ANTHONY FERRAZ
O plano de Heitor era que alguns de seus homens seguissem para a frente da casa como distração. Heitor, Ângelo, William e eu seguiríamos pelos fundos da casa. Assim que a primeira equipe de distração seguiu para frente, estávamos invadindo pelos fundos e ouvimos uma breve troca de tiros. Um dos homens de Ricardo foi pego por Ângelo, que o deixou desacordado com uma coronhada na cabeça. William ficou para trás, acredito que para algemar o cara. A adrenalina corria solta em meu sangue enquanto eu seguia silenciosamente. Em certo momento, tive um vislumbre de movimento e me escondi em um dos cômodos escuros. Logo percebi que era Ricardo, e um pico de ódio e raiva acendeu em mim, dando-me força e destreza. Quando ele se aproximou o suficiente, de costas e muito preocupado com a porta da frente para perceber onde estávamos, ataquei-o pelas costas em um mata-leão, envolvendo meu braço ao redor de seu pescoço e aplicando pressão na parte de trás, apertando com o máximo de força que eu conseguia para restringir seus movimentos. Minha vontade era de matá-lo, mas não vou dar esse gostinho a ele.
— Achou mesmo que você iria pegar minha mulher e sair impune, seu desgraçado? — Ele tenta afrouxar meu aperto em seu pescoço, agarrando meu braço e tentando fazer movimentos de defesa, mas não me dou por vencido. Quando estou prestes a fazê-lo perder a consciência, Ângelo e William aparecem e o seguram um de cada lado.
— Olá, desgraçado. Vamos mostrar o que homens que sequestram e espancam mulheres merecem. — Sem esperar por sua resposta, acerto o primeiro soco em seu rosto, virando-o para o outro lado. Eu continuo socando seu rosto e observo filetes de sangue saindo pelo seu nariz. Ele tenta se defender e avançar em mim, mas Ângelo e William apertam ainda mais o agarre em seu braço, transformando-o em um saco de pancadas nas minhas mãos. Eu soco seu estômago e suas costelas repetidamente, até me cansar e vê-lo cuspindo sangue pela boca, ajoelhando-se de dor.
— Vamos lá, Ricardo, você não é homem para agredir Melinda.
Ele sorri, cuspindo sangue, me deixando possesso de ódio.
— Aquela vadia... mereceu cada soco, tapa e chute que levou. Você não imagina como ela se humilhava, implorando por minha atenção como uma cadela. Ela é uma cadela bem treinada, eu amava ver suas lágrimas, ou vê-la implorar para ter meu pênis em sua vagina frígida. Meu plano era foder com ela até quebrá-la, como aconteceu na noite em que ela viu como eu fodo a boca de uma puta, eu iria...” – eu não aguento ele falando assim de Melinda e soco seu rosto repetidamente até que ele desmaie e Ângelo e William me seguram pelos braços, depois que deixam um Ricardo desacordado cair no chão.
— Calma cara. Você não pode matá-lo. Isso marcaria você para sempre. — fala Ângelo. Depois de recuperar minha sanidade, ele me solta.
— Quando tive que executar um desgraçado eu tinha apenas 15 anos e fiquei marcado para sempre. Apesar de ter matado muitos outros depois, o primeiro nunca esquecemos e acredite, você não precisa conviver com isso... — Ângelo fala virando as costas. Eu imagino que o passado de Ângelo não é bonito, o cara é moldado em dor e escuridão.— William, você quer ter a honra de livrar o mundo de mais um desgraçado? — ele pergunta olhando para William, dando um sorriso psicopata. William sorri abertamente e esfrega uma mão na outra.
— Porra, estava esperando você me ceder essa oportunidade. — William responde enquanto tira um canivete do bolso e começa a cortar o rosto de Ricardo. E eu assisto com prazer, sei que é um crime e que eu deveria estar fugindo daqui, mas algo dentro de mim quer ter a certeza de que esse ser desprezível nunca mais vai encostar na minha garota novamente.
— Por favor, me matem logo... — Ricardo pede e William e Ângelo sorriem.
— Acredito que você amava ouvir Melinda implorar, não é mesmo Ricardo? — pergunta Ângelo com uma arma na mão, ele coloca o silenciador e mira na coxa de Ricardo, efetuando um disparo. Ricardo começa a gritar, mas William não permite, pegando uma bucha de pano e enfiando em sua boca. Heitor aparece e sorri.
— Vejo que começaram o tratamento especial por aqui. — Eu achei que ele seria contra essa situação toda. Mas logo vejo que estou no meio de mercenários. Em seguida, o policial aparece.
— Tudo limpo, nenhum homem vivo para contar história. — O cara, que acho que se chama Carlos, fica assistindo William descascar a pele do peito de Ricardo enquanto ele está jogado no chão.
— Meus homens já trouxeram os galões de gasolina como me pediu Ângelo. — Heitor comunica. Então, Ângelo olha para mim.
— Terminaremos aqui, Anthony. Venha. — Eu sigo ele, mas não antes de olhar William e Heitor torturando Ricardo.
— Você sabe que ele não vai sair vivo daqui, não é? — Ângelo pergunta.
— Sim.
— E como se sente quanto a isso? Conseguirá viver tranquilamente depois do que presenciou? — Eu não demoro nem um segundo para responder.
— Se o que Melinda precisa para viver em paz é a morte de Ricardo, eu mesmo o mataria se fosse preciso. Pois eu sei que ela só teria paz e completa liberdade com sua morte. Já que as leis do Brasil são tão falhas. — Eu expresso o que eu penso.
— Por isso, eu sempre faço justiça com minhas próprias mãos, sempre andando entre os dois mundos. Pois não acredito em justiça que não seja a que eu faço. — É com essas palavras que ele me segue para procurarmos Melinda. O casarão, caindo aos pedaços, tinha vários quartos vazios e cheios de bugigangas.
— Este lugar queimará daqui a poucos minutos, só vamos esperar vocês saírem daqui. — ele informa.
— A polícia irá interrogar você. Diga que receberam uma dica anônima sobre o local onde Ricardo estava com sua mulher. Você comunicou ao policial Carlos e Rogério e seguiram os três para lá. Houve uma intensa troca de tiros, vocês conseguiram salvar Melinda, mas todos morreram na explosão que aconteceu na casa. Pode haver furos na história, mas será um dos homens que tenho em minha folha de pagamento, então não se assuste. — Ele explica rapidamente como devo agir e o que não falar, nada sobre ele, Heitor ou William.
— Susana, você acha que será um problema? — pergunto, o que vem tirando meu sono.
— Cuidarei para que ela não tenha tempo nem dinheiro para pensar em outra coisa, a não ser se manter livre das acusações que terá sobre ela. Rosa foi embora do país assim que saiu da fazenda junto com seu filho Juca e depois do incentivo que William deu a ela, acredito que não voltará a incomodar vocês. — Ângelo diz, sanando todas as minhas dúvidas. Menos uma.
— Por que vocês me ajudaram? Eu estou muito grato, devo a vocês a vida da minha mulher, mas por quê? — Ele para, olha para mim e posso ver escuridão, conflito e dor em seus olhos.
— Há anos atrás, se eu tivesse conseguido ajuda, não teria assistido matarem meu filho na minha frente e não poder fazer nada para salvá-lo. — Com essas palavras, ele me deixa em frente à porta onde minha mulher está sendo amparada por Sergio, e eu corro para meu amor.
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Um Anjo Na Escuridão
RomanceMelinda Oliveira, de 20 anos, é uma jovem doce presa em um casamento fadado ao fracasso com um homem 20 anos mais velho, que tem prazer em humilhá-la e fazê-la chorar. Melinda faz de tudo para ser uma boa esposa, sonhando em encontrar a aprovação do...