Capítulo 43

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(Lucien)

Uma fresta de luz penetrou nos olhos fechados do macho provocando-o para finalmente abri-los.

Ao abrir os olhos Lucien não se lembrava de nada. Ou quase nada. Aquilo era um sonho? Onde estava?

Ele tentou espiar mais ainda com seu olho mecânico o quarto amplo, limpo e muito ensolarado. A luz o fez franzir os olhos, não estava mais acostumado com tanto claridade.

- Lucien... – Uma voz doce chamou por ele.

Lucien encarou a fêmea maravilhosa que o olhava de volta. Era tão linda. Seus olhos de corça tão familiares... Entretanto, ele não conseguia se lembrar de onde a conhecia.

- Você acordou. – Ela sorriu grata e ele não conseguia entender o motivo.

Ele mais uma vez tentou se sentar na cama macia, mas a fêmea disse:

- Não se levante. Ainda não. Vamos devagar está bem? – Ela pegou com as mãos delicadas as dele cheia de arranhões e muito ásperas.

Ela era tão linda. A fêmea mais linda que ele já tinha visto na vida.

- Está com dor? – Ela perguntou.

A dor.

Lucien tomou conta de seu corpo, dolorido em vários lugares.

- A curandeira disse que demoraria um pouco mais para que acordasse. Estou feliz que ela estava errada. – Ela sorriu novamente para ele.

- Onde estou? – Lucien finalmente conseguiu dizer, sua garganta arranhando.

Ele olhou ao redor o quarto limpo e ensolarado que não fazia o menor sentido.

- Na Corte Diurna. – Ela disse calmamente, sem querer alertá-lo. – Helion te trouxe para cá. Você, sua mãe...

Lucien fez um esforço absurdo para entender o que estava acontecendo. Toda vez que tentava acessar sua memória tudo que sentia era dor.

- Jesminda? – Lucien perguntou por sua amada.

A fêmea na sua frente ficou muda. Parecia que Lucien havia feito a pergunta errada, pois ela se contraiu, soltando sua mão delicadamente.

- Por que estamos na Diurna? – Ele fez outra pergunta.

- Você foi capturado por Beron na Outonal. Fez isso para me salvar... – Ela engoliu em seco. – Você se lembra de...

A porta do quarto foi aberta e a mãe de Lucien entrou nos aposentos. A fêmea que agora estava com ambas as mãos nos joelhos apertando-os virou-se tentando cobrir seus olhos marejados.

- Filho. – A senhora da Outonal veio até ele. – Que bom que está acordado.

- Mãe, o que está acontecendo? Por que estamos na Diurna? Cadê Eris?

- Vou deixar os dois a sós. – A fêmea do olhar de corça saiu tão rápido que Lucien imaginou se a tinha afugentado com suas perguntas. Lucien mais uma vez não soube descrever o sentimento ruim que foi quando a viu fechar a porta.

- Se acalme filho. – Amber se sentou ao pé da cama dele. – A curandeira disse que poderia haver confusão ao acordar. – Lucien franziu os olhos prestes a lançar mais perguntas, mas Amber foi mais rápida. – Eris está na Outonal com Lyra. Preparando tudo para sua coroação.

- Coroação? – Lucien achava que estava num sonho muito louco. Seu pai tinha morrido? – Cadê meu pai?

- Helion está chamando a curandeira. – E assim que disse isso, uma fêmea baixinha e anciã entrou no quarto, seguida de uma figura alta e masculina.

Corte de Laços e Profecias (ACOTAR ELUCIEN)Onde histórias criam vida. Descubra agora