Prythian.

Ela passou a mão no lençol, se recordando da noite passada, em que fizeram amor ali até pegarem no sono. Como fora tola, pensou. Tola em recusá-lo durante todos esses anos, presa numa vida humana que já não mais a pertencia. Querendo aceitar as migalhas de Graysen caso ele ainda expressasse algum interesse nela, enquanto Lucien esteve ali, o tempo todo. Paciente, leal a ela.

A forma como ele a tocava, com tanto carinho e respeito. Sentia-se completamente preenchida e amada. Cada toque dele em sua pele era certo. Cada palavra proferida com amor e sinceridade. Lucien era tudo o que Elain precisava e nunca nem se quer cogitara em ter.

Ele a fazia querer viver. Querer compartilhar uma vida à dois. Não a achava boba e delicada. Muito pelo contrário, escutava-a com atenção e levava suas opiniões muito a sério. Ela estava ali na Primaveril com ele apenas por ter pedido. E ele não negou isso à ela. Nunca a negou.

Ela finalmente se levantou, arrumando-se minimamente com o que trouxera em sua bolsa das terras humanas. Já começara a sentir saudades de Vassa e até mesmo o irritante Jurian. Aquela mansão na Primaveril era espaçosa, solitária e fria demais para Elain.

Mesmo assim, Elain precisava matar o tempo até que Lucien estivesse terminado com Tamlin para poderem voltar às terras humanas, então ela desceu procurando uma biblioteca.

Corte de Laços e Profecias (ACOTAR ELUCIEN)Onde histórias criam vida. Descubra agora