Capítulo 24

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"Creio que existe, em todos os tipos de disposição, a tendência a um determinado tipo de maldade peculiar, algum defeito natural, que nem mesmo a melhor educação é capaz de suplantar

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"Creio que existe, em todos os tipos de disposição, a tendência a um determinado tipo de maldade peculiar, algum defeito natural, que nem mesmo a melhor educação é capaz de suplantar."

AGORA

A Ju não teve uma noite tranquila, e eu acabei ficando acordado velando seu sono. O que eu mais queria é que ela não se sentisse mal de novo, que não sofresse por pensar no que aconteceu com a garota, mas a conhecendo como eu a conhecia, eu sabia que isso seria impossível. Eu estava aliviado pela prisão do Yuri, claro que nenhum de nós desejava que as coisas chegassem a esse ponto, mas era bom saber que ele finalmente iria pagar pelos crimes que cometeu.

Senti ela se remexer no meu peito e a puxei mais para perto e beijei o topo da sua cabeça, fazendo um carinho em seus cabelos em seguida, até que ela abriu aqueles olhos castanhos e expressivos dela, que estavam vermelhos pelo choro, e olhou para mim.

— Bom dia, minha pequena. — fiz um carinho em sua bochecha e ela me deu um sorriso triste.

— Bom dia.

— Tudo bem? Tá com fome? — perguntei preocupado e ela negou com a cabeça, ver ela tristinha desse jeito deixava meu coração em pedaços — Tenho uma sessão de terapia hoje, posso conversar com ela e pedir para ela te atender no meu lugar, o que acha? — sugeri e ela levantou um pouco a cabeça para me olhar.

— Acho que ajudaria, mas não quero que perca nenhuma sessão.

— Já estou bem melhor, e acho que está precisando conversar com alguém que vai realmente poder te ajudar. Quando estiver pronta você fala comigo sobre isso.

Ela suspirou e pareceu pensar por um momento, antes de se virar para mim e concordar.

— Ok.

— Certo, vou preparar nosso café e avisar a ela. — dei um beijo carinhoso em seus lábios e senti seu carinho gostoso em minha barba, estava morrendo de saudades da minha pequena, mas sei que ela precisa de um tempo depois das últimas notícias.

Preparei nosso café, e durante nosso desjejum eu tentei distraí-la, contando coisas aleatórias da viagem, contei a ela que descobri que Nick e a Sam estavam tendo um lance, e isso foi o suficiente para deixa-la completamente distraída e curiosa do porque sua amiga não lhe contou sobre isso, e já planejava uma sessão de interrogatório para retirar toda a informação dela no próximo dia de trabalho.

Continuamos conversando coisas aleatórias, até que chegou a hora dela conversar com a terapeuta. A deixei sozinha no quarto, para que tivesse a privacidade que precisava, e dei um beijo em seus lábios antes de sair.

Eu estava tentando transmitir calma para ela, mas eu estava preocupado, e aquela sensação de culpa por ela ter retirado a queixa por minha causa, começou a querer me atormentar novamente, mas dessa vez, a afastei o mais rápido que pude, antes de ficar pensando demais sobre isso.

Aproveitei o tempo livre para organizar tudo na cozinha, e quando terminei fiquei mexendo no celular até que ela terminasse a sessão. Quase pulei do sofá quando escutei o barulho da porta se abrindo, mas tentei parecer o mais tranquilo possível para que ela não se sentisse pressionada.

Ela caminhou lentamente até mim e se sentou no meu colo.

— Tudo bem?

— Uhum. — ela murmurou, e percebi pela sua expressão que ela parecia melhor — Conversei muito com a Pamela, e ela me disse que é normal que eu me sinta um pouco culpada, mas que eu não sou responsável pelas coisas que acontecem no mundo, por piores que sejam.

— Você se arrepende de ter retirado a queixa?

— Eu não me arrependo de ter feito o que eu fiz por você, na época seu advogado me explicou que o acordo era a melhor opção, e que por mais que houvessem algumas provas contra Yuri, que ele não chegou realmente a fazer nada que o prendesse por muito tempo, enquanto a sua situação estava muito complicada. — ela levou as mãos aos meus cabelos, prendendo os fios entre seus dedos delicados, e fazendo um carinho gostoso neles — Eu só me senti mal pelo o que aconteceu com a garota, de certa forma eu me senti responsável.

— O único responsável é ele. — afirmei e ela concordou.

— Eu sei, e a Pamela me fez entender isso melhor. Eu poderia ter seguido com a denúncia, e ele ter saído por fiança e ter feito a mesma coisa. E seria bem pior, porque talvez você estivesse longe, enquanto quem realmente merecia, estaria solto e cometendo crimes. — ela soltou um longo suspiro, depois desviou o olhar para o pingente que crucifixo que eu uso no pescoço — É uma pena o que aconteceu a ela, mas pelo menos agora sabemos que ele irá realmente pagar pelo o que ele fez.

— Espero que ele apodreça lá. — desejei rancoroso, e ela puxou meu queixo para que eu a olhasse nos olhos.

— Vamos esquecer esse cara? — pediu com os olhos marejados — Eu o odeio, mas ele já estragou muito a nossa vida, não temos como mudar o que aconteceu, mas agora ele está preso e espero que fiquei lá. Eu não quero mais pensar nele, não quero mais pensar no quanto eu me deixei enganar por ele. Me sinto idiota quando eu lembro que o achava uma boa pessoa, sem saber que escondia um monstro por trás daquela máscara de bom moço.

— Acho uma ótima ideia. — concordei e a puxei para um beijo rápido — Inclusive, acho que devemos começar a pensar no Natal, minha mãe não para de mandar mensagens dando sugestão de cardápios para fazermos no dia.

— Minha mãe também está empolgada, mais do que estava em viajar com o papai.

— Então pronto, vamos nos preocupar com isso, e deixa o resto pra lá.

— Combinado. — sorriu e selou nossos lábios — Agora que já estamos resolvidos, o que acha de irmos para o quarto e matar as saudades? — sugeriu, sorrindo maliciosa e eu não me demorei a levantar a segurando no colo.

— Ótima ideia!

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