capítulo 39

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              MELINDA OLIVEIRA

                 DIAS DEPOIS

Resolvemos ficar por mais alguns dias na casa de campo, estamos voltando depois de passar 7 dias lá. Foram maravilhosos, eu até me aventurei a montar na Dessa para tirar algumas fotos, mas logo quis descer e correr para longe. Enfim, foi perfeito, e prometemos retornar em breve. Vocês devem estar se perguntando se estamos fazendo planos a longo prazo, e a resposta é sim. Eu acho que já temos um tempo relativamente grande juntos e acredito que já deu para nos conhecer bem. Anthony conhece todas as minhas particularidades, e julgo que já vi o bastante dele. E espero que possamos ficar para sempre juntos. Já posso ver nosso futuro juntos, onde minha tia e irmã façam parte, e espero que seja lindo, feliz e tranquilo. Será que é pedir demais que Ricardo evapore do planeta terra, sumisse e nos deixasse em paz? Está se aproximando a audiência e o medo dele aparecer e fazer algum mal a mim ou à minha família só aumenta.

Chegamos em casa horas depois, exaustos. Procurando cama e mais nada, os guarda-costas também foram para casa. O apartamento em que nós moramos é muito seguro e, sendo assim, à noite não tem problema em ficarmos sozinhos ou até mesmo durante o dia, desde que eu não ande sozinha na rua. Aqui é minha fortaleza. Eu vou direto para o banho, mas Anthony precisou fazer alguns telefonemas e seguiu para o escritório. Depois do meu banho, me senti melhor fui em direção à cozinha, e ouço Anthony ao telefone.

— ... Mas o senhor está bem, pai? — Ele ouve algo do outro lado da linha.

— Quais os riscos da cirurgia, pai? — Ele ouve e vejo que passa as mãos pelos cabelos, bagunçando os fios, o deixando com uma aparência de moleque. Ele está sério, parece preocupado.

— Não entendo o porquê do senhor querer mexer com o testamento agora? Já que o senhor disse que a chance de mortalidade é tão baixa, não precisa, pai. — Ele soa meio desesperado.

— Estou preocupado com o senhor. Olha como está! Não aguenta nem pronunciar algumas palavras sem se cansar. — Ele anda de um lado para o outro.

— Certo, pai... Claro, eu vou sim... Sim, pai, chego aí o mais rápido possível. — Ele diz parecendo desolado.

— Não comecem a cirurgia antes da minha chegada, ok? — Ele exige.

— Eu devo chegar aí em algumas horas, pai... Sim, isso. — Ele continua.

— Até daqui a pouco, e se cuida. — Quando ele termina, ele joga o celular em cima da mesa e vira para mim, me puxando, e eu vou até ele.
— O que houve, Anthony? — pergunto, preocupada.

— Meu pai está com as artérias do coração entupidas e terá que fazer uma cirurgia de revascularização do miocárdio. — ele diz, e percebo a tristeza e abalo em sua voz.

— Alguns chamam essa cirurgia de ponte de safena. Os médicos colocam enxertos que funcionam como pontes, ultrapassando as lesões e proporcionando uma irrigação normal ao coração. — ele explica, visivelmente cansado e preocupado.

— A cirurgia é perigosa, Anthony?

— Meu pai disse que a chance de mortalidade é pequena, cerca de 1 a 3%, mas é um todo, não é? Toda cirurgia tem um risco.

— Vai se arrumar então, Anthony, você precisa estar ao lado de seu pai. — incentivo-o a ir, pois é o certo a fazer e parece que seu pai o chamou.

— Mas e você? Eu estava planejando chamar sua tia ou Marlucia para não deixá-la só. — ele fala, mostrando preocupação.

— Não precisa, eu fico aqui sozinha. Vou me deitar agora mesmo, e creio que dormirei logo. Acredito que Marlucia chegará cedo, não é?

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