EPÍLOGO 2

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              MELINDA OLIVEIRA

           ALGUNS ANOS DEPOIS

Estou saindo da floricultura às pressas, pois Marlucia ligou para mim há pouco contando que Alice aprontou. Essa menina não toma jeito. Pego meu carro e sigo para casa. Depois de muitas brigas, Anthony me convenceu a comprar um carro com câmbio automático e sensor de estacionamento. Foi uma luta, eu quase fiquei uma semana sem falar com ele. E ele, muito paciente, respeitou meu momento de infantilidade. Sempre cuidando de mim e vindo dormir na cama quando eu adormecia e levantava antes que eu me levantasse. Ele pensava que eu estava dormindo, mas eu não conseguia dormir sem ele, igual ele não consegue. Ele disse que era para minha segurança e quando eu quase bati o carro, eu percebi que estava sendo infantil e aceitei. Ele, em momento algum, me julgou, e se não tem como amá-lo ainda mais, eu arrumei um jeito. Porque Anthony é tudo para mim, nossa família é tudo para mim. Além da floricultura, abri outra filial e estou pensando em expandir ainda mais. Abrimos uma loja online onde vendemos diversos produtos para o cuidado e cultivo das flores e plantas e tem feito sucesso, e estou me sentindo realizada tanto profissionalmente como na vida pessoal.

Chego em casa 29 minutos depois e estaciono o carro em nossa garagem com vaga para 7 carros. Compramos uma casa enorme, um pouco afastada do centro, onde temos um pouco de paz. Marlucia nos acompanhou e é minha ajudante mais fiel na criação de Maria Alice. Quando saio do carro, percebo a enorme bagunça que minha filha fez e o pior, Anthony está no meio. Saio do carro furiosa.

— Maria Alice Oliveira Ferraz. — grito, e os dois param o que estão fazendo. Ela se esconde atrás do pai, que faz cara de cachorro sem vergonha.

— Anthony Ferraz, o senhor pode me explicar que desordem é essa na nossa casa? — ele se aproxima todo molhado com espuma na cabeça. Não é só a cabeça que está com espuma, é o quintal inteiro.

— Mulher maravilha do meu coração. — Ele começa. E eu seguro para não sorrir e dar mais munição para esses dois atrapalhados.

— Mamãezinha, vidinha minha. — fala Maria Alice, de apenas 5 anos, e que usa da mesma artimanha que o pai.

— Muito nova para estar usando dos jogos do seu pai, não acha, Alice? — Ela nega com a cabeça e sorri e eu sorrio de volta, abrindo meus braços.
— Venha aqui, sua pequena travessa. — ela corre e me abraça forte, molhando minhas roupas, mas não me importo. Eu amo demais essa sapeca. Mas o que enche meu coração de amor é ver Anthony Gabriel engatinhando na grama, com os dentinhos aparecendo em um sorriso largo. Eu me separo de Maria Alice e me agacho, esperando ele vir até onde estou.

— Você ouviu a voz da mamãe, meu amor? — Pergunto, e ele pede colo. Eu o abraço, beijando seus cabelos, tão parecido com os do pai. Anthony Gabriel é o pai escrito.

— Você estava com saudades da mamãe, não é, filhão? — fala Anthony, e o menino se agita para ir no colo dele. E eu entrego.

— Isso é truque sujo, Anthony. — faço cara feia, e ele beija meus cabelos. E eu vou até minha pequena espoleta.

— O que aconteceu com a piscina, Alice? — pergunto, e ela se encolhe.

— Eu peguei um pouquinho de shampoo, mamãe, para ficar cheiroso. — Eu acabo rindo da bagunça que está aqui, a piscina virou espuma toda e acredito que ela tenha mergulhado dentro dela.

— Já disse que isso é perigoso, filha. — falo, e ela enche os olhos de lágrimas.

— Me desculpa, mamãe. — eu vou para dizer que estava tudo bem quando o pai entra no meio.

— Você aprendeu a lição, não é, Alice? — ele olha severamente para ela, e ela confirma com a cabeça.

— Agora vá tomar seu banho e retirar essa roupa molhada. — Eu vivi para ver Anthony em modo papai, e devo dizer que é sexy. Ele está com uma fralda no ombro, Anthony Junior está com a mãozinha na boca, babado o pai todo, e ele está perfeito sem camisa.

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