"Creio que existe, em todos os tipos de disposição, a tendência a um determinado tipo de maldade peculiar, algum defeito natural, que nem mesmo a melhor educação é capaz de suplantar."
AGORA
A Ju não teve uma noite tranquila, e eu acabei ficando acordado velando seu sono. O que eu mais queria é que ela não se sentisse mal de novo, que não sofresse por pensar no que aconteceu com a garota, mas a conhecendo como eu a conhecia, eu sabia que isso seria impossível. Eu estava aliviado pela prisão do Yuri, claro que nenhum de nós desejava que as coisas chegassem a esse ponto, mas era bom saber que ele finalmente iria pagar pelos crimes que cometeu.
Senti ela se remexer no meu peito e a puxei mais para perto e beijei o topo da sua cabeça, fazendo um carinho em seus cabelos em seguida, até que ela abriu aqueles olhos castanhos e expressivos dela, que estavam vermelhos pelo choro, e olhou para mim.
— Bom dia, minha pequena. — fiz um carinho em sua bochecha e ela me deu um sorriso triste.
— Bom dia.
— Tudo bem? Tá com fome? — perguntei preocupado e ela negou com a cabeça, ver ela tristinha desse jeito deixava meu coração em pedaços — Tenho uma sessão de terapia hoje, posso conversar com ela e pedir para ela te atender no meu lugar, o que acha? — sugeri e ela levantou um pouco a cabeça para me olhar.
— Acho que ajudaria, mas não quero que perca nenhuma sessão.
— Já estou bem melhor, e acho que está precisando conversar com alguém que vai realmente poder te ajudar. Quando estiver pronta você fala comigo sobre isso.
Ela suspirou e pareceu pensar por um momento, antes de se virar para mim e concordar.
— Ok.
— Certo, vou preparar nosso café e avisar a ela. — dei um beijo carinhoso em seus lábios e senti seu carinho gostoso em minha barba, estava morrendo de saudades da minha pequena, mas sei que ela precisa de um tempo depois das últimas notícias.
Preparei nosso café, e durante nosso desjejum eu tentei distraí-la, contando coisas aleatórias da viagem, contei a ela que descobri que Nick e a Sam estavam tendo um lance, e isso foi o suficiente para deixa-la completamente distraída e curiosa do porque sua amiga não lhe contou sobre isso, e já planejava uma sessão de interrogatório para retirar toda a informação dela no próximo dia de trabalho.
Continuamos conversando coisas aleatórias, até que chegou a hora dela conversar com a terapeuta. A deixei sozinha no quarto, para que tivesse a privacidade que precisava, e dei um beijo em seus lábios antes de sair.
Eu estava tentando transmitir calma para ela, mas eu estava preocupado, e aquela sensação de culpa por ela ter retirado a queixa por minha causa, começou a querer me atormentar novamente, mas dessa vez, a afastei o mais rápido que pude, antes de ficar pensando demais sobre isso.
Aproveitei o tempo livre para organizar tudo na cozinha, e quando terminei fiquei mexendo no celular até que ela terminasse a sessão. Quase pulei do sofá quando escutei o barulho da porta se abrindo, mas tentei parecer o mais tranquilo possível para que ela não se sentisse pressionada.
Ela caminhou lentamente até mim e se sentou no meu colo.
— Tudo bem?
— Uhum. — ela murmurou, e percebi pela sua expressão que ela parecia melhor — Conversei muito com a Pamela, e ela me disse que é normal que eu me sinta um pouco culpada, mas que eu não sou responsável pelas coisas que acontecem no mundo, por piores que sejam.
— Você se arrepende de ter retirado a queixa?
— Eu não me arrependo de ter feito o que eu fiz por você, na época seu advogado me explicou que o acordo era a melhor opção, e que por mais que houvessem algumas provas contra Yuri, que ele não chegou realmente a fazer nada que o prendesse por muito tempo, enquanto a sua situação estava muito complicada. — ela levou as mãos aos meus cabelos, prendendo os fios entre seus dedos delicados, e fazendo um carinho gostoso neles — Eu só me senti mal pelo o que aconteceu com a garota, de certa forma eu me senti responsável.
— O único responsável é ele. — afirmei e ela concordou.
— Eu sei, e a Pamela me fez entender isso melhor. Eu poderia ter seguido com a denúncia, e ele ter saído por fiança e ter feito a mesma coisa. E seria bem pior, porque talvez você estivesse longe, enquanto quem realmente merecia, estaria solto e cometendo crimes. — ela soltou um longo suspiro, depois desviou o olhar para o pingente que crucifixo que eu uso no pescoço — É uma pena o que aconteceu a ela, mas pelo menos agora sabemos que ele irá realmente pagar pelo o que ele fez.
— Espero que ele apodreça lá. — desejei rancoroso, e ela puxou meu queixo para que eu a olhasse nos olhos.
— Vamos esquecer esse cara? — pediu com os olhos marejados — Eu o odeio, mas ele já estragou muito a nossa vida, não temos como mudar o que aconteceu, mas agora ele está preso e espero que fiquei lá. Eu não quero mais pensar nele, não quero mais pensar no quanto eu me deixei enganar por ele. Me sinto idiota quando eu lembro que o achava uma boa pessoa, sem saber que escondia um monstro por trás daquela máscara de bom moço.
— Acho uma ótima ideia. — concordei e a puxei para um beijo rápido — Inclusive, acho que devemos começar a pensar no Natal, minha mãe não para de mandar mensagens dando sugestão de cardápios para fazermos no dia.
— Minha mãe também está empolgada, mais do que estava em viajar com o papai.
— Então pronto, vamos nos preocupar com isso, e deixa o resto pra lá.
— Combinado. — sorriu e selou nossos lábios — Agora que já estamos resolvidos, o que acha de irmos para o quarto e matar as saudades? — sugeriu, sorrindo maliciosa e eu não me demorei a levantar a segurando no colo.
— Ótima ideia!
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Depois da Aposta
FanfictionNova cidade, nova vida! Em San Francisco, Rodolffo se prepara para ingressar nos 49ers, enquanto Juliette inicia seu trabalho na White Castle Publishing. Tudo na vida deles ia bem, cada dia mais apaixonados um pelo outro e não poderiam estar mais fe...