Capítulo 38

647 68 35
                                    

- O que deu na sua cabeça de ir para a Corte Primaveril?

Feyre e Nestha estavam agora no antigo quarto de Elain. Antigo, pensou ela, porque simplesmente sentia que já não se encaixava mais ali. Não muito pela corte Noturna, mas definitivamente não mais morando na casa de sua irmã.

Depois das viagens entre as terras humanas visitando Jurian e Vassa, depois para a Corte Primaveril, e bem, contra a sua vontade, até a Corte Outonal, Elain sentia que não fazia parte da Corte Noturna.

Se fosse sincera com ela mesma, nunca havia se encaixado ali, muito menos no círculo íntimo. Depois de explorar com Lucien alguns outros cantos do continente, e após a conversa ácida de horas atrás tudo tinha se tornado mais claro.

Ela não podia identificar exatamente em qual terra pertencia, mas tinha certeza de uma coisa: seu lugar era junto a Lucien. E naquele momento ele estava sendo feito de prisioneiro pelo seu pai tirano e seus irmãos cruéis. Estaria Eris e sua mãe conseguindo proteger Lucien?

Elain tentou mais uma vez estabelecer conexão entre o laço de parceria. Não tinha muita prática e definitivamente não queria pedir ajuda à suas irmãs, mesmo elas tendo total controle sobre os delas. Ela sabia que Feyre e Nestha tinham medo do que poderia acontecer se Elain partisse em busca de Lucien. Tinham acabado de tê-la de volta, e o fato de ter sido raptada pela família de seu parceiro não ajudava em nada.

- Hein Elain? – Nestha reinterou a pergunta de Feyre.

Elain perdeu totalmente o fio da meada em seus pensamentos, encarando as duas irmãs.

- Por que foi para a Primaveril? – Feyre perguntou de braços cruzados. – O que te deu na cabeça?

Elain sentiu o indício da raiva preencher seu peito. Não queria discutir com suas irmãs a menos de vinte e quatro horas de estar de volta. A Mãe sabia o quanto teve saudades delas enquanto esteve insegura na Outonal, e mesmo nas outras cortes quando estava viajando com Lucien quis poder compartilhar seus descobrimentos e vivencias com elas, mas a forma infantil e protetora que a tratravam estava saindo dos limites.

- Porque você encarregou Lucien de verificar Tamlin. Ou não? – Elain franziu as sobrancelhas também cruzando os braços.

- Sim, mas encarreguei Lu...

- Lucien é meu parceiro, vocês já deveriam saber que onde ele for eu vou. Ou vão me dizer que não é isso que vocês duas fazem em relação à Rhys e Cassian? Que não se meteram em inúmeras enrascadas com eles? Por que pra mim o tratamento é diferente? – Elain olhou desta vez para Feyre: - Você pode ser a Grã senhora daqui, e eu reconheço e sou grata por tudo que fez por mim desde quando ainda eramos humanas. Você também Nestha. – Disse ela olhando agora para a outra irmã. – Mas posso me cuidar agora e tenho minha vida e minhas prioridades que no momento são tirar Lucien da Outonal.

Feyre engoliu em seco procurando por uma resposta, enquanto Nestha colocou as duas mãos na cintura.

- E estamos noivos. – Elain revelou.

- O que? – Suas duas irmãs gritaram.

Elain pegou a caixinha preta que Lucien colocara em seu bolso momentos antes de ser carregada por Azriel para longe dele e da Outonal e mostrou o conteúdo dela para suas irmãs revelando um lindo anel de safiras.

Ela só abrira a caixinha na caverna em que estiveram escondidos com Lyra no caminho de volta para Velaris. Enquanto Lyra e o encantador de sombras descansavam do longo voo, Elain finalmente teve coragem para saber o que tinha nela, apenas para comprovar o que já sabia:

Lucien a amava e queria casar com ela. Queria fazer a cerimônia humana da qual Elain sempre sonhara com. Ele não chegara a pedí-la em casamento, não tiveram tempo. Foram separados por forças externas, mas mesmo Lucien não tendo a total certeza de que se veriam novamente, ele fez isso por ela. Estava disposto ao matrimônio humano como mais uma forma de declarar seu amor infinito por ela. Mesmo abrindo mão de sua vida para que Elain saísse da Outonal à salvo, ela sabia o que aquele anel de safira significava. Uma promessa, um sinal do seu amor.

Corte de Laços e Profecias (ACOTAR ELUCIEN)Onde histórias criam vida. Descubra agora