Capítulo 35

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A campainha toca e o Ohm aparece na porta do quarto.
- Você está pronto?
- Estou.
Eu acompanho ele e a Lew está nos esperando.
- Os outros já estão a caminho, Nanon.
- Ok, vamos.
Chegamos no restaurante que a Lew escolheu, ela disse que era um restaurante japonês, então podemos ter uma sala reservada, eu aprecio muito o cuidado que ela sempre teve para evitar coisas que possam me afetar, sempre me surpreende como ela é boa nesse trabalho.
Vamos para sala e o Jimmy, Mark, Neo e Drake já estão sentados no chão em volta da mesa, nos sentamos também e o garçom entra. Eu falo para todos pedirem o que quiserem que eu vou pagar, eles se animam e pedem um pouco de tudo.
Enquanto esperamos eles conversam e eu fico ouvindo.
- Você está bem?
Eu olho para o Ohm, sorrio e aceno, ele está mais preocupado do que o normal esses dias, porque eu comecei com o novo tratamento, as vezes os remédios me deixam um pouco pra baixo, não exatamente lento, apenas mais introspecto do que o normal. Ele sorri também e segura a minha mão.
Começam a servir e vamos comendo, quero falar com eles, mas não quero acabar com o almoço, então decido falar só no fim.
O Ohm vai me servindo o tempo todo, as vezes ele pega algo diferente e coloca em algum molho específico e me dá, ele conhece bastante dessa culinária, como eu nunca fui de sair, não sou de comer coisas diferentes, então estou gostando disso, de sair do básico da comida japonesa.
Quando todos já comeram e estão apenas beliscando uma coisa aqui e outra ali sei que é hora de começar.
- Bom pessoal, eu chamei todos aqui hoje porque tenho que contar algo para vocês.
Eles param de falar, me olham e o Ohm segura a minha mão.
- Eu decidi me aposentar.
Todos começam a falar ao mesmo tempo, a minha mão treme um pouco, mas nada para se preocupar, os remédios estão me ajudando a ter um controle melhor.
- Porque agora, Nanon?
Todos ficam em silêncio quando o Jimmy faz essa pergunta.
- A minha mão, ele tem formigado e amortecido com muita frequência .
- O túnel do carpo?
Eu olho para o Neo e aceno.
- Que merda!
- É sim.
O Jimmy me olha preocupado.
- Cara, eu sei que isso é uma droga e que não tem o que fazer, sinto muito, mas eu tenho que perguntar, como vai ficar o time? A empresa do seu pai vai continuar com a gente?
- Claro, porque não?
- Eu achei que era algo que o seu pai aceitou por sua causa.
- Isso não importa agora, vocês têm um contrato, vários patrocinadores e trazem muito lucro para a empresa, há muito tempo o time deixou de ser algo meu e virou algo nosso.
- Então nós vamos continuar?
- Vão sim, a Lew e eu já conversamos com o departamento responsável, eu vou continuar com a equipe como treinador, fizemos um contrato de dois anos. Eu vou selecionar alguns possíveis substitutos, filtrar até chegar em dois ou três, então vou marcar para cada um deles jogar com vocês, assim vamos também poder avaliar a dinâmica em grupo. Só depois nós cinco vamos escolher quem vai ficar no meu lugar.
- E não dá pra você fazer uma fisioterapia, cirurgia ou algo assim?
- É uma opção Drake, mas é uma solução temporária, com o tempo o problema vai voltar e vocês sabem que esse não é o meu único problema, pra poder jogar eu nunca consegui fazer um tratamento adequado para o meu transtorno, porque os medicamentos são fortes.
Eu olho para o Ohm e ele sorri.
- Eu estou iniciando uma nova fase na minha vida e tenho que fazer escolhas difíceis, eu resolvi voltar a estudar, pra isso eu preciso ter controle, infelizmente eu não posso ter tudo, não posso jogar e me medicar, assim como não posso voltar a estudar sem o tratamento adequado, então eu escolhi parar.
Todos ficam em silêncio e da pra ver que não estão felizes com a situação.
- Não se preocupem, nós vamos encontrar alguém realmente bom para ficar no meu lugar, vocês nem vão sentir falta das minhas loucuras.
O Mark me olha e da risada.
- Não sei não, quantas vezes vamos ter a oportunidade de ouvir alguém gozando durante um jogo?
- Cala a boca, Talarico!
Todos dão risada e eu vejo que o Ohm ficou com vergonha, então eu puxo a sua mão que ainda segura a minha e beijo.
Nós continuamos conversando sobre os possíveis substitutos, apesar de não gostarem disso, eles aceitaram até que bem, fazemos uma lista grande, alguns eu já tinha avaliado, outros eu vou ter que analisar. No fim eles já estão começando a ficar empolgados com a possibilidade de um novo membro.
- Porque vocês não escolheram nenhuma garota?
Nós olhamos para a Lew que está seria.
- Não existem muitas que são realmente profissionais e que jogam na mesma posição que eu Lew, não é tão simples.
- Eu só acho que o fato de vocês nem pensarem em avaliar pelo menos uma, me diz muito sobre vocês.
- Lew, você sabe que não é assim.
- No fim vocês são só mais um grupo misógino.
Ela levanta irritada e sai, o Mark me olha e eu faço um sinal , ele acena e vai atrás dela. Os outros olham surpresos pela reação dela e curiosos por eu ter pedido para o Mark ir até ela, mas eu não explico, isso é coisa deles, enquanto não afetar a equipe não é um problema pra mim.
- Ela tem razão gente, seria interessante nós pelo menos tentarmos encontrar garotas para avaliar, sabemos que muitas jogam muito melhor do que vários desses que nós selecionamos, então dêem uma olhada e me passem as suas sugestões, eu vou avaliar nas próximas duas semanas, aproveitem esse período para descansar.
Depois que a Lew saiu ficou um clima estranho, então resolvemos encerrar e ir embora. Procuramos ela e o Mark, mas não encontramos em lugar nenhum, então mandamos uma mensagem para eles e vamos embora.
Chegamos em casa, o Ohm me abraça e cheira o meu pescoço.
- Como você está?
- Eu estou bem.
Ele volta a me cheirar e não fala nada, então eu me viro e abraço ele.
- Eu estou bem mesmo, as alterações de humor são normais nessa fase de adaptação dos medicamentos, temos apenas que ser pacientes, em uma ou duas semanas estabiliza.
Ele suspira e me abraça também.
- Vai ficar tudo bem, eu prometo.
Ele acena e beija o meu pescoço, então eu começo a tirar a sua camisa de dentro da calça.
- Acho que eu vou ter que te mostrar que estou realmente bem.
Ele se afasta e sorri.
- Você vai ter que ser bem convincente.
- Convincente?
Ele concorda.
- Que tal eu começar batendo o nosso recorde de transas? Sabe que me superar é o que faço para viver.
Por um momento eu me perco no seu sorriso.
- Eu te amo!
- Fala de novo?
- Eu te amo!

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