capítulo 38

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                 MELINDA OLIVEIRA

                   DIA SEGUINTE

Acordei sozinha e isso me deu uma sensação de solidão. Eu me levanto e visto um dos meus vestidos hoje, preferi um vestido porque faz um pouco de calor lá fora. Quando saio para descer as escadas e ir à copa onde servem o café, o encontro com o notebook nas mãos. Quando ele me vê, sorri e acena para que eu vá até ele. Sigo até lá, e ele me puxa para sentar em seu colo.
— Bom dia, meu amor. — ele diz me dando um selinho.
— Bom dia, Tony. — abro um sorriso enorme para ele, que aperta meu bumbum. Ele fala bem baixinho no meu ouvido.
— Vejo que aprendeu. — eu gargalho.
— Acho que não tive muita opção, já que você tem um alto poder de persuasão. — ele sorri e suas covinhas aparecem maravilhosamente bem.
— No fundo, eu sei que você ama minha forma de persuadi-la.
— Não posso negar, Tony, que amo cada incentivo que você aplica para que eu possa... digamos que seguir à risca o que você me pede. — ele faz uma cara de desacreditado e eu lambo seus lábios.
— Olha como ela está saidinha. — ele fala me puxando para um beijo rápido.
— Tem sorte que preciso alimentá-la. — ele diz sorrindo e pegando uma empada e direcionando em minha boca.
— Morda. — ele manda. Eu fico olhando para ele com cara de reprovação, mas acabo fazendo o que ele pede e o sabor é maravilhoso.
— Humm. Isso está muito bom. — eu falo mastigando a delícia salgada.
— Esse seu gemido está me dando ideias, Melinda. — ele olha para mim com um sorriso safado, e sinto sua ereção formando volume. Quando me preparo para sair de seu colo, ele me puxa para sentar em cima de sua ereção.
— Não faça isso, sua safada. Agora terá que fazê-lo se aquietar. — ele fala empurrando o quadril para ficar ainda mais pressionado contra meu bumbum.
— Nem pense nisso, amor. — eu baixo meu tom e falo.
— Você me deixou acabada ontem. — ele gargalha e eu beijo seus lábios. E continuamos a tomar nosso café da manhã incrível. Logo após, ficamos na sala de estar, mesmo, assistindo TV, nos curtindo e trocando beijos no enorme sofá, que parece abraçar nosso corpo, ele é quase uma cama.
Bem tardezinha, Anthony pega minha mão e me puxa para o seu lugar secreto. Distanciamos um pouco da casa, ele me puxa para perto de uma enorme árvore com o tronco largo e me encosta nela.
— Sabe o que eu mais admiro em você, Melinda? — ele pergunta.
— Não, o quê?
— Você nunca reclama de nada. Eu te trouxe para uma fazenda cheia de animais, meio rústica, diferente de tudo que você já experienciou, creio eu, e você em momento algum disse qualquer coisa contra o lugar, e nem fez cara feia.
— Sabe, Tony, eu não tive muito direito de escolha em minha vida. E você foi minha primeira escolha. Eu escolhi ficar com você, escolhi ser sua. E você sempre me permite escolher o que eu quero. E o que eu sempre quero é estar onde você está. Poder experimentar novas coisas, visitar novos lugares. Você me faz me sentir eu. — ele passa a mão por meu rosto enquanto a outra está encostada na árvore. Ele une seu corpo junto ao meu e me beija loucamente, um beijo de entrega me apertando contra seu corpo, e ficamos ali por alguns minutos, namorando, vivendo em nosso próprio mundo.

Após nos recuperarmos, vamos em frente e ele me apresenta uma enorme casa na árvore. Ela é toda feita de madeira, tem uma escada feita de tronco de árvore com os degraus de madeira. Ele me puxa para subirmos.
— Nós vamos cair aqui, Anthony.
— Não vamos não, confia em mim. — ele me puxa e seguimos para dentro do local. Lá tem uma cadeira, uma mesinha e uma poltrona pequena. É bem ajeitadinha e a estrutura é de madeira, mas é resistente, já que aguentou nosso peso. Não é tão pequena, mas Anthony fica envergado. Eu olho para ele pegando alguns brinquedos jogados no canto; está bem empoeirada, tem alguns lápis de cor jogados na mesinha, assim como algumas peças de quebra-cabeça jogadas no chão.
— Esse aqui era meu forte. Eu nunca tive amigos, os caseiros tinham apenas uma filha, a Rita, e bem... eu não tinha paciência com ela. Então meu pai ou minha mãe ficavam aqui comigo, ou quando eu ficava triste vinha para cá ficar sozinho aqui.
— Você nunca teve amigos?
— Aqui não. Por meus pais terem outras casas em outros lugares, ficávamos aqui apenas nas férias, então não dava tempo de circular e ter amigos. Só fui ter alguns conhecidos quando era um adolescente.
— Mas suas lembranças aqui são boas?
— Maravilhosas, foi aqui que mais fui feliz. Quando meus pais mudaram em definitivo para a capital, eles se desentenderam. Meu pai já não estava muito satisfeito com o casamento e minha mãe, para não vê-lo infeliz, deu a ele o divórcio. — ele parece recordar da cena, pois se entristece, coloca as mãos no bolso e sai para fora da casinha na varanda com cercado de madeira.
— Mas ela não queria?
— Não. Minha mãe amava e acredito que ainda ame meu pai. Mas uma vez ela me disse que o amor é feito de renúncias, e acredito que ela está certa. Ninguém é obrigado a viver com o outro quando um dos dois não está mais satisfeito. — ele fala pensativo.
— Meus pais passaram por uma crise muito séria no casamento deles. Eu era uma adolescente, tinha aproximadamente 16 para 17 anos. Eles quase se separaram; meu pai bebia muito, chegava em casa tarde da noite, ou às vezes nem dormia em casa. Minha mãe chorava muito e sempre se escondia no quarto. Eu e Mia ficávamos sem lugar, imaginando o que seria da nossa família se nosso pai deixasse nossa mãe. E meses depois, do nada, as coisas voltaram ao lugar. Meus pais já não brigavam mais e continuavam a vida deles como se nada tivesse acontecido. — Meus pais possuem um padrão de vida alto, não entendo direito, mas meu pai trabalha em uma indústria de laticínios, ele é gerente financeiro. Eu conto e vejo Anthony se encolher como se soubesse de algo que eu não sei. Mas acredito que seja algo da minha cabeça.
— Às vezes, alguns casais superam as fases ruins do casamento juntos, enquanto outros não têm a mesma sorte. — ele diz pesaroso.
— Concordo, amor.
— Vamos, Linda? Temos que nos arrumar para irmos à pousada do Guilhermo hoje nos divertir. — Ele pega minha mão e saímos da casinha, mas antes de seguirmos para a casa de campo, paramos para contemplar o pôr-do-sol mágico à nossa frente. O sol se pondo e as cores mais lindas, brilhantes e vivas, refletem no céu, trazendo uma paz e calmaria enorme em nossos corações. O vento balança meus cabelos, os braços de Anthony envoltos em minha cintura, é o momento mais especial que já tive em toda minha vida.
— Vamos tirar uma foto? — eu pergunto. — Quero registrar esse momento para termos uma lembrança para sempre.
— Claro. Mas sabe que podemos vir aqui quantas vezes quisermos, não é mesmo?
— Sei sim. — sorrio para ele e tiramos várias fotos para guardarmos de recordação. Logo após, seguimos para a casa e nos arrumamos. Eu vesti um vestido longo preto com algumas florezinhas amarelas e uma fenda que vai até perto do meu joelho; é bem comportado. Anthony já está com uma pegada mais bad boy, usando uma jaqueta de couro, calça preta e camisa também preta. Sim, estamos todos de preto, uma combinação mais que perfeita. Ele me ajuda com meu cabelo, fazendo uma trança do jeito que fica solto atrás. Ele aprendeu assistindo vídeos no YouTube. Eu não sei se mereço um homem tão dedicado como Anthony.
— Vamos, Linda?
— Sim. — digo, beijando seus lábios. Ele pega minha mão e descemos juntos. Ele para perto do jardim, pega uma rosa e coloca em meus cabelos.
— Minha princesa, Linda. Meu anjo. — Eu fico envergonhada, acredita?
— Fica ainda mais perfeita com rubor nas bochechas. — Eu encosto minha cabeça em seu braço e saímos os dois juntos. Fomos de carro, demorou mais ou menos 30 minutos para chegarmos.
E o lugar é encantador. Simplesmente sem palavras para descrevê-lo. Mas vamos lá, vou tentar. A pousada é totalmente rústica, mas elegante. Para você ter uma ideia, estou no que acredito ser o restaurante do local e o teto deles é coberto por peneiras, o revestimento é feito inteiramente de peneiras viradas com a boca para baixo, e é incrível ficar olhando para cima. As paredes do local são feitas de bambu, assim como os bancos, que acredito serem feitos de algum material da natureza. As mesas são de madeira, e há troncos de árvores que servem de bancos. É incrível e diferente, e estamos em um mundo completamente diferente do que estamos acostumados, rústico e bem rural.

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