Capítulo 47

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Os primeiros meses depois do nosso casamento foram maravilhosos, fizemos uma grande festa de Natal com nossos amigos e família, conhecemos várias praias brasileiras na nossa viagem de lua-de-mel e nos divertimos bastante

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Os primeiros meses depois do nosso casamento foram maravilhosos, fizemos uma grande festa de Natal com nossos amigos e família, conhecemos várias praias brasileiras na nossa viagem de lua-de-mel e nos divertimos bastante.

Passamos vários meses sem tocar no assunto sobre a possibilidade de a Ju tentar o tratamento de fertilidade. Eu sabia como ela se sentia a respeito, via a forma como seus olhos marejavam sempre que via alguma propaganda com coisas de bebês, mas me mantive quieto, esperando que a decisão de fazer o tratamento partisse dela, afinal era o corpo dela que receberia as medicações e eu não me sentia bem intrometendo nisso.

Continuamos sem nos prevenir, eu de certa forma, mantinha a esperança de que mesmo sem o tratamento talvez déssemos a sorte de conseguir engravidar naturalmente, e acho que ela também, mesmo que não falasse sobre isso.

Um dia ela chegou do trabalho e disse que queria fazer o tratamento, assim de repente, como quem diz que vai pedir pizza no jantar.

A acompanhei em todas as consultas, o médico nos explicou como funcionaria o tratamento, e quais eram as nossas chances, que não eram lá muito animadoras. Os hormônios seriam aplicados com a tentativa de aumentarem o útero da Ju o suficiente para que comportasse um bebê.

Mesmo sabendo sobre as nossas chances, iniciamos o tratamento com muita esperança e fé de que fôssemos bem sucedidos. Monitorávamos a ovulação da Ju e transávamos o tempo todo.

Sério, acho que nunca fizemos tanto sexo, quanto nos últimos meses.

Mês após mês, via a frustração da minha pequena ao não termos êxito, e sequei suas lágrimas por mais vezes do que gostaria. Fingia que tudo aquilo não me entristecia, e deixava para chorar sozinho quando ela não estava vendo.

Segurei sua mão quando Bella apareceu animada na nossa casa, contando que ela e Mark esperavam o primeiro filho, e que faziam questão que fôssemos os padrinhos. Ela forçou um sorriso para a minha irmã ao aceitar o convite, e tentou disfarçar as lágrimas que acumulavam em seus olhos castanhos, e eu fingi que a ver assim não me destruía.

A Ju era boa demais para não comemorar a felicidade de alguém, mas ser boa não te impede de sofrer ao ver as pessoas conseguirem com tanta facilidade, o que para nós dois estava sendo tão difícil.

Numa manhã eu cheguei em casa depois de voltar de viagem, estava triste por termos perdido o jogo e eu só queria abraçar a minha esposa. Ela estava sentada na nossa cama, mexia nas mãos de forma nervosa e eu me preocupei no mesmo instante. Assim que ela me viu chegar, seu rosto se iluminou em um sorriso que fez toda a minha preocupação derreter como sorvete em um dia quente de verão.

Ela pegou alguma coisa de cima da cama, que não consegui identificar direito o que era, e se aproximou de mim. Seus olhos estavam levemente arregalados e marejados, suas bochechas estavam vermelhas e tinham marcas de lágrimas, mas ela sorria tanto que era impossível que as notícias fossem ruins.

A Ju esticou a mão e pude ver o que ela segurava, eram três testes de gravidez de marcas diferentes.

— Tô grávida! — sua voz saiu vacilante, e suas mãos tremiam enquanto seguravam os testes. Vi muitos falsos positivos ao longo dos últimos meses, mas algo em mim dizia que dessa vez era diferente.

Eu abri a boca algumas vezes tentando falar, mas as palavras simplesmente fugiam. A Ju se aproximou mais e colocou os testes na minha mão trêmula, só percebi que eu chorava, quando ela passou os dedos delicados no meu rosto e secou as minhas lágrimas.

Ela colou sua testa na minha, chorando junto comigo em pura emoção, seu rosto parecia tão cheio de vida, seus olhos estavam tão esperançosos, que meu coração ficou quente. Sabia que o risco de aborto pairava entre nós, fomos alertados sobre esse risco mais de uma vez pelos médicos, mas naquele momento eu me permiti ficar feliz.

— Tem certeza? — perguntei para confirmar e ela sorriu ainda mais.

— Tenho amor, eu tô grávida... vamos ser pais.

A puxei para os meus braços e a abracei com todo o meu amor, choramos juntos abraçados por um tempo, depois eu me ajoelhei à sua frente e beijei sua barriga demoradamente, enquanto ela fazia um carinho gostoso em meus cabelos.

— Papai já ama tanto você.

Nas semanas seguintes a acompanhei nas consultas de pré-natal, ouvimos o coração do nosso filho pela primeira vez. Comprei o berço e fiz questão de montá-lo sozinho, aos poucos fui comprando várias roupinhas de bebê, sapatinhos... era engraçado pensar que existissem pessoas com pés tão pequenos.

Minha mãe e minha sogra nos presentearam com roupinhas e touquinhas de crochê, e com algumas semanas o quarto do nosso primeiro filho já estava cheio de coisas para ele.

Ainda não havíamos decidido sobre a decoração, era cedo para saber o sexo e deixamos para pintar as paredes e decorar o quarto quando tivéssemos a certeza de quem chegaria nos próximos meses.

Tudo estava perfeito... até aquela manhã.

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