Capítulo 24

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- Eu preciso ir até a Primaveril.

Lucien foi direto ao ponto. Detestava tratar de assuntos que aborreceriam sua parceira. Mas era necessário. Já estava postergando essa viagem há semanas, e Rhysand como Grão Senhor já estava ficando impaciente.

Elain ficou em silêncio.

Os dois estavam jogados na grama, admirando as estrelas no calor do verão humano.

- Será breve eu prometo. Voltarei antes que se dê conta.

- Como se fosse simples. – Elain se sentou e Lucien acabou a imitando. – Eu vou com você.

- Você detesta Tamlin e a primaveril.

- Eu não detesto a primaveril.

Mas sim, Lucien tinha razão. Elain odiava Tamlin.

Ele deu um olhar calculista para a fêmea ao seu lado.

- O que aconteceu com o "Quero poder viajar o continente inteiro com você?" – Elain tentou rebater. - A Primaveril faz parte de Prythian. Além disso, foi o lugar onde minha irmã viveu durante meses, onde você viveu durante séculos. Ela sempre me disse que eu iria gostar da Primaveril, assim como você.

E era verdade. Depois daquela noite fugindo de seus irmãos numa caverna com Feyre, ela havia fornecido as primeiras características de Elain para ele. E lembrava bem quando Feyre disse que Elain gostava de jardins. Ela definitivamente adoraria a Primaveril por conta dos encantáveis jardins de flores que nunca murchavam.

Lucien pensou meticulosamente as possibilidades e Elain não se dera por vencida.

- Vamos Lucien. Você mesmo disse que não vai demorar muito.

- Está bem. – Ele respondeu enquanto Elain levantava os braços, vencedora. – Eu realmente não consigo lidar mais com distâncias entre nós.

- Ótimo! Nem eu. – Elain deu um beijo na bochecha de Lucien se levantando rapidamente para eles entrarem.

Ao se levantar, foi tomada por um clarão na mente, nos olhos, ela não soube acompanhar. Foi tão rápido que Elain quase cambaleou, se não fosse a agilidade de Lucien segurando seus braços e fornecendo equilíbrio.

De repente suas mãos começaram a soar, seguidas da vista escurecida. Elain conhecia essa sensação. Conhecia e temia ela quase todos os dias desde que teve uma visão pela primeira vez.

Ela foi tomada por uma fria sensação percorrendo sua espinha assim que o clarão se tornou uma imagem.

As mesmas que havia tido não muito tempo atrás. De Lucien, num reino desconhecido, provavelmente a Outonal como ele relatara. Cercado de outros machos ruivos, entretanto Lucien estava com o cabelo na altura do queixo e o rosto desolado. Ensanguentado.

O estômago de Elain embrulhou ao ver aquela cena. A dor em seu parceiro.

Um senhor sentado num trono com o rosto satisfeito ao ver o sofrimento de Lucien sorriu para ele. Satisfeito.

Em seguida, mais informações se juntaram a aquela visão. Uma figura escura.

Azriel. Com a reveladora da verdade em mãos e o rosto rígido.

Elain tentou adivinhar o que Azriel tinha a ver com aquela visão de Lucien, mas foi rápido demais para que conseguisse ver até o fim. Um fio preso em sua costela a puxava para a realidade. Uma realidade em que estava debaixo de um céu estrelado.

- Elain. Volte para mim.

Aquela voz que afugentava qualquer pesadelo dela tentava trazê-la de volta.

Corte de Laços e Profecias (ACOTAR ELUCIEN)Onde histórias criam vida. Descubra agora