Capítulo 25

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Tédio.

Essa é a palavra que eu usaria para descrever essa sexta-feira. Rodolffo estava fora, no último treino do ano, e eu estava no nosso apartamento sozinha. A editora entrou em recesso de fim de ano, e só voltaria ao trabalho depois das festas. Eu já havia limpado todo o nosso apartamento, lavei nossas roupas, fiz almoço e mesmo assim, os ponteiros do relógio pareciam não mudar de posição.

Já na segunda ronda pelo apartamento, tentando arrumar algo para fazer, encontrei um manuscrito perdido em minhas coisas, perdido era um modo de dizer, claro. Eu só não me senti tão atraída por ele e acabei o deixando de lado, que o autor nunca descubra isso.

Resolvi dar uma chance a ele, peguei o manuscrito e me atirei no sofá, cobri minhas pernas com uma mantinha e iniciei minha leitura. Achei que se tratava de mais um romance clichê, aquele tipo de história que você lê e pensa: "Ei, eu já li algo parecido com isso".

Não tenho nada contra as histórias clichês, mas depois de ler mais de uma dúzia de romances "mais do mesmo", você acaba se cansando disso. Depois de iniciar minha leitura, percebi que a obra era mais de drama do que de romance, e não demorou muito para que eu derramasse a primeira lágrima, seguida de outras tantas depois dela.

Ao final do décimo capítulo eu achei que iria desidratar de tanto chorar, agarrei forte o travesseiro, desejando que fosse meu namorado, e por mais curiosa que eu estivesse para saber o que aconteceria, eu larguei minha leitura e resolvi ligar para ele.

— Oi, minha pequena. — Rodolffo atendeu animado e eu podia jurar que ele sorria do outro lado — Acabei de sair do treino, já estou indo para casa. -— ele continuou, antes mesmo que eu tivesse a chance de dizer algo, e eu tentei controlar a respiração, mas ele conseguiu me ouvir fungando — Você está chorando? — senti a preocupação em sua voz e respirei fundo algumas vezes para tentar falar e não o assustar —Juli? O que houve?

— É... só... um... livro... que... eu... estava... lendo... — respondi entre soluços e quase ri da minha tentativa fracassada de não demonstrar que eu estava chorando.

— Vou passar rápido no mercado e vou comprar tudo o que gosta, e já chego aí. — sua voz estava divertida do outro lado e eu balancei a cabeça concordando, mesmo que ele não pudesse me ver — Não leia mais nenhuma página. — consegui ouvir ele ligando o carro e o barulho do motor em seguida.

— Tá... bom...

— Tô chegando, pequena.

Eu, como a boa teimosa que sou, continuei a ler o livro, por sorte os capítulos seguintes não foram tão tristes, e consegui parar de chorar, por mais que ainda estivesse soluçando um pouco.

Assim que ouvi a chave girar na fechadura da porta, marquei a página em que estava e coloquei o livro em cima da mesa de centro. Corri para a entrada, e assim que meu namorado apareceu, eu pulei em seu colo e enfiei meu rosto em seu pescoço, sem me importar muito pela sacola de compras ter caído da sua mão naquele momento.

Ele apenas deu uma risadinha que fez meu corpo tremer, e chutou a porta para fechá-la, antes de me carregar até o sofá e se sentar comigo ainda em seu colo.

— Me conta, que livro ruim é esse que te fez chorar tanto? — perguntou com a voz dengosa, fazendo carinho em meus cabelos.

— Não é ruim, só é triste. — respondi com a voz abafada, por ainda está com o rosto escondido em seu pescoço cheiroso, mesmo ele estando um pouco suado pelo treino, ainda assim estava cheiroso.

— Nunca te vi ficar assim por causa de livro, meu amor. — ele continuava a fazer um carinho em meus cabelos — Aquele dia... er... — pigarreou alguma vezes — Você tomou pílula?

Levantei a cabeça do seu pescoço, e me afastei dele o suficiente para olhar em seus olhos. Mesmo que eu tenha notado um leve tom de insegurança em sua voz, seus olhos estavam afetuosos e brilhavam, e ele mantinha um sorriso bobo nos lábios carnudos. A noite que reatamos voltou na minha cabeça, e me lembrei que transamos sem preservativo, e que ele gozou dentro.

— Eu... não... — neguei e ele sorriu mais — Eu só estou com alguns dias de atraso, você acha...? — minhas mãos pararam instintivamente em minha barriga e logo ele colocou suas mãos grandes sobre a minha.

— Quando você me ligou chorando, pensei que pudesse ser TPM, trouxe um monte de chocolate e outras coisas gostosas que você gosta. — contou, apontando para o pacote caído no chão logo na entrada — Mas é possível... certo?

— Acho que sim. — senti o sorriso crescer em meu rosto, só de imaginar que eu já poderia estar grávida de um filho dele — Será que o Theo já está aqui? — perguntei distraída e ele me olhou surpreso, mas sem deixar de sorrir.

— Nosso filho vai se chamar Theo?

— Eu amo esse nome desde que eu era criança, e sempre pensei em nomear meu filho de Theo.

— E se for uma menina? — era engraçado que nenhum de nós dois estivessem desesperados com a possibilidade, e sim imaginando o sexo e falando sobre nomes, mesmo ainda sem saber se eu estava realmente grávida, mesmo ainda sendo jovens demais.

— Acho que teremos um menino primeiro, mas se for menina, podemos escolher algum outro nome juntos.

Ele sorriu antes de me puxar pela nuca e grudar nossos lábios, seu beijo intenso e apaixonado, fez as borboletas no meu estômago se agitarem, e uma corrente de energia percorrer todo o meu corpo.

— Quer que eu compre um teste? — perguntou ainda com os lábios quase colados aos meus e eu senti minha barriga gelar.

— Podemos esperar mais alguns dias? — sugeri e ele me olhou confuso — Posso estar apenas atrasada mesmo, e não quero que a gente crie expectativas. — me expliquei e ele sorriu antes de concordar comigo — Agora eu posso comer as coisas gostosas? — olhei para o pacote caído na entrada e sorri travessa, torcendo para que eu não tivesse quebrado nada que estivesse lá dentro.

— Pode. — Rodolffo me tirou delicadamente de cima de seu colo e pegou a sacola do chão.

Enquanto eu abria o pacote animada, olhando o conteúdo e já abrindo uma barra de chocolates, ele se inclinou um pouco e depositou um beijo na minha barriga, antes de depositar um em meus lábios sujos de chocolate. Ele lambeu os próprios depois de me beijar e sorriu, fazendo um carinho na minha bochecha.

— Vou tomar banho, já volto.

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