CAPÍTULO 30

426 36 0
                                    

                MELINDA OLIVEIRA

             3 SEMANAS DEPOIS

Já fazem três semanas desde que eu e Anthony começamos a dormir juntos, e a cada dia fica melhor. Ele me faz cada vez mais feliz com suas ações, carinho, apoio e acolhimento. Acordamos juntos e sempre tomamos banho juntos. Ele vem almoçar e jantar comigo todos os dias, e até encontramos tempo para assistir aos nossos filmes. É tudo tão maravilhoso. Hoje é o dia de folga dele, então estamos enrolados na cama. Eu estou olhando para o seu lindo rosto enquanto ele dorme tranquilamente. Faço carinho em seus cabelos e ele suspira.
— Você gosta de me ver dormindo, não é mesmo, Melinda? — ele me assusta quando me vira de surpresa, me deitando na cama e se deitando por cima de mim. Eu ainda suspiro como uma boba por ele, e meu coração está batendo acelerado como sempre que estou perto dele. Ele olha nos meus olhos e me encontro neles, ele é tudo de bom que tenho. Passo as mãos por seu rosto, e ele beija minha mão.
— Quer passear comigo hoje? — e como dar um doce a uma criança, acredito que meus sentimentos estão refletidos em meu rosto, pois ele sorri e beija meu rosto.
— Acredito que esse sorriso radiante que estou vendo é um sim. — confirmo com a cabeça.
— Muito sim!
— Nesse caso, vamos nos levantar, mocinha. — ele beija meu nariz e me estende a mão. Ainda uso as camisas dele para dormir. E hum!... digamos que não uso nada por baixo, já que ele sempre encontra uma maneira de me deixar nua.
Seguimos para o banheiro e mais uma vez nos acariciamos, como sempre fazemos quando estamos juntos.
No momento em que estamos prontos, seguimos para o elevador. Anthony está usando uma jaqueta de couro, uma camisa azul escura, calça jeans marrom e botas coturno, assim como eu. Eu também estou com uma jaqueta de couro preta, calça e uma blusa colada ao meu corpo. Quando descemos para o estacionamento, ele segura minha mão e para no meio do caminho, olhando intensamente para mim e colocando um fio de cabelo teimoso atrás da minha orelha.
— Você confia em mim? — ele me faz a mesma pergunta que quando... hum...
— Com a minha vida — respondo. Ele entrelaça os dedos em meus cabelos e cola nossas bocas em um beijo urgente, e eu gemo baixinho em sua boca devido à intensidade do beijo.
— Gosto de saber que você confia em mim. Tenho uma surpresa para você, não sei se vai gostar. Mas acredito que precisamos despertar seu lado aventureiro.
— Como assim?
— Venha comigo. — ele segura minha mão e me conduz entre os carros até pararmos na vaga onde estão seus carros. Ele possui quatro carros aqui. Em uma das vagas está uma moto, e não é qualquer moto, é uma moto enorme.
— Você não está pensando que eu vou andar nesse troço aí, né? — ele sorri exibindo todos os dentes e vai até a moto, passando a mão cuidadosamente sobre o tanque, o que me faz sorrir.
— Não chame minha BMW S1000RR de "esse troço aí". Ela pode se ofender. — ele fala tão sério que olho bem para o seu rosto e ele dá de ombros. — O que posso dizer, eu levo motos a sério.
— Você gosta mesmo de andar de moto? — pergunto perplexa por não saber que ele amava motos.
— Digamos apenas que é um hobby. Eu amo a velocidade que essa máquina de 207 cavalos proporciona na estrada. Me sinto livre e como se pudesse voar sem asas. — ele fala e monta na moto, ligando-a. O painel é bem diferenciado das motos que já vi, e ela é muito, muito grande e um pouco assustadora. Percebo que ele nota minha apreensão.
— Não se preocupe, Linda. Ela parece assustadora por ser uma moto esportiva. Só a tenho porque me apaixonei por ela no momento em que a vi. Ethan é louco por velocidade e até participa de corridas, eu apenas aprecio. — ele fala e acelera a moto, fazendo um barulho ensurdecedor.
— Quem é Ethan? — pergunto olhando para ele sem entender nada.
— Ethan é um amigo que tenho nos Estados Unidos, mais precisamente em Boston. — ele fala e sinto um gosto amargo na boca. Eu sei que ele morava lá antes de vir para o Brasil. Será que ele pensa em voltar para os EUA quando o pai dele se recuperar? Estava prestes a fazer mais perguntas quando ele me interrompe.
— Vamos, vai ser um passeio legal. Eu quero te mostrar a liberdade de uma forma diferente. Quero mostrar um mundo que você nunca viu antes, pelos meus olhos. Quem sabe você até se interessa por velocidade, hum? Posso até te dar uma moto de presente. — ele diz sorrindo e, ao ver minha expressão de espanto, ele segura minhas mãos e as beija.
— Confia em mim, Linda. Nunca vou deixar você cair ou se machucar. Não na minha garupa.
— Promete? — pergunto, tremendo toda. Ele beija meu rosto com carinho e desliza os dedos pelo meu rosto.
— Prometo. — e eu me derreto toda com o beijo suave em meus lábios.
— Me ajude então, como monto em sua linda moto. — falo tentando não soar irônica, nunca vi tanto amor por uma moto. Ele percebe, mas não retruca. Com cuidado, ele me ajuda a colocar o capacete e depois me auxilia a subir na moto, pedindo para que eu me segure firme nele. Ele liga a moto e saímos. Ele se inclina quase deitado sobre o tanque da moto para dirigir, e devo confessar que passei longos minutos com os olhos fechados depois de sairmos do estacionamento. Ele é fofo comigo o tempo todo, mas eu não conseguia relaxar. Quando deixamos a área urbana e entramos em uma estrada de terra, ele para no acostamento e se vira para mim.
— Está tudo bem, Linda? — eu apenas confirmo com a cabeça.
— Ainda sente medo?
— Um pouco. — sorrio amarelo.
— Entendo. Sergio e Tom estão bem atrás de nós. Se você não se sentir bem, pode seguir com eles, e nos encontramos no lugar que eu quero te levar. — eu olho para ele, ponderando as opções. Mas não vou deixá-lo ir sozinho, e também não vou perder a chance de passar um tempo de qualidade com ele.
— Quero seguir com você.
— Tem certeza?
— Sim.
— Tente relaxar um pouco. Sinta o vento nos seus cabelos, o ar que passa rapidamente, concentre seus sentidos na paisagem, no momento, e não no medo. — eu concordo, balançando a cabeça. Ele me coloca agarrada em seu abdômen e continuamos a viagem. Ele até solta uma das mãos e a coloca por cima das minhas. Ele anda mais devagar, mostrando-me a vegetação e os animais que encontramos pelo caminho. Acaba sendo divertido estar aproveitando esse momento, embora meu coração quase tenha saltado pela boca em várias ocasiões. Depois de andarmos por cerca de 30 minutos, ele para em uma fazenda muito bonita, com uma entrada de pedra e vários coqueiros. Ele estaciona a moto em uma área onde os carros de Sergio e Tom já estão estacionados. Ele me ajuda a descer.
O lugar é amplo e há vários animais, pavões, patos, gansos, galinhas, alguns soltos e outros em cercados. Uma grande sensação de felicidade me invade, e ele não diz nada, apenas me permite admirar o local.
— Esse lugar é magnífico. Estou sem palavras, Anthony.
— Você me contou que, quando pudesse, teria vários animais. Como moramos em um condomínio e não podemos ter, posso sempre te trazer aqui, se você quiser.
— Quero sim, quero muito. — digo sorrindo.
— Esse é o Rancho Cheiro de Mato, de um amigo da família. — ele fala, pegando minha mão e seguindo comigo para um cercadinho cheio de cabras, incluindo filhotinhos bem pequenos. Ele abre o cercadinho e entramos. Os animais são super dóceis, e até acariciei alguns deles. Em seguida, ele me levou para ver as galinhas-d'angola, depois o laguinho dos patinhos e gansos. Passamos a manhã toda observando os animais. Havia até coelhinhos e fiquei tão encantada que peguei um nos braços.
Anthony até tirou várias fotos minha e de nós juntos e logo postei no Instagram para guardar de recordação.
O almoço foi maravilhoso. Sentamos ao ar livre e tomamos suco de acerola. Havia mais seguranças além de Sérgio e Tom. Ele pediu para que fizessem uma vistoria para a trilha que iríamos fazer, e só depois seguimos juntos e sozinhos. Havia pomares de frutas e ele estava levando uma cesta em uma das mãos. Andamos por cerca de 15 minutos e chegamos a uma linda cachoeira. Ele estendeu uma manta no chão, onde havia uma grama verdinha, e deixou a cesta em cima da manta.
— Vamos na água um pouco.
— Se você não percebeu, não estamos vestidos adequadamente. — digo o óbvio. Ele sorri de lado para mim de um jeito safado.
— E quem falou que precisamos estar vestidos? — ele puxa minha mão sem mais explicações. Quando nos aproximamos da água, ele me beija, deixando-me molinha, e começa a me despir.
— Alguém pode nos ver, Anthony. — tento argumentar.
— Não seriam loucos, Linda. Eu dei ordens para que ninguém viesse até aqui. Temos o rancho só para nós hoje. E, por medida de segurança, trouxe mais três seguranças. — com suas palavras que me deixaram mais confiante, permito que ele tire minha roupa. Depois, ele mesmo tira suas roupas, e ficamos apenas de lingerie e cueca antes de entrarmos na água. Estava bem gelada e rasa.
— Eu nunca aprendi a nadar. E é minha primeira vez em uma cachoeira. — explico meu medo.
— Não se preocupe, estou aqui. E não vou te soltar. — E ele realmente não me soltou. Nos aventuramos a ir até uma parte um pouco mais funda, comigo enroscada em seu corpo. Nos beijamos muito, trocamos carícias e jogamos água um no outro. Ele até me fez mergulhar uma vez e me segurou para flutuar. Sabe aquela alegria nunca sentida antes, uma liberdade que pensei que nunca poderia ter? Eu gritei de felicidade, e Anthony me aplaudiu. Ele me pegou no colo, me sentou em uma pedra e, com beijos doces, disse que queria me possuir ali.
— Você deseja ser possuída por mim aqui, Melinda? Quer sentir meu pau dentro de você, enquanto contempla essa paisagem magnífica? — ele pergunta, beijando meu pescoço e fazendo-me gemer, descendo pelo meu colo com beijos intensos, afastando meu sutiã e chupando o meu mamilo, fazendo-me contorcer de prazer.
— Eu preciso estar dentro de você, Linda. É uma necessidade visceral. Quero te possuir de todas as formas possíveis. Quero me sentir profundamente conectado a você, explorando cada parte do seu corpo, tocando cada pedacinho seu. — ele continua me encantando com suas palavras, deslizando sua língua e dedos pelo meu corpo, deixando-me em chamas, despertando uma consciência intensa do meu próprio corpo e de como pertenço a ele. Eu nunca experimentei algo tão poderoso como o que temos, e cada parte do meu ser anseia pelos toques de Anthony. Parece que ele entende o meu corpo melhor do que eu mesma, pois nem percebo quando ele afasta minha calcinha e me leva à loucura com sua boca na minha intimidade pulsante.
— Anthony... É tão prazeroso... — falo com uma voz provocante enquanto me esfrego nele.
— Hummm, você está bem safada hoje. Gosto desse seu lado mais ousado, Melinda. Quer sentir minha língua no seu grelinho, não é? — ele não espera por uma resposta e me proporciona exatamente o que eu desejo. Eu me contorço de prazer e, quando sinto o orgasmo se aproximando, ele para e retira sua cueca, penetrando em mim com intensidade. Eu solto um grito de prazer.
— Você é tão apertada. Sua buceta é deliciosa, Melinda. Você me enlouquece. — ele intensifica suas investidas, batendo com força, é algo diferente, primitivo. Nunca antes ele me possuiu com tamanha intensidade, e estou amando.
— Ah, Anthony... Hummmm... — ele continua segurando-me enquanto entra e sai de mim com uma velocidade avassaladora. Ambos gemendo, buscando o orgasmo, o prazer que nossos corpos desejam. E quando alcançamos o clímax, é esplendoroso. Estamos os dois ofegantes. Ele encosta a testa na minha e olha nos meus olhos.
— Nunca vou me cansar de olhar para você. Você é maravilhosa, Melinda. — ele sempre me elogia, sempre me levanta. Faz-me sentir bem comigo mesma. Eu sei que devemos nos amar em primeiro lugar, ter amor-próprio e autoestima. Mas quando vivemos em um relacionamento abusivo, isso não existe em nosso vocabulário. Só há agressões e palavras que nos frustram e nos fazem duvidar de nós mesmas. Fazem-nos acreditar que não merecemos ser felizes ou ter alguém que nos valorize. Eu sei que pode parecer estranho, mas é assim que a mente de alguém em um relacionamento tóxico é manipulada. E graças a Deus, à Dra. Rose e ao Anthony, estou começando a me sentir viva, feliz e especial. Sou uma mulher dona de mim mesma, com minhas próprias escolhas e sonhos. Aos poucos, acredito que estou no caminho certo para alcançar tudo que eu sonhei.
Ele me pega em seus braços e me leva até a manta, deitando-me com cuidado. Ele me limpa.
— Fiquei tão descontrolado que transamos sem camisinha. Mas estou limpo. — ele fala beijando meus lábios.
— Eu só... hum... com Ricardo... E bem, posso contar nos dedos as vezes. Então acredito que estou limpa também. Além disso, faço uso de pílula anticoncepcional, então não há risco de gravidez. — sorrio timidamente. Ele acaricia meu rosto.
— Como está se sentindo?
— Maravilhosamente bem, Anthony. — digo de forma carinhosa. Ele beija meus cabelos e me entrega água para me hidratar, palavras dele. Ficamos deitados juntos ali, com meu rosto no seu pescoço e uma perna jogada em sua cintura.
— Já tem algum sonho que deseja realizar, Melinda? — ele me pergunta, acariciando minha pele exposta com seus dedos.
— Eu tenho que confessar que estou começando a sonhar, Anthony. Quero tirar minha carteira de motorista. Mas só de carro, por favor. — solto uma risadinha.
— Ah, vai, não foi tão ruim assim andar na garupa da moto. — ele questiona.
— Não foi ruim, mas não acredito que saberia pilotar uma moto. Tenho medo, só me senti segura porque era com você. — confesso.
— Você pode fazer tudo o que quiser, Linda, basta querer. O que mais você deseja fazer? — ele pergunta e eu demoro um pouco para responder.
— Eu quero fazer alguns cursos online. Não tenho o desejo de ingressar em uma faculdade. Acredito que não me adaptaria bem à agitação de um ambiente acadêmico. Prefiro a calmaria. — fico em silêncio, refletindo.
— Você me acha patética por pensar assim? — pergunto com medo de sua resposta. Eu não quero ser um fardo para ele. Mas também não me vejo na agitação, no meio de pessoas jovens que não têm preocupação com nada. Acredito que me sinto mais velha do que realmente sou.
— De forma alguma, Linda. Eu acho você muito sábia. E se o seu desejo é cursar cursos online, terá meu total apoio. Você precisa entender, Melinda, que você é uma mulher livre agora. Com suas próprias escolhas e desejos. Eu estarei aqui com você apenas para te impulsionar para frente, jamais vou julgar você ou te dizer o que fazer. Você sempre terá em mim seu maior e mais fiel fã. — eu acabo sorrindo e batendo em seu peito.
— Bobo. — Ele sorri abertamente e seu sorriso ainda é capaz de me fazer suspirar.
— Sabe o que eu imagino quando estamos assim juntinhos? — ele pergunta e eu nego com a cabeça.
— O que?
— Uma casa enorme em um condomínio seguro, onde poderemos ter seus queridos pets e uma família grande. — e eu me permito sonhar, pensando em como nosso futuro pode ser lindo.
— Eu sempre sonhei em ter no mínimo três filhos, Anthony. Um cãozinho ou dois, eu também quero um aquário com peixinhos. Sempre sonhei em ter uma família grande e quero dar muito amor para meus filhos e tratá-los igualmente. — eu não falo o que estou pensando, mas no meu íntimo grita: "para que não se sintam como eu me senti em relação à minha família. Meus pais nunca me tratavam como tratavam a Mia. Eu parecia mais uma intrusa naquela família. Não havia espaço para mim ali. Eu me sentia uma penetra."
— O que foi, Linda? — Anthony pergunta em um tom de voz preocupado.
— Você acha que os pais podem amar mais um filho do que o outro? — pergunto em um sussurro.
— Por que está perguntando isso? — ele me responde com outra pergunta.
— Meus pais... eles sempre davam tudo o que a Mia queria. Lembro-me de quando eu tinha cerca de 9 anos, eles deram a Mia a minha sobremesa favorita e eu tive que assistir enquanto ela comia tudo sozinha. Naquela noite eu adormeci chorando. Ela queria uma bicicleta, eles compravam para ela. Ela queria uma roupa de princesa, ela tinha. E eu? Ficava com o que ela rejeitava ou, de alguma forma, minha tia Carla comprava para mim quando eu reclamava com ela. — Eu nunca entendi essa conexão entre eu e minha tia. Quando Mia ficou mais velha, ela percebeu que algo estava errado e começou a dividir o que ganhava comigo ou a pressionar nossos pais para me darem algo. Assim, tínhamos um pouco de igualdade, embora fosse pouco, pelo menos eu não me sentia tão inferiorizada.
— Eu sinto muito por tudo que você passou, Melinda. E não, eu não sei se isso pode acontecer. Mas tenho a convicção de que amaria meus filhos da mesma forma e jamais faria distinção entre eles. Sendo filho único, quando meu pai se casou com a Sônia, eu já não estava mais em casa e tive pouco contato com eles. — ele fala e ficamos imersos em nossos pensamentos. Então, eu compartilho o que mais me atormenta.
— Meu desejo mais profundo é me libertar de qualquer coisa que esteja relacionada ao Ricardo e à terrível vida que tive ao lado dele. Sonho com o dia em que não haverá mais nada que nos ligue. — solto minhas palavras como um sussurro, quase como uma prece. Anthony me abraça com força.
— Você já não tem mais nada que a ligue a ele, Linda. E, se depender de mim, em alguns meses você não terá nem mesmo o sobrenome dele. Vamos encontrar uma maneira de agilizar o divórcio. Tudo dará certo, porque estou aqui por você. — tremo só de pensar que talvez precise ter algum tipo de contato com ele.
— Você sabe se ele está por aqui? — pergunto receosa.
— Pelos meus contatos, não. — ele responde de forma sucinta.
— Prometa-me que vai me contar tudo que souber, mesmo que seja doloroso? Eu vivi no escuro por muito tempo e não suportaria continuar assim. — faço meu pedido.
— Prometo. — ele responde.
— Mesmo que seja difícil, eu quero saber, Anthony... Passei muito tempo na ignorância e não suportaria mais viver assim. — falo, e ele endurece em meu abraço, beijando meus cabelos, mas não diz nada. Espero sinceramente que ele não me esconda nada. Posso estar fragilizada pelo que passei, mas acredito que não saber de nada seria ainda pior.
Continuamos a conversar sobre nós mesmos, compartilhando nossas comidas favoritas, cores e perguntando sobre nossos gostos. Quando menciono os cactos, ele me pede para falar mais sobre eles.

— Eu sempre tive em mim a ideia de ser como um cacto, resiliente, forte, adaptável e persistente. Eles sobrevivem nos lugares mais inóspitos e quentes, como desertos e cerrados, onde a falta de água é constante e outras plantas não conseguem sobreviver. Você percebe como eles são fortes? São adaptáveis. E eu me via dessa forma. Quando me sentia triste ou em um momento de fraqueza, com vontade de desistir, olhava para os meus cactos e pensava na sua força, na capacidade de superação. Isso me fazia acreditar que um dia sairia daquela vida, que havia esperança para mim. Eu sou forte como um cacto. — Ao falar essas últimas palavras, meus olhos se enchem de lágrimas que acaba por cair pelo meu rosto.

— Você é uma guerreira, Melinda, minha Mulher-Maravilha. — Ele me chamou de Mulher-Maravilha? Olho para ele e ficamos nos encarando, e ele é o primeiro a beijar meus lábios.

— Você é forte, resistente, perseverou diante das adversidades, mesmo quando tudo estava contra você, nadando contra a corrente. Você é, sim, resiliente, pois sobreviveu a agressões físicas, emocionais e mentais, a um cárcere privado, a um relacionamento com um narcisista, e não se deixou abater. Você está aqui, vivendo. Não se vitimizou nem sentiu pena de si mesma, o que seria compreensível diante de tudo o que suportou. Eu te admiro muito, você merece meu respeito e o de todos. Se depender de mim, saiba que terá todo o suporte para voar longe. Quero que você viva. Sua felicidade será a minha. — Suas palavras me emocionam profundamente. Sou uma sobrevivente. É verdade que não me deixei abater, mas ainda há dor. Às vezes tenho pesadelos com aquela noite, com o celeiro. Estou tentando seguir em frente, para evitar adoecer, mas é difícil e complicado, porém não impossível. Principalmente quando temos pessoas tão especiais ao nosso lado, nos ajudando e nos encorajando a seguir em frente, a não desistir.

— Eu tenho muito a te agradecer, Anthony. Você terá minha gratidão eterna. Foi por sua causa que encontrei ainda mais força e determinação. Graças a você, percebi que aquela situação não era normal. Com seu carinho, atenção e incentivo, consegui sair daquela situação. Enfrentamos obstáculos ao longo do caminho, mas superamos tudo. Não me arrependo de nada que fiz. — Nunca me arrependerei.

— E eu também não, Linda. Te salvaria quantas vezes fosse necessário. Você era um anjo na escuridão. — Ele me beija suavemente, cheio de carinho e delicadeza, me fazendo entregar ainda mais a ele. Em cada toque dos nossos lábios, entrego meu coração. Ele se deita sobre mim e fazemos amor lentamente, movendo-nos suavemente, impulsos repletos de carinho e suspiros. Ali, entrego meu coração e minha alma a ele.

— Anthony, eu te amo. — Sussurro em seu ouvido enquanto alcanço o êxtase. Ele treme e congela no lugar, e quando o abraço, ele continua se movimentando, escondendo o rosto em meu pescoço, beijando e lambendo ali. Mais uma vez, ele se derrama dentro de mim. Rapidamente, ele me vira e me deita em seu peito. E adormeço, mas algo em meu íntimo grita.

O que mudou.

Um Anjo Na Escuridão Onde histórias criam vida. Descubra agora