Chegamos na empresa, o Ohm para o carro e eu tiro o cinto de segurança.
- Tem certeza que não quer que eu entre com você?
- Tenho, acho que vai ser difícil para o velho conversar sobre isso, é melhor eu falar com ele sozinho. Vai trabalhar, o Jin vem me buscar depois.
Ele suspira e concorda, eu me aproximo e beijo ele.
- Tenha um ótimo dia!
Ele fecha os olhos e encosta a testa na minha.
- E se você ficar nervoso?
- Eu não vou, não se preocupe.
Ele me beija mais uma vez.
- Me manda mensagem contando como foi?
- Eu mando.
Eu me afasto e abro a porta, saio e olho pela janela.
- Ohm, eu te amo!
Ele sorri, mas dá para perceber que ele está muito preocupado.
- Fala de novo?
- Eu te amo!
- Eu também te amo!
Eu entro e vou direto para os elevadores, quando chego na sala do velho respiro fundo e bato na porta, o secretário abre ela e me olha surpreso.
- O meu pai está, Sam?
Ele olha para dentro e pra mim.
- Entre.
Eu entro e olho para o velho.
- Nós podemos conversar?
- Bom dia para você também, filho.
Eu aceno, ele faz um sinal para o secretário que sai fechando a porta. O meu pai aponta para a cadeira na frente da sua mesa e eu me sento.
- Aconteceu alguma coisa?
- Eu fiquei sabendo, velho, sobre a sua doença.
Ele me olha surpreso.
- Foi a sua mãe?
- Não.
Eu olho para ele pensando no que dizer, nós nunca fomos bons em manter diálogos longos.
- O que os médicos disseram?
- Está na fase inicial, na verdade descobrimos por acidente, eu estava fazendo um check-up e apareceu em um dos exames. Por enquanto quase não tenho sintomas, com o tratamento adequado pode levar anos para evoluir.
- Anos?
- Até 20 anos dependendo do caso, na minha idade os médicos acreditam que um pouco menos, mas ainda assim serão anos.
- Você está bem?
- Estou, garoto.
- A mãe está preocupada.
- Ela disse isso?
- Não, mas ela estava estranha no casamento.
Ele acena.
- Acho que ela só tem medo de ficar sozinha.
- Ela ama você, nunca entendi porque, mas ela ama.
Ele sorri.
- Vou tentar não me ofender com isso.
Nós ficamos em silêncio, então ele suspira.
- Então é isso, garoto, não é nada para se preocupar , pode continuar seguindo com a sua vida. Você disse um ano, certo? Para vir trabalhar na empresa.
Eu penso sobre isso.
- Eu vou tentar em seis meses, é tempo suficiente para eu deixar a equipe sem me preocupar e também para me adaptar a faculdade, as mudanças de rotina são sempre mais difíceis, então vou fazer uma coisa por vez.
- O garoto mal ed... O seu marido vai vir também?
- Isso importa?
- Sim, eu prefiro que ele esteja por perto cuidando de você.
- Está com medo que eu destrua a empresa?
- Estou preocupado com você, esse trabalho é estressante demais.
Eu suspiro e aceno.
- Ele vem comigo.
- Ótimo. Agora vai cuidar da sua vida e não se preocupe com esse velho.
Eu concordo e me levanto.
- Velho, se você não estiver bem me avisa, você não pode deixar a mãe passar por isso sozinha, você sabe como ela é, isso vai acabar com ela.
- Você vai ser o primeiro a saber.
- Precisa de alguma ajuda com o tratamento?
- Não preciso.
- Ok, eu vou indo então.
Eu vou até a porta e abro ela.
- Nanon?
Eu viro e olho para ele.
- Eu realmente estou feliz por você filho, você está indo muito bem, eu estou orgulhoso.
Eu tento sorrir, aceno e saio.
Entro no carro e o Jin olha para mim.
- Está tudo bem, filho?
- Está, eu acho que ele vai ficar bem por enquanto.
- Eu vou ficar de olho nele pra você.
- Obrigado, Jin.
- Você vai conversar com a sua mãe?
- Por enquanto não, ela não queria que eu soubesse, então eu vou dar um tempo pra ela.
Ele acena concordando, eu mando mensagem para o Ohm e vou para a casa.
Assisto o jogo da equipe até o Ohm chegar, faço uma pausa para receber ele como sempre, ele deita no sofá, coloca a mão na minha perna e fica olhando eu jogar, quando da seis horas eu desconecto e pergunto sobre o seu dia, ele me conta, mas pela primeira vez ele não está animado, está preocupado, quando termina toca no meu rosto e me beija.
- Me conta sobre o seu pai.
- Ele está bem, disse que a doença está em estágio inicial e leva anos para evoluir, então não é nada para se preocupar por enquanto.
- Você está bem?
Eu sorrio, claro que ele se preocuparia comigo acima de tudo. Eu seguro o seu rosto e o beijo, ele puxa a minha mão, eu sento no seu colo e o beijo mais uma vez, quando ele se afasta, tira o cabelo que dos meus olhos e arruma os meus óculos, toca o meu rosto e olha nos meus olhos.
- Eu te amo!
Eu passo a mão no seu rosto também, me aproximo e beijo ele mais uma vez.
- Fala de novo?
Ele sorri e repete.
- Eu te amo!
- Eu também te amo!
Ele me abraça, encosta a cabeça no meu peito e eu descanso a minha cabeça na sua, ficamos assim por vários minutos, apenas aproveitando esse momento.
Depois de um tempo eu beijo a sua cabeça e me afasto um pouco para poder ver o seu rosto.
- Tem uma coisa... Eu falei para ele que tentaria trabalhar na empresa em seis meses.
- Tudo bem, nós podemos fazer.
- Você não precisa fazer isso, eu posso dar outro jeito, alterar os medicamentos, pedir pra Lew trabalhar comigo. Qualquer jeito, você pode continuar no bar.
- Não, eu vou estar ao seu lado, sempre.
- Mas...
- Sempre, Nanon. Você vai me escolher mil vezes e eu vou te escolher mil vezes também. Vamos fazer isso, escolher um ao outro para sempre.
Eu suspiro e concordo.
- Para sempre.
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Vizinho
FanfictionNanon um jovem gamer profissional, solitário e anti social, vive apenas focado na sua profissão. Um dia ele vê a sua vida sendo abalada com a chegada do seu novo vizinho.