(Amber)
Estava livre.
Segura.
Havia atravessado algumas vezes com Helion, da Outonal até a Invernal e depois de lá até a Crepuscular, onde Helion deixara na fronteira seu cavalo branco alado antes de ter partido para resgatar Lucien e a ela.
Lucien pela decisão comum entre todos, seria transportado por Jurian, Vassa e Elain até a Diurna onde teria acompanhamento médico pelos curandeiros.
Durante toda a viagem Helion falou pouco. Amber tentou dialogar, mas Helion disse que conversariam quando chegassem em casa. Ela se perguntou se ele se referia a casa dele, ou se a incluía também ao seu lar agora.
Ao fazerem a travessia, seguraram nas mãos um do outro e ele a ajudou a subir no alado que era duas vezes mais alto do que um cavalo comum.
Ao olhar o cavalo branco, foi tomada por lembranças de quase uma era atrás. Lembrou-se de como Helion era orgulhoso por seus cavalos alados conhecidos por toda Prythian. Se lembrou também de como eles costumavam sobrevoar a Diurna bem tarde da noite, despercebidos e escondidos, passando pelas estrelas brilhantes do céu.
Amber não pôde explicar a sensação das mãos grossas e quentes de Helion novamente em contato com as suas. Eles não entrelaçaram os dedos um no outro como faziam rotineiramente séculos atrás, porém ela sentiu sua pele se fundir a dele naturalmente. O encaixe perfeito.
A viagem sobrevoando as Cortes foi mais longa do que Amber se lembrava. Ela tentou inutilmente ficar ereta durante todo o trajeto, porém depois de algumas horas sua coluna começou a ceder. Ela foi encostando aos poucos ao peito de Helion e o macho atrás dela não demonstrou incomodo algum.
Amber só percebeu que havia cochilado nos braços de Helion quando sentiu o impacto do cavalo ao chegar ao solo. Seu rosto branco e sardento foi tomado pela vergonha de não ter conseguido controlar seu cansaço, porém Helion gentilmente fez questão de segurá-la para que não caísse. Depois desceu do cavalo alado, pegando Amber com facilidade pela cintura e levando-a ao chão.
Tinham muito que conversar, pensou ela.
Sabia que Helion estava incomodado por descobrir sobre Lucien daquela forma. Ainda mais incomodado por ter desperdiçado tanto tempo sem saber que tinha um herdeiro. Décadas que não voltariam. E isso era culpa dela.
Ele se encarregou de leva-la a um de seus luxuosos banheiros para visita e introduziu uma de suas empregadas dizendo que ela providenciaria o que fosse necessário para que Amber pudesse se banhar e relaxar do caos da Outonal.
A última coisa que ela queria era se banhar. Mas assim que viu seu reflexo no espelho, completamente suja e desordenada pela batalha, percebeu que era imprescindível. Não sabia que estava com a aparência tão acabada. Ela olhou para Helion uma última vez antes de a criada fechar a porta da suíte, apenas para ver que o Grão senhor também não estava nada bem, suas vestimentas brancas cobertas de muito sangue. Se dele ou de Beron, Amber não soube dizer.
A empregada não pareceu se importar, fazendo de tudo para não encarar em choque o corpo machucado e magro de Amber antes de entrar na banheira quente. Amber nunca tinha parado para reparar em seu próprio corpo quando estava na Outonal. Talvez uma autodefesa para não deixar-se sucumbir pelo desespero.
Depois do banho, pendurado no cabideiro estava um longo vestido de cetim azul, muito oportuno para o calor noturno da Diurna. Não havia um par de chinelos ou sandálias, de forma que Amber optou por ir descalça. Ao vesti-lo foi direto para a sala de estar, tão ampla e aberta que pela primeira vez ela sentiu vontade de chorar de alívio, mas se segurou ao ver a figura máscula de costas para ela, com um copo de vinho nas mãos olhando o horizonte perdido em pensamentos.
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Corte de Laços e Profecias (ACOTAR ELUCIEN)
FanfictionApós a guerra contra Hybern e a queda do muro separando humanos de feéricos, a vida de Elain uma vez transformada estará prestes a virar de ponta cabeça novamente. Ainda tentando se acostumar a sua nova vida, lutando contra os traumas do passado, el...