Capítulo 37

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As sentinelas de seu pai abriram espaço para o seu Grão senhor.

- Ora, ora, ora. Se não é o meu filho desertor. – Seu pai aparentava estar mais velho do que da última vez que o vira. A barba rala já misturada entre tons ruivos e brancos.

Beron puxou alguém de detrás de si, com outra sentinela a segurando.

Mãe.

Quanto tempo fazia que Lucien não via a sua mãe? Provavelmente desde sob a Montanha. Mesmo após aqueles anos e a palidez que se encontrava, sua mãe ainda era bela. Seu cabelo longo e ondulado nos tons de ruivo, exatamente da cor dos de Lucien, exceto pelos olhos, que Eris herdara, mesmo passado os anos, Amber era de dar inveja a qualquer fêmea de sua idade.

Ela o encarou. Mesmo triste ainda podia enxergar o contentamento ao vê-lo. O coração já maltratado de Lucien apertou ainda mais ao vê-la entre lágrimas nos braços de seu pai abusivo.

- Filho. - Amber disse.

Lucien deu um passo em direção a ela, a eles. Não estava pensando direito, Elain tinha partido nos braços do encantador de sombras e agora sua mãe estava ali bem na sua frente apenas com Beron e suas sentinelas os separando.

O grão senhor da Outonal reagindo ao passo do filho puxou sua mãe para detrás de seu corpo.

- O que dizem por aí? Um bom filho a casa torna. – Beron bufou sem emoções paternais. Exceto pelo seu sorrisinho de glória. Finalmente tinha conseguido caçar Lucien. Tinha-o ali exatamente como queria.

- Solte minha mãe, pai.

- Sua mãe tem sido insolente comigo. – Beron pressionou seus dedos na pele pálida do braço de Amber, ela em contrapartida fechou os olhos não querendo demonstrar tristeza para o caçula, mas foi exatamente isso que ela transmitiu e Lucien trincou o maxilar em resposta. - E você é resultado dos maus cuidados dela. – Beron continuou. - Por ser o mais novo ela te deixou muito livre para fazer o que desse na telha. Veja só as merdas que fez nos últimos anos... Mas agora que está de volta as coisas vão mudar. Guardas!

- Esperem! – Amber finalmente falou desesperada, mas os guardas fingiram não ouvi-la. Não era ela que dava as ordens ali. Não era grã senhora. – Beron, o que pretende fazer?! – Ela tentou se libertar do outro guarda e com a mão livre segurou nas vestimentas de seu marido, prestes a implorar.

- O que eu devia ter feito há muito tempo. Educá-lo.

Oito sentinelas de seu pai marcharam até Lucien que continuou parado. Um deles chutou por detrás de suas pernas, fazendo-o ajoelhar-se. Lucien continuou digno, com a aparência séria, não demonstrando emoção alguma.

Ele sabia que seu plano era arriscado. Lembrava-se da força de seu pai bem demais, mesmo que lutasse todos os dias incansavelmente para esquecer das memórias do passado. O que importava agora era que Elain estava em segurança. Tinha-a colocado em perigo pelo simples fato de estar enlaçada nele. A culpa e o medo tomaram conta de cada parte de Lucien há dias, desde seu sequestro na Primaveril. Culpa pela decepção que vira no Círculo Intimo ao informa-los de que Elain tinha sido sequestrada por sua família, e medo pelo que podia estar acontecendo com Elain todos aqueles dias separados. Entretanto, enquanto estava ali sendo preso por Beron, dava mais tempo ainda para que Azriel voasse para bem longe. Sua parceira viva era tudo o que importava. E isso por si só já trazia o sorriso de volta aos lábios de Lucien. Aquele zombeteiro tão característico dos Vanserra. O sorriso afiado que seu pai tanto detestava quando Lucien saía dos trilhos.

Tinha aguentado firme todos aqueles séculos vivendo na Outonal. Era um sobrevivente. Claro que o assassinato de Jesminda tinham sido o estopim fazendo-o partir, mas agora de volta ao seu pesadelo, Lucien não podia sucumbir a ele.

Corte de Laços e Profecias (ACOTAR ELUCIEN)Onde histórias criam vida. Descubra agora