Ele vem da cozinha com uma bolsa de gelo e parece muito preocupado, se ajoelha na minha frente, segura a minha mão que está enfaixada e coloca a bolsa por cima.
- Tem certeza que não quer ir para um hospital? Está muito inchado.
- Está tudo bem, logo desincha.
Ele olha para a minha mão e para mim, eu toco o seu rosto com a minha mão boa.
- Não se preocupe, não é a primeira vez que isso acontece.
- Me conta o que aconteceu, quando eu saí você estava bem.
Eu não quero falar sobre isso, mas ele precisa saber.
- Tiraram uma foto sua aqui comigo, está na internet, tem notícias, comentários, ameaças... Enfim, pode virar um problema para você.
- Você estava daquele jeito por minha causa? Não precisa se preocupar comigo.
- Você não sabe como os fãs são, a maioria são realmente fãs por causa dos jogos, mas alguns são apenas fanáticos que acham que somos um objeto que os pertencem.
- Então é bom eles saberem que na verdade você me pertence.
- Eu não estou brincando Ohm.
- Ok. O que eles podem fazer? Me atacar pela internet ? Eu nem ligo para essas coisas.
- Não é apenas isso, eles podem descobrir que você mora aqui ou até onde você trabalha...
- Você está preocupado que descubram sobre o meu trabalho?
- Não, não é isso, é que eles podem ir até lá.
- Eles fariam isso?
- Talvez sim.
- Se eles forem temos seguranças lá, então não precisa ficar nervoso por isso, é seguro lá e eu sei me defender.
Ele olha para minha mão, tira a bolsa de gelo e beija.
- Isso acontece com frequência?
- Não, não há muito tempo.
- Se você aumentar a medicação não ajuda?
- Eu tomo uma dose controlada, se aumentar eu fico lento e perco os meus reflexos, não conseguiria jogar.
- Tem alguma coisa que possamos fazer para tentar evitar isso?
- Eu faço o que eu posso, não saindo, evitando pessoas e coisas que possam me deixar nervoso...
- O problema sou eu, não sou? Sem mim você não estaria assim...
- Não é assim, isso é só como eu sou.
Ele deita no meu colo ainda de joelhos na minha frente, eu olho para o computador e beijo a sua cabeça.
- Me desculpe, mas eu tenho que jogar.
- Com a mão assim?
- Eu inverto as mãos para jogar, vai ser mais lento, mas dá pra fazer.
- Você não pode, sei lá , tirar um dia de folga ou algo assim?
- Infelizmente não. Levanta, por favor.
Eu seguro a sua mão e ajudo ele a se levantar e sentar no meu colo, abraço ele e encosto a cabeça no seu peito.
- Eu vou ficar bem, até você voltar do trabalho já vai estar bem melhor.
- Não é melhor eu ficar?
- Eu adoraria que você não fosse para lugar nenhum, mas você já falou que precisa trabalhar, então você vai.
- Tem certeza?
- Não faça eu pedir para você fazer algo que eu não quero que você faça de novo.
Ele segura o meu rosto, levanta para olhar para ele e me beija.
- Vamos fazer assim, primeiro eu faço algo para você comer, enquanto isso você joga, se depois de comer eu ver que está tudo bem eu vou, ok.
Eu olho para ele, mas não quero discutir, então apenas concordo, ele me beija mais uma vez e vai para a cozinha.
Eu troco o mouse de lugar abro o jogo que o Ohm só fechou porque ele não sabia como mexer, troco as teclas de comando e me logo.
- Triple!
- TN!
- Nanon?
Todos ficam em silêncio, então o Doutor fala.
- E aí cara como você está?
- Sinto muito pessoal, vou ter que ficar apenas de suporte hoje.
- Foi a mão de novo?
- Foi, mas está tudo bem, logo ela está normal.
Ninguém fala mais nada e ficamos jogando em silêncio.
O Ohm termina de fazer comida, me dá um prato e eu como na frente do computador mesmo, já perdi muito tempo hoje com toda essa loucura, ele fica sentado no fica sentado no sofá me observando, pega o meu prato e leva para a cozinha, então volta para o sofá e fica até dar o horário de ir trabalhar em silêncio. Ouço ele suspirando e me viro, ele se aproxima, segura o meu rosto e me beija.
- Tem certeza que vai ficar bem.
- Tenho, pode ir.
Ele olha para o computador e para mim.
- Eles estão ouvindo?
- Estão, vou deixar mudo.
- Não, espera...
Ele segura a minha mão, puxa até ele e beija.
- Boa tarde!
Eles ficam em silêncio um momento então respondem.
- Boa tarde!
- Vocês podem por favor anotar o meu telefone e me ligar se algo acontecer?
Todos ficam em silêncio mais uma vez, dessa vez sei que por minha causa.
- Tudo bem pessoal, podem fazer isso.
O Ohm passa o número dele e depois vai muito relutante para o apartamento dele se trocar. Quando está pronto volta, eu me escondo nos arbustos, deixo mudo e olho para ele.
- Eu estou indo, vou deixar o seu celular em algum lugar no caminho para arrumar.
- Tudo bem.
Ele toca o meu rosto e me olha sério.
- Eu te amo!
Eu não respondo, mas por algum motivo ele sorri e me beija.
- Eu tenho que ir...
- Eu sei, vai lá, eu vou ficar bem.
Ele me dá mais um beijo, suspira e se afasta. Vejo ele indo até a porta, quando ela se fecha eu volto a jogar. Fico esperando para ouvir o seu carro saindo, uma porta bate e então nada, depois de dois minutos eu sei que tem coisa errada, me escondo novamente e vou até a janela,
- Merda!
Saio correndo, esqueço minha mão machucada e tento abrir a porta com ela, dói muito, mas não tenho tempo para isso, abro a porta com a outra mão e desço as escadas correndo, vou até ele e fico na sua frente.
- Fica longe dele!
Eu o empurro o velho e ele da um passo para trás. Quando dou um passo na sua direção o Ohm segura o meu braço, eu olho para a sua mão e sinto o meu corpo tremendo, fecho os olhos e tento me controlar, não posso machucar ele, não ele. Abro os olhos e seguro a sua mão e afasto , então olho para a frente.
Ele olha para a minha mão machucada, para o Ohm e então para mim.
- Mais uma vez eu estou tendo que limpar as suas bagunças garoto. Como esse aí ainda está inteiro me conta quem eu tenho que pagar para calar a boca dessa vez?
- Vai embora velho, ninguém te chamou aqui.
Ele olha para o Ohm.
- Eu te avisei rapaz, era disso que eu estava falando, agora você sabe que é melhor ficar longe dele, é melhor aceitar o dinheiro que te ofereci.
- Avisou senhor, mas como eu disse antes isso é problema meu e eu não quero o seu dinheiro.
Olho para o Ohm, quando eles conversaram? Eu devia saber que o velho ia fazer isso. Olho para frente e ele parece irritado.
- Vai embora, pai!
Ele me olha e se vira, o motorista abre a porta do carro, mas ele não entra, se vira para nós de novo e arruma a gravata.
- O problema na internet já foi resolvido, nós apagamos tudo sobre você. Estamos tentando achar a fonte, mas ainda não temos nada. Tem certeza que não preciso falar com ninguém?
Ele aponta para a minha mão e eu nego, então ele entra no carro e sai.
O Ohm me abraça e cheira o meu pescoço.
- Você está bem?
- Quando vocês conversaram?
Ele suspira e me cheira mais uma vez.
- Podemos conversar sobre isso quando eu voltar? Eu estou atrasado e a minha irmã já está com cara de que vai matar alguem.
Eu me viro e beijo ele.
- Tudo bem, vai trabalhar, eu espero.
- Você vai me esperar?
Ele me olha e sorri, eu reviro os olhos e sorrio.
- Como se eu fosse para outro lugar de qualquer forma.
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Vizinho
FanfictionNanon um jovem gamer profissional, solitário e anti social, vive apenas focado na sua profissão. Um dia ele vê a sua vida sendo abalada com a chegada do seu novo vizinho.