Capítulo 2

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Elain sempre acreditou detestar botecos e buracos apertados com bebida e pegação rolando soltas.

Não por ser careta, mas aqueles lugares disparavam uma carga energética muito pesada para ela. As pessoas esbarrando umas nas outras, propositalmente, ou não. O cheiro forte de tabaco e outros entorpecentes feéricos que Elain sabia não fazerem bem. Agora feérica, todos esses fatores pareciam ter se intensificado.

Todos fingiam sorrir e curtir a vida, mas Elain sabia que no fundo, estavam tão solitários quanto ela.

Ela podia pensar duas vezes e sair daquele lugar, voltar para casa.

"Aquela era mesmo a sua casa?". - Refletiu Elain. – "Voltar para exatamente o que?".

Sua cabeça e coração doíam da última visão. Elain queria esquecer-se disso, de Azriel, de suas irmãs a sufocando, do inverno rigoroso, queria esquecer-se de seu dom.

"Eu nunca pedi por isso". – Pensou ela. – Por um dom, por essa vida.

A feérica não fazia nem ideia como foi que havia encontrado aquele buraco em Velaris, mas adentrou o recinto. A fumaça no espaço fez Elain querer tossir. Ela viu algumas feéricas desconhecidas sentadas bebendo com um grupo de machos jogando cartas e rindo alto.

Outros estavam dançando.

A música festiva era tão alta, que os ouvidos feéricos de Elain quase não conseguiam escutar a conversa ao lado.

Ela caminhou ainda com o capuz do casaco sobre a cabeça até o bar do estabelecimento. Esperava não ser reconhecida como a irmã da Grã senhora.

Um macho que poderia ter a idade de seu pai a cumprimentou amigavelmente.

- Boa noite. Como posso te atender?

Elain retirou o capuz da cabeça.

- Um drink, por favor.

O macho se surpreendeu com quem estava à sua frente, mas optou por não demonstrar. A maioria das pessoas que vinham até ali não queriam ser identificadas, seja qual fosse o motivo.

- Certo... Qual?

- O mais forte que tiver na casa.

O senhor não disse mais nada, apenas fez conforme o pedido. Seguido de mais um drink, e mais um, e mais um...

(Lucien)

Não foi difícil focar em se conectar com o laço de parceria. Lucien nunca tinha feito isso além da vez na casa do Vento, mas não era difícil acessa-lo.

É claro que algumas raras vezes Lucien sentira coisas que ele não pôde explicar, simplesmente sabia que não pertenciam a ele. Mesmo longe, nas terras humanas, ou na Corte Primaveril, Lucien sentia através do laço algo do outro lado. E como sempre, tentava ao máximo ignorar.

Ele focou em encontrar a linha entre sua costela, e foi seguindo sua intuição pelas ruas geladas de Velaris. Depois de quase quarenta minutos andando, Lucien foi passando por becos extremamente esquisitos. Por um momento pensou que estava seguindo o rastro de outra pessoa, mas o cheiro de Elain era inconfundível.

Lucien seguiu o laço até dar de cara com um bar da pior espécie. Agora fazia todo o sentido Cassian não ter encontrado Elain. Nessa região perdida de Velaris, o cheiro de lixo nas ruas, misturado com vento forte obstruía o cheiro de Elain, mas por conta do laço Lucien sabia estar no lugar certo. Mas ainda assim, era estranho demais imaginar Elain num lugar desses. Ao abrir a porta, alguns feéricos abriram espaço, permitindo que Lucien caminhasse livremente entre eles. Se o motivo era porque Lucien era Grão feérico e não somente feérico, ou se por medo do olho e cicatriz no rosto, Lucien não pôde identificar, e também não queria saber. Estava focado em sua missão.

Corte de Laços e Profecias (ACOTAR ELUCIEN)Onde histórias criam vida. Descubra agora