Capítulo 66

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O sinal toca, nos levantamos e os amigos do Ohm estão nos esperando na porta, eles começaram a fazer isso há alguns dias, porque se sentem culpados pela confusão que as fotos deles causaram, então eles nos acompanham para todos os lados e não deixam as pessoas se aproximarem, é bom e irritante ao mesmo tempo.
Nós vamos para o refeitório, pegamos os lanches e sentamos, o Ohm conversa com eles sobre uma partida de futebol europeu que fez eu assistir com ele ontem e eu presto atenção nele, enquanto tento bloquear os outros, ele vai comendo batatas fritas e dando na minha boca enquanto fala.
Ele começa a comentar sobre um impedimento que ele não concordou e eu resolvo ir ao banheiro, ele levanta comigo, mas eu falo pra ele ficar, o banheiro fica no refeitório mesmo. Ele me olha preocupado, eu beijo a sua cabeça e saio.
Entro no banheiro e dois alunos me olham surpresos e sorriem, cumprimentam, eu aceno para eles e vou para uma cabine, uma coisa que eu aprendi do pior jeito é que as pessoas não têm limites, então não uso mais os mictórios.
Saio da cabine e começo a lavar as mãos, a porta do banheiro abre e quatro alunos entram, dois deles são aqueles membros da gangue. Eu tento ignorar eles e pego papel para limpar as mãos, quando me viro eles ainda estão parados me olhando.
- E aí Cachorro Louco.
Eu começo a andar, mas eles se espalham e começam a me rodear.
- Então Cachorro Louco, os caras acham que é mentira a história que eu contei sobre a luta.
Ele suspira mexendo o ombro de forma exagerada.
- Eu sinto muito, mas eu vou ter que mostrar pra eles.
- Você não vai querer fazer isso.
- Eu? Eu não sou louco. Eles são.
Eu olho em volta e eles se aproximam, sinto o meu corpo começando a tremer e olho para ele.
- Avisa para o seu chefe que nós vamos cobrar essa dívida.
Ele me olha surpreso e os outros me atacam, quando percebo estou preso em uma cabine com o Ohm me abraçando.
- Isso, se acalma, se concentra na minha respiração.
Eu levo muito mais tempo para conseguir me controlar do que o normal, quando paro de tremer ele se afasta e segura o meu rosto, ele está tremendo.
- Você está bem?
Eu olho para a minha mão que está doendo e ela está cheia de sangue, assim como a minha roupa.
- Como eles estão?
Ele segura a minha mão e abre a porta, e saímos. Eles estão deitados no chão se contorcendo, mas fora os narizes e bocas sangrando, caras inchadas e alguns hematomas que já começaram a aparecer, eles parecem bem, eu olho para a porta e os amigos do Ohm estão parados e caído no chão está o cara da gangue, ele está desmaiado.
- Ele...
- Não se preocupe, isso fui eu, ele tentou fugir quando eu entrei.
Alguém tenta abrir a porta e não consegue.
- Nós temos que pedir ajuda.
O Ohm pega o telefone e faz uma ligação.
- Oi Sam, desculpa incomodar, mas eu estou com uma situação aqui. É aquele tipo de situação. Você falou que podia me ajudar se acontecesse. Tudo bem, obrigado.
Ele desliga e eu olho surpreso.
- Porque você ligou para o secretário do meu pai?
- Ele me disse sabe que você não gosta de pedir ajuda para o seu pai, mas normalmente é ele quem resolve esses problemas, então se eu precisasse de ajuda era pra eu ligar pra ele ao invés do seu pai.
Isso realmente me surpreende. Eu olho em volta e vejo o outro cara que também e membro da gangue, me abaixo, seguro o seu cabelo e levanto a sua cabeça.
- Não esquece de contar para o seu chefe o que aconteceu aqui e avisa que o Jin está indo até ele.
Ele acena e eu solto a cabeça dele. O Ohm olha para os amigos e aponta para a porta.
- Vocês podem ir, nós cuidamos de tudo aqui.
- Tá brincando? Nós vamos ficar.
Ele acena e segura a minha mão, me puxa até a pia e começa a lavar, me leva até uma cabine e tira a minha camiseta, tira a dele e da para mim.
- Você não vai andar por aí assim.
Ele olha para o próprio peito e suspira e fala alto.
- Pond?
- Fala.
Me dá a sua camisa.
Não demora muito passam por cima da cabine uma camisa estampada que o Pond estava usando por cima da camiseta. Ele veste e abotoa e eu visto a camiseta dele, voltamos para a pia, ele pega alguns papéis molha e começa a limpar sangue que respingou pelo meu corpo. O telefone dele toca e ele atende.
- Oi? Estamos no banheiro do refeitório.
Ele olha em volta.
- O Nanon bateu em três, eles ainda estão caídos, mas estão acordados, não acho que seja grave, tem um desmaiado, mas eu que dei um mata leão nele, não é sério também, foi controlado.
Ele escuta e acena.
- Tudo bem. Sam, se conseguir traga roupas, nós demos um jeito nas camisas, mas a calça do Nanon está manchada. Ok, obrigado.
Ele olha pra mim e passa o papel no meu rosto.
- Ele chega em cinco minutos. Como você está?
- Eu estou bem.
- O que aconteceu?
- Aquele idiota com a história do cachorro louco de novo.
- É por isso que te chamam de cachorro louco?
Eu olho para o Joong e aceno.
- Cara, ainda bem que o Ohm te segurou quando nós brigamos.
Eu não falo nada, só volto a prestar atenção no Ohm que está limpando o meu pescoço.
Batem na porta e o Ohm vai até ela, abre um pouco e olha para fora, então abre para deixar o Sam e outros dois entrarem, o Sam da uma sacola para ele.
- Vocês podem se trocar e voltar para a aula, eu cuido de tudo aqui.
- Valeu, Sam.
Ele bate no braço do Ohm e olha pra mim.
- Você está bem?
- Estou.
Ele acena e começa a andar pelo banheiro, o Ohm segura a minha mão e me leva para a cabine mais uma vez, tira a camiseta dele que eu estou vestindo e sai, volta com ela molhada e termina de me limpar, vestimos calças de moletons e camisetas que o Sam trouxe, ele coloca a nossa roupa em uma sacola, sai com a camisa do Pond na mão e entrega pra ele.
- Valeu.
O Pond veste a camisa e o Ohm abre a porta.
- Obrigado por ajudarem aqui, vamos para a aula.
Nós entramos em silêncio e nos sentamos, o Ohm segura a minha mão, beija e fica olhando preocupado para ela, eu me aproximo e digo.
- Você tinha que ver o outro cara.
Ele dá risada alta, pede desculpas para o professor e olha pra mim sorrindo.
- Quem diria que o meu marido tem senso de humor.
Ele beija a minha mão mais uma vez.
- Porque você foi no banheiro?
- Um aluno entrou e viu o que estava acontecendo e foi me chamar, eu já estava indo atrás de você para ver porque você estava demorando quando ele nos encontrou.
- Entendi.
Ele beija a minha mão mais uma vez e passa o dedo em cima da parte que está inchando, eu puxo a sua mão para mim e beijo.
- Eu estou bem, marido.
Ele fecha os olhos e sorri, então eu me aproximo e digo.
- Eu te amo!
- Fala de novo?
- Eu te amo!

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