Capítulo 32

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Elain caminhava a passos largos sendo escoltada por dois grandalhões de Beron. Ela sabia que havia chegado a hora. O que quer que Beron perguntasse a ela, teria que dar uma resposta à altura e convincente ao pai de seu parceiro.

Ao entrar na sala do trono, viu Beron já sentado nela. O rosto impaciente e ao mesmo tempo ansioso. Atrás dele, porém em pé, estava a senhora da Outonal e mais ninguém. Elain tentou ler o rosto de Amber, mas seus traços estavam impacíveis.

- Elain. – Beron anunciou, dando uma rápida olhada para seus dois sentinelas que largaram Elain na sala e fecharam as portas atrás de si. – Espero que esteja sendo bem hospedada no Castelo.

Até parece. Beron pouco se importava, pensou ela.

- Sim, senhor. – Elain respondeu fazendo pouco contato visual, sua voz baixa, mas firme. Era melhor fazer a leitura do espaço do que partir para o confronto.

- Ótimo. – Beron franziu os olhos. – Como você sabe eu te chamei aqui porque preciso de uma atenção especial sua. Quero que preveja algo para mim, e como é a parceira de meu filho imagino que não será um problema para você fazer essa gentileza.

Como ele era sínico. Como se Elain estivesse lá por um simples convite e não porque havia sido capturada e arrastada para a Outonal sem seu consentimento. Como se ser parceira de Lucien amenizasse a crueldade de Beron.

- E o que o senhor gostaria que eu previsse? – Se Beron podia ser enigmático, Elain também poderia. Pelo menos no começo. Usar os mesmos mecanismos que ele.

- Quero saber quanto tempo mais continuarei no trono. E se a Outonal prosperará da forma que eu espero.

Ótimo. As perguntas rasas de Beron. Como é que ela saberia que forma ele esperava que a Outonal prosperasse?

Ela tinha duas alternativas: A primeira era realmente tentar prever algo. Qualquer coisa que fosse aceitável para Beron. E a segunda, que mais se parecia com um plano B seria inventar caso não visse nada.

A maioria das vezes que preverá algo inesperado, tinha sido por conta do toque de suas mãos em outra pessoa. Ela se lembrou do ocorrido com Eris na Corte Diurna. Tinha sido totalmente sem querer, mas talvez com inteção também funcionasse.

Era o único plano que tinha.

- Se o senhor me permite, preciso estabelecer contato físico... – As bochechas de Elain coraram e sua voz falhou. – Tocar a sua mão será o suficiente.

Ou pelo menos era o que esperava.

Beron a mediu desconfiado sentado no trono. – Vá em frente.

Elain subiu os degraus até o trono. Com suas mãos ainda frias, ela segurou a mão grossa e calejada do grão senhor. Ele a encarou com um olhar de julgamento, e até um pouco de pesar.

Elain fechou os olhos para poder se concentrar.

Por favor, por favor, funcione. Qualquer previsãozinha.

E nada surgiu em sua mente. Nem uma leve dor de cabeça que antecipava uma visão.

Os segundos passaram e Elain continuou em silêncio, mas ela podia sentir Beron do outro lado impaciente.

- E então? – Ele disse.

Merda. Merda. Merda.

Elain se lembrou do dia que conversou com Azriel sobre seu dom. Sobre como ele a havia instruído a acordar a magia dentro dela. Elain podia sentir que estava lá, só não sabia como ativá-la. Sempre teve tanto medo, que o bloqueará dentro de si. Entretanto, ali naquele momento, só de tentar acessá-lo sentia a faísca em seu âmago.

Corte de Laços e Profecias (ACOTAR ELUCIEN)Onde histórias criam vida. Descubra agora