capítulo 7

460 41 3
                                    

                 ANTHONY FERRAZ

                  15 DIAS DEPOIS

Estou na sala que é o escritório do meu pai. Não gosto de passar muito tempo em um único lugar.
Me formei em Administração e ocupava o cargo de Diretor Administrativo Financeiro na empresa mais renomada dos Estados Unidos, a Reese Company. Trabalhei lá por anos e era próximo do CEO, Ethan Reese. Trabalhávamos em conjunto e devo dizer que era bom no que fazia. Sempre fui responsável por administrar o setor financeiro da empresa, cuidando da gestão e do planejamento. Era cansativo e consumia muito do meu tempo, mas eu amava o que fazia e me proporcionava uma vida confortável. Graças aos anos de trabalho lá, acumulei uma pequena fortuna, já que os salários eram significativamente maiores do que os praticados aqui no Brasil. Não tinha vontade de voltar ao meu país de origem, mas meu pai teve problemas de saúde e me pediu para substituí-lo como CEO, pois além da rede de supermercados, temos uma fábrica da marca Ferraz. Portanto, tenho muitas responsabilidades para administrar, e o conselho aprovou essa decisão, então aqui estou.
Esta é a sede da empresa, onde fica o escritório. Meu pai está enfrentando problemas trabalhistas aqui e me pediu para resolver essas questões delicadas.
Tenho uma personalidade impaciente quando se trata de negócios. Sou um ótimo estrategista e meu lema é organização e controle. Ninguém vai me enrolar com conversa fiada, não tolero negligência, e desde o início não gostei da forma como esse tal de Ricardo trabalha. Minhas impressões só pioraram quando o vi recebendo sexo oral de outra mulher enquanto sua esposa assistia, traumatizada, a toda aquela cena horrível. Aquilo foi a gota d'água para mim. Mas por insistência do meu pai, tenho que mantê-lo na empresa, e isso é insuportável para mim. Se eu fosse o presidente da empresa, ele seria um dos primeiros a ser demitido.
Já fui traído uma vez... e nem gosto de lembrar da sensação amarga que senti. Isso simplesmente não se faz, e espero que aquela doce mulher tenha se livrado desse peso morto. Ninguém merece a dor da traição, muito menos ter que continuar com a pessoa como se nada tivesse acontecido. Vi-a se despedaçando diante dos meus olhos, e doeu ver seu sofrimento, sua queda. Permiti que chorasse em meus braços na esperança de que se sentisse acolhida, de que eu pudesse mostrar que ela não estava sozinha de alguma forma. Porque quando me perdi, tive ajuda para me reerguer. Nem sei o que seria de mim se não fosse assim. Espero que ela tenha uma base sólida para se apoiar e torço para que supere essa situação, que sirva de aprendizado para ela.
Saio da minha sala para buscar um café para mim. A cafeína é boa para nos manter alertas. Vou até a copa e me sirvo de café na máquina quando Bianca se aproxima.
— Bom dia, Sr. Anthony — ela fala provocativamente.
— Bom dia, Bianca. Já disse que não precisa me chamar de Sr. — ela abre um amplo sorriso.
— Tudo bem, Anthony. Teremos um happy hour hoje, não está afim de ir? — ela pergunta e eu olho para ela com interesse, mas logo me disperso.
— Fica para próxima, Bianca. Mas divirta-se. — falo e vou direto para minha sala, onde volto a analisar os relatórios de entradas e saídas da empresa. Meu pai tem um administrador e já falei com ele sobre o relatório gerencial financeiro dos últimos 6 meses, para que seja entregue o mais rápido possível. Eu não confio nas pessoas, e quando meu radar aciona, meu lado administrador sempre entra em ação. Acho que é força do hábito.

                MELINDA OLIVEIRA

Hoje faz 15 dias desde que meus pais e tia foram embora. 15 dias em que estou sozinha com meu algoz. Ele está calado, não vem almoçar nem jantar, e agradeço por isso. Não saberia enfrentá-lo mesmo se quisesse.
Eu aproveito o sol como sempre, inclusive estou me aventurando a cuidar das plantinhas, e isso me faz bem. O sol me faz bem. Quando é hora de preparar o almoço, entro em casa. Vejo que tenho uma mensagem dos meus pais que ignoro e só respondo minha tia e Mia.

Tia Carla: Bom dia! Queria saber se está tudo bem?

Eu: Sim, tia, tudo bem.

Um Anjo Na Escuridão Onde histórias criam vida. Descubra agora