ANTES
Fui colocado na sala de interrogatório, mas ninguém falava comigo, estava lá a não sei quanto tempo e não tinha noção do que acontecia lá fora. Minha mão direita está doendo como o inferno, e nem atendimento eles me ofereceram, apenas colocaram um café horrível em cima da mesa para mim e me deixaram sozinho.
Eu sabia que eles me observavam por de trás dos vidros, e eu já estava começando a ficar incomodado com isso. Acho que era a hora de exigir um dos meus direitos.
— Quero fazer a minha ligação agora. — pedi alto e não demorou muito para que um policial aparecesse e soltasse as algemas do meu pulso, que estava presa a mesa, e me conduzisse para outra sala.
Suspirei antes de ligar para o meu pai, e fiquei esperando até que ele me atendesse.
— Alô?
— Pai, preciso de ajuda.
— Rodolffo? O que houve? — ouvi a preocupação em sua voz e respirei fundo antes de responder.
— Estou preso, preciso de um advogado.
— Por que?
— Eu bati em um cara.
— Rodolffo, você não é mais um adolescente pra ficar brigando na rua, achei que isso tinha acabado...
— Ele tentou agarrar a Juli a força — interrompi o sermão que eu sabia que viria do meu pai, e eu não tinha tempo de ouvir agora — Quando dei por mim já estava em cima dele. — contei e ouvi meu James suspirar pesadamente do outro lado.
— Como está a minha nora?
— Espero que bem, não sei de muitas coisas preso aqui, por isso que preciso de um advogado.
— O cara está vivo?
— Estava quando os paramédicos o levaram.
— Vou ligar pro advogado, e mantenha a porra da boca fechada até ele chegar aí. — meu pai gritou do outro lado da linha, enquanto o policial ao meu lado tocava o punho, fazendo sinal que meu tempo havia acabado.
— Isso não será um problema. — afirmei, antes de desligar o telefone e voltar a ser conduzido para a sala de interrogatório novamente.
O policial voltou a algemar uma das minhas mãos à mesa, e saiu da sala em seguida, me deixando novamente sozinho.
A falta de notícias me deixava cada minuto mais ansioso, nenhum policial entrava para me interrogar, ou para me direcionar a cela, ou até mesmo ao presídio. Sentia as horas passarem, estava ali há muito tempo e me sentia cansado, minha mão estava latejando de dor e não me oferecerem nem mesmo um analgésico.
Eu sabia que eu devia estar bem encrencado, mas não conseguia nem mesmo me importar com isso.
Meus olhos estavam pesados, e eu resolvi apoiar meus braços na mesa e deitar minha cabeça sobre elas para descansar meus olhos. Não sei quanto tempo passou desde então, até que a porta se abrisse e um homem de terno e gravata entrasse na sala.
— Senhor Rios, sou seu advogado, Robert Lewis. — se apresentou, já se sentando na cadeira a minha frente.
Levantei meu corpo e espreguicei, coçando meus olhos e ajeitando meus cabelos em seguida.
— Desculpe ter demorado tanto, mas precisei me inteirar completamente sobre o caso antes de vir aqui e te inteirar de tudo. — explicou e eu assenti.
— Nem sei quanto tempo faz que eu estou aqui.
— Mais de vinte e quatro horas. — ele informou — Nesse meio tempo muitas coisas aconteceram.
Suspirei e cocei a cabeça, aguardando o restante das informações.
— Sua namorada registrou um boletim de ocorrência de assédio e tentativa de estupro contra o senhor Montgomery, nessa denúncia ela contou sobre um vídeo que ele fez sem o consentimento dela quando ainda estavam na faculdade, o senhor tem conhecimento sobre esses fatos?
— Sim, ainda tenho o vídeo que comprova o que ela está dizendo. — admiti, sabendo que ela ficaria furiosa quando descobrisse que escondi isso dela, mas não poderia esconder provas, não agora.
— Certo. — ele retirou alguns papéis da maleta, antes de voltar a olhar para mim — Preciso que convença ela a retirar a queixa, e depois destrua esse vídeo.
— Como é? — perguntei surpreso e com os olhos arregalados.
— Sei que ela fez isso com a intenção de te ajudar, e de certa forma foi crucial para conseguirmos um acordo. — ele começou — O senhor Montgomery teve uma fratura no maxilar, e precisou passar por uma cirurgia, ele já acordou e concordou em retirar as queixas contra você, se a Juliette também retirar as queixas de assédio e tentativa de estupro.
— Eu não vou pedir isso à ela.
— Pense bem, caso as denúncias sejam retiradas, nada afetará você. Não vai ter ficha criminal e nem vai perder a sua vaga nos 49ers e ainda vamos conseguir abafar as notícias da impressa. Os Seagulls, time que o senhor Montgomery joga atualmente, teve recentemente um caso de violência doméstica contra um dos seus jogadores, e eles querem evitar outra mídia negativa no momento.
— Não vou pedir pra ela retirar as queixas. — voltei a afirmar — Yuri é um nojento e merece pagar pelo que ele fez.
— Não discordo do senhor, mas seu pai me pediu para que eu fizesse de tudo para ajudá-lo, sua namorada está desesperada para te tirar daqui, e esse acordo seria a melhor opção no momento, foi por pouco que ele sobreviveu.
— Pouco me importo com o Yuri, ele mereceu cada soco e eu deveria ter batido mais por tudo o que ele já fez. — meu advogado olhou para os lados e fez sinal para que eu não continuasse falando essas coisas, eu sabia que estava sendo gravado, e eu pouco me importo, era o sentimento que eu tenho mesmo — Não posso pedir isso a ela, se essa é a única forma de me ajudar, então estou disposto a pagar pela minha pena.
— Seu pai me disse que é mesmo teimoso.
— Parece que ele tem razão.
— Vou informar aos advogados do Yuri que o senhor recusou o acordo, deve começar a ser interrogado daqui para frente, tente não falar nada até eu voltar.
— Se não for pedir muito, poderiam mandar algum analgésico? Minha mão está doendo pra caralho.
— Vou ver o que posso fazer. — disse, antes de se retirar da sala.
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Depois da Aposta
FanfictionNova cidade, nova vida! Em San Francisco, Rodolffo se prepara para ingressar nos 49ers, enquanto Juliette inicia seu trabalho na White Castle Publishing. Tudo na vida deles ia bem, cada dia mais apaixonados um pelo outro e não poderiam estar mais fe...