Capítulo 4

276 41 23
                                    

AGORA

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

AGORA

E era com uma garrafa de vinho e uma cara lavada, que eu estava na porta da casa dos meus pais, para passarmos juntos o dia de Ação de Graças. Ainda não sabia qual desculpa que eu iria dar para a falta do Rodolffo, porque sinceramente eu não me sentia bem ainda para contar do nosso término, parecia que quanto mais eu adiava, mais ele demorava a se tornar real, e por mais errado que fosse, eu me apegava a isso.

Vi a porta da frente se abrir, e minha mãe surgir com um sorriso gentil.

— Imaginei que eram mesmo vocês. — seu sorriso diminuiu quando ela espiou sobre meus ombros e não viu a figura do meu ex — Onde está meu genro?

— Oi, mamãe, senti sua falta também. — desconversei e ela fez um sinal com a mão antes de abrir os braços para me abraçar.

— Não seja boba. — ela disse ao me abraçar — Vamos entrar, querida. Seu pai e irmãos também estão com saudades.

Acompanhei minha mãe até o lado de dentro da casa, e assim que a porta se fechou eu retirei meu sobretudo e o coloquei no armário de casacos, para só então seguir minha mãe pelos corredores.

Brad e Michael, meus irmãos, assistiam ao jogo de futebol americano junto com o meu pai, enquanto Max, meu outro irmão, reclamava que queria assistir ao desfile.

— Oi, família! — saudei e eles me olharam com um sorriso no rosto, Max já saltou do sofá para me abraçar.

— Oi, maninha. — nosso abraço foi forte e cheio de sentimentos, sempre fomos muito próximos — Você não me engana, sei que andou chorando. — ele sussurrou no meu ouvido, antes de me dar um beijo na bochecha e me soltar, de todos, com certeza ele seria o mais difícil de enganar.

Abracei meus outros irmãos e ao meu pai também.

— Estamos assistindo ao jogo. — Michael falou e olhou por cima do meu ombro — Cadê o astro dos 49ers? 

— Ele não conseguiu vir. — forcei o meu sorriso mais falso, e parece que por agora minha resposta era o suficiente.

Os deixei na sala assistindo ao jogo, e fui atrás da minha mãe na cozinha.

— Precisa de ajuda?

Vi minha mãe regar o peru, para depois colocá-lo novamente no forno e fechar a porta, antes de se virar para mim.

— Não se preocupe. — respondeu limpando as mãos no avental branco estampado de margaridas — Agora me diga, porque mesmo Rodolffo não veio com você?

Suspirei, tentando me distrair com uma uva no cacho e querendo muito desconversar, mesmo sabendo que eu não poderia.

— Ele está treinando e não conseguiu vir. — menti, colocando uma uva na boca, antes de olhar de esgueira para a minha mãe.

— Quer mesmo que eu acredite que meu genro está treinando? — colocou as mãos na cintura e estreitou os olhos para mim — Que eu saiba, ele só tem jogo na próxima semana, e sei bem que ele lambe o chão em que você pisa, nunca a deixaria sozinha nessa data.

Lambia, quis corrigir minha mãe, mas não o fiz.

— Vocês brigaram? — tornou a perguntar, e eu senti meus olhos arderem.

Enfiei outra uva na boca, nossos últimos momentos juntos passaram como um flash na minha cabeça. Antes tivesse havido uma briga, mas nem isso aconteceu, ele simplesmente foi embora.

— Não. — respondi tentando manter minha voz firme, já sentindo um bolo se formar na minha garganta pelas lágrimas reprimidas, bolo esse que eu fiz questão de engolir, não podia chorar — Tá tudo bem. — menti novamente e forcei um sorriso, pela expressão da minha mãe ela não estava convencida, mas então ela suspirou e balançou a cabeça, e eu soube que ela deixaria o assunto morrer.

Senti meu celular vibrar e quando o tirei da bancada para olhar a tela, senti meu coração errar uma batida. Minha mão ficou trêmula no mesmo instante, e eu obriguei minhas pernas bambas a andarem pelo o corredor e seguir até meu antigo quarto. Deslizei o dedo sobre a tela e aceitei a chamada dele.

— Oi. — saudei ofegante, incapaz de esconder na minha voz o quanto aquela ligação me emocionava.

— Oi. — ele pigarreou algumas vezes, e ouvi ele respirar fundo do outro lado da linha — Estou na casa dos meus pais. — contou depois de um tempo.

— E eu na casa dos meus. — dei um sorriso fraco — Perguntaram de você.

— Aqui também, sabe o quanto meus pais são loucos por você. — ele deu uma risadinha, e eu fechei os olhos, sentia tanta falta dele, que era quase sufocante — Não contei pra eles sobre a gente ainda.

— Por que?

— A partir do momento que eu contar vai se tornar real. — confessou, e eu me agarrei ao último fio de esperança.

— Não precisa ser, eles não precisam saber de nada se você voltar pra casa, sinto tanto a sua falta... — ouvi sua respiração ficar mais pesada, e eu permiti que as lágrimas rolassem pelo meu rosto.

— Não sou o cara certo pra você, Juli. — respondeu rouco, e mesmo que ele não pudesse ver, eu neguei com a cabeça — Você merece alguém como o Travis.

— Rodolffo, eu não quero o Travis, nunca quis. Eu quero você! — afirmei — Eu amo você, só você. Não sei porque enfiou na sua cabeça que não me merece, sendo que os meses ao seu lado foram os melhores da minha vida, você sempre me fez bem.

— Manda um beijo pra todo mundo aí. — desconversou — Estamos todos sentindo a sua falta aqui.

— Amor... — tentei argumentar, mas ele encerrou a chamada e eu me entreguei as lágrimas.

Fiquei algum tempo no quarto, até que a vontade de chorar passasse. Estava me ajeitando para voltar ao encontro da minha família, quando Max apareceu no quarto.

— Por que está com essa carinha? — quis saber ao entrar — Vocês terminaram? É por isso que ele não veio?

— Não foi nada, apenas uma briguinha.

— Irmã...

— É sério, a gente se desentendeu, mas tudo vai se resolver. Casais brigam. — dei de ombros e ele assentiu.

— Sabe que pode sempre contar comigo, não é?

— Claro que eu sei, é meu irmão querido. — me aproximei dele e lhe dei um abraço apertado, para depois lhe dar um beijo em seu rosto — Vem, vamos jantar, estou faminta!

O puxei para fora do quarto, e vi que todos já se reuniam à mesa para a ceia. Eu sabia que era errado mentir, mas saber que ele também não teve coragem de dizer aos pais sobre nosso término, me deu esperanças. Talvez dessa vez ele aceitasse conversar comigo, e era isso que eu estava disposta a fazer assim que voltasse.

Depois da ApostaOnde histórias criam vida. Descubra agora